A Coreia do Sul recomendou nesta sexta-feira o retorno dos seus 175 trabalhadores que permanecem no complexo de Kaesong, após a Coreia do Norte rejeitar uma oferta de diálogo de Seul, o que prolonga a paralisação do parque industrial conjunto.
Seul estendeu ontem a Pyongyang uma proposta de diálogo, a primeira de caráter oficial, para pôr fim à suspensão das atividades em Kaesong, projeto que permanece bloqueado desde que em 5 de abril o regime de Kim Jong-un retirou os seus trabalhadores.
"Como nossos cidadãos na zona industrial de Kaesong sofrem graves dificuldades pelas injustas ações do Norte, o governo decidiu pedir a eles que retornem para proteger sua segurança", disse o ministro da Unificação, Ryoo Kihl-jae, em entrevista coletiva .
Ryoo também solicitou ao regime de Kim Jong-un que garanta a segurança no retorno dos empregados através da fronteira e respeite a proteção das propriedades das empresas do Sul neste enclave situado no sudeste da Coreia do Norte.
O governo sul-coreano "fornecerá todo apoio necessário" para a repatriação dos trabalhadores das empresas que têm trabalhadores em Kaesong. Apesar disso, o ministro afirmou que não se sabe se as companhias irão atender o pedido e como seria o plano de retorno.
A Coreia do Sul tomou a decisão após o país vizinho rejeitar a oferta de diálogo e prolongar assim o bloqueio do parque industrial conjunto, onde os 175 trabalhadores do Sul que permanecem ali não podem receber produtos de seu país em função do fechamento da fronteira.
Seul prometeu adotar "medidas sérias" caso Pyongyang não respondesse hoje à proposta de diálogo. O regime comunista rejeitou a conversa e advertiu que "será o primeiro a tomar medidas duras se o Sul insistir em piorar a situação na cidade fronteiriça".
Agora resta saber como será realizada a evacuação dos trabalhadores sul-coreanos em Kaesong, o que a princípio deverá ocorrer sem dificuldades, já que a Coreia do Norte até agora não vem impedindo o retorno de trabalhadores ao Sul, apesar de manter fechadas novas entradas.
O regime de Kim Jong-un bloqueou as atividades do polígono ao retirar aproximadamente 54 mil empregados norte-coreanos no dia 5 de abril, no auge de sua campanha de hostilidades contra Seul e Washington e que elevou ao máximo a tensão na península coreana.
O complexo industrial de Kaesong tem 123 empresas sul-coreanas que fabricam diversos produtos aproveitando a mão-de-obra barata dos operários da Coreia do Norte, cujos salários são em média de US$ 130.
Por sua parte, o regime de Kim Jong-un obtém grandes remessas de divisas deste parque industrial, aberto em 2004 e hoje o último vestígio do período de entendimento que viveram as duas Coreias no início da década passada.
Coreia do Norte rejeita oferta de diálogo
A Coreia do Norte rejeitou a oferta de diálogo feita pelo governo de Seul para tentar solucionar o impasse que paralisou o complexo industrial conjunto de Kaesong, advertindo que poderia ser a primeira a tomar uma medida grave, segundo informações publicadas nesta sexta-feira pela agência sul-coreana Yonhap.
As atividades em Kaesong estão suspensas desde o inídio de abril, quando o regime norte-coreano retirou todos os seus 53 mil trabalhadores do local.
“Pyongyang será a primeira a tomar medidas duras se a Coreia do Sul insistir em piorar a situação na cidade de fronteira”, disse em comunicado a Comissão de Defesa Nacional norte-coreana. “O tipo de ultimato feito pelo Sul no dia anterior apenas levará a resultados ruins”, acrescenta a nota.
A resposta chega horas depois da afirmação do Ministério da Unificação sul-coreano de que não havia recebido nenhuma mensagem para sua oferta de diálogo. O Ministério havia estabelecido um prazo para a resposta e alertado para graves medidas que poderiam ser tomadas caso Pyongyang não se pronunciasse.