Rússia adverte Estados Unidos contra operação terrestre na Síria

A Rússia advertiu nesta quarta-feira os Estados Unidos contra uma operação terrestre na Síria depois que o Pentágono antecipou ontem a possibilidade de "ações diretas no terreno" contra o Estado Islâmico (EI).

"OS EUA já violam o direito internacional ao organizar de maneira ilegal uma operação aérea em território da Síria, já que não tem nem o beneplácito do Coelho de Segurança da ONU e nem o pedido das autoridades" sírias, afirmou a presidente do Senado russo, Valentina Matviyenko, aos meios de comunicação locais.

Matviyenko acrescentou que "se for algum tipo de operação terrestre, então isto será pisotear de novo e de maneira grosseira o direito internacional".

A presidente ressaltou que a Rússia leva muito a sério as declarações feitas pelo chefe do Pentágono americano, Ashton Carter, perante o Comitê de Serviços Armados do Senado.

"Isto já é inadmissível. Isto é demais", disse.

A presidente da câmara alta do parlamento russo insistiu que a Rússia "segue interessada em que os EUA se somem à operação na Síria para combater juntos ao EI".

"Esperamos que esta chamada seja escutada", acrescentou.

Carter anunciou ontem um reforço da campanha militar americana contra os jihadistas no Iraque e Síria, que se traduzirá em mais ataques aéreos e "ações diretas no terreno " na província síria de Raqqah.

"Não vamos nos conter na hora de apoiar" operações contra o EI ou de "realizar essas missões diretamente, seja com ataques desde o ar ou ações diretas no terreno", disse Carter.

Durante a audiência, o chefe do Pentágono reiterou as críticas contra a campanha militar do Kremlin na Síria e denunciou que as forças russas "estão atacando principalmente a oposição síria", o que contribui para "alimentar" a "trágica guerra civil" nesse país.

O presidente russo, Vladimir Putin, acusou na semana passada os Estados Unidos de praticarem um "duplo jogo" ao declarar a guerra ao terrorismo e utilizar os jihadistas como "aríete" para derrubar o regime de Bashar al-Assad.
 

Chefe da diplomacia egípcia participará de reunião em Viena sobre Síria

O chefe da diplomacia egípcia, Sameh Shoukry, participará na próxima sexta-feira da reunião internacional que acontecerá em Viena (Áustria) para abordar uma solução ao conflito sírio, informou nesta quarta-feira o Ministério das Relações Exteriores.

"A participação do Egito na reunião de Viena confirma a importância de ampliar essas reuniões para englobar países da região com influência na questão síria", indicou o órgão em comunicado.

Na semana passada, os chefes da diplomacia de Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita e Turquia conversaram na capital austríaca e marcaram um próximo encontro mais amplo sobre a Síria. Moscou propôs a participação do Irã nas consultas – firme aliado do regime sírio – e do Egito.

Ontem, o porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, revelou que o Irã seria convidado para essa próxima reunião internacional, apesar de até um mês atrás Washington se opor a qualquer envolvimento de Teerã na resolução do conflito sírio.

Em sua nota de hoje, o Ministério das Relações Exteriores do Egito destacou que a reunião tem "uma importância especial porque serão abordadas propostas e ideias específicas para solucionar o conflito".

O Egito insistiu, além disso, em que não há uma solução militar à crise síria e que é necessário um diálogo entre as partes em conflito com base no Comunicado de Genebra. Há três dias, Shukri e seu colega saudita, Adel al Yobeir, mostraram estar unidos em suas posturas e expressaram a necessidade de aplicar o Comunicado de Genebra, que estabelece a criação de um governo de transição, a realização de eleições e a elaboração de uma nova Constituição na Síria.

Adel al Yobeir ressaltou que o presidente sírio, Bashar al Assad, "não tem um papel" no processo de transição, uma posição que compartilhada pelo Egito.
 

Bashar al Assad denuncia a deputados franceses apoio francês a "terroristas"

O presidente da Síria, Bashar al Assad, denunciou nesta quarta-feira para uma delegação de deputados franceses que visitam Damasco o apoio da França e de outros países "ao terrorismo" na Síria.

Segundo um comunicado da presidência síria, Assad afirmou que "muitos Estados da região e ocidentais, entre eles a França, continuam até agora a apoiar o terrorismo e a proporcionar cobertura política às organizações terroristas" no território sírio e no Oriente Médio.

Nesse sentido, Assad destacou "a importância do papel das instituições francesas, com o parlamento à cabeça, para corrigir as políticas do governo atual e trabalhar pela segurança e pela estabilidade na região, o que no final servirá aos interesses do povo francês".

A agência de notícias oficial síria, "Sana", acrescentou que o chefe de Estado também falou da situação humanitária e ressaltou que a principal razão do sofrimento do povo sírio é o terrorismo, que destruiu as infraestruturas básicas.

Assad indicou que o segundo motivo é o bloqueio econômico à Síria que teve consequências negativas especialmente no setor de saúde.

Os parlamentares franceses insistiram na necessidade de adotar novas políticas em relação à guerra na Síria, já que consideraram que a atitude do Ocidente não conseguiu pôr fim à disputa, disse a "Sana".

Além disso, anteciparam que tentarão mudar essas políticas no parlamento francês.

A delegação é liderada por Jean-Frederic Poisson, presidente do Partido Cristão Democrata (PCD), que se define de centro-direita.

Ontem, Poisson afirmou durante uma reunião com o presidente do parlamento sírio, Mohammed Jihad al Laham, que não pode haver uma solução ao conflito na Síria sem Assad.

Esta não é a primeira visita de Poisson à Síria,em julho ele esteve em Damasco e também se reuniu com Assad.

Em fevereiro, quatro deputados – dois conservadores, um socialista e outro de centro – viajaram ao território sírio e se reuniram com Assad, visita da qual o governo francês se desvinculou.

 

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