Rússia acusa EUA de ‘destruir’ marco jurídico do Novo START

A Rússia acusou os Estados Unidos, nesta quarta-feira (1º), de ter “destruído o marco jurídico” do tratado Novo START, o mais recente acordo de desarmamento nuclear entre os dois países, um dia após as acusações de Washington do descumprimento russo de suas obrigações.

“Vemos que os Estados Unidos, na verdade, destruíram o marco jurídico para o controle de armas e segurança nuclear”, lamentou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em conversa com a imprensa, referindo-se a uma “triste situação”.

Segundo Peskov, a Rússia “considerava que a manutenção deste tratado era muito importante”.

O embaixador russo em Washington, Anatoli Antonov, criticou as ações por parte do governo americano que “minam o objetivo fundamental do acordo: manter o equilíbrio das armas ofensivas estratégicas das partes”.

“Washington se nega a ver as causas profundas do problema, jogando a culpa nos outros”, afirmou, em um comunicado publicado no Facebook.

A Rússia “advertiu que o controle de armas (nucleares) não pode ser isolado da realidade geopolítica. Nas atuais circunstâncias, consideramos que é injustificado, inoportuno e inapropriado convidar o Exército americano às nossas instalações estratégicas”, acrescentou Antonov.

Nas últimas semanas, a diplomacia dos Estados Unidos criticou a Rússia por ter suspendido as inspeções e cancelado as negociações previstas no âmbito desse acordo. O pacto foi assinado em 2010 e prorrogado há dois anos, até 2026.

Na terça-feira (31), um porta-voz do Departamento de Estado afirmou que “a Rússia não respeita a obrigação imposta pelo tratado Novo START de facilitar as atividades de inspeção em seu território”.

A atitude de Moscou “ameaça a viabilidade do controle de armas nucleares entre os Estados Unidos e a Rússia”, disse um porta-voz do Departamento de Estado americano.

“Para voltar ao pleno cumprimento, tudo o que a Rússia precisa fazer é permitir as atividades de inspeção em seu território, como fez durante anos sob o Novo Tratado START, e se reunir em uma sessão da Comissão Consultiva Bilateral”, afirmou.

“Não há nada que impeça que os inspetores russos viajem aos Estados Unidos e façam inspeções”, acrescentou.

Moscou anunciou, no começo de agosto do ano passado, que suspenderia as inspeções de suas instalações militares por enviados americanos sob o Novo START. Alegou que respondia a uma obstrução americana de inspeções russas – o que Washington nega.

A Rússia então adiou por tempo indeterminado os diálogos sob o Novo START, que deveriam começar em 29 de novembro no Cairo, acusando os Estados Unidos de “toxicidade e animosidade”.

As relações entre as duas potências nucleares estão em seu nível mais baixo desde o início da ofensiva militar russa na Ucrânia.

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