Primeira usina nuclear do Irã começa a funcionar oficialmente

A usina nuclear de Bushehr, a primeira do Irã, começou a gerar eletricidade nesta segunda-feira, após uma cerimônia oficial, que contou com a participação de representantes da Rússia, país responsável por sua construção, informou a rede de televisão estatal iraniana.

O diretor da Organização da Energia Atômica do Irã, Fereydun Absi, anunciou durante o ato que "a usina nuclear de Bushehr, após passar por períodos de teste e garantir o funcionamento seguro das equipes, terá um aumento de potência".

A usina alcançará nesta segunda-feira 40% de sua capacidade total, que é de 1.000 megawatts de potência. Absi garantiu que durante o atual ano iraniano – que termina em março de 2012 – o complexo de Bushehr será integrado completamente à rede elétrica nacional.

O vice-diretor da organização, Mohammad Ahmadian, explicou que a integração gradual é uma medida que visa garantir a máxima segurança. "Dada a importância das questões de segurança, especialmente após o acidente em Fukushima, no Japão, daremos os próximos passos com paciência, precisão e em estrita conformidade com os padrões."

O ministro de Energia da Rússia, Sergei Shmatko, disse que ainda não é possível precisar uma data exata para o funcionamento completo da usina. "Só depois que todos os testes forem realizados, poderemos determinar precisamente a data na qual a central poderá alcançar sua potência total", afirmou durante a cerimônia em Bushehr.

Teerã começou a construir a usina na década de 1970 com ajuda alemã, mas o projeto foi interrompido pelo triunfo da Revolução Islâmica, que em 1979 depôs o último xá da Pérsia, Mohammed Reza Pahlevi.

A construção foi retomada depois que Teerã e Moscou assinaram em 1995 um convênio sobre a usina de Bushehr, que deveria entrar em funcionamento em 1999, mas a abertura foi adiada várias vezes.

Reação internacional

Grande parte da comunidade internacional, especialmente os Estados Unidos e Israel, acusa o Irã de ocultar sob seu programa nuclear civil um segredo militar destinado à fabricação de armas atômicas, alegação negada por Teerã..

Nesta segunda-feira, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, reconheceu em Viena estar "cada vez mais preocupado" com as atividades nucleares do país e exigiu mais transparência no processo.

O responsável máximo da agência nuclear da ONU se referiu a possíveis "atividades não declaradas que incluam organizações militares" e mencionou explicitamente ações relacionadas ao desenvolvimento de uma carga nuclear para um míssil.

"Espero explicar com mais detalhes, num futuro próximo, a base da preocupação da agência, para que todos os países-membros da AIEA fiquem plenamente informados", concluiu Amano em discurso diante do conselho de governadores da instituição.

Por outro lado, Amano reconheceu que o Irã melhorou sua cooperação em alguns aspectos. Segundo o diretor-geral da AIEA, o país permitiu nas últimas semanas inspeções em várias instalações atômicas vetadas até então.

No entanto, o país produz mais urânio enriquecido e aumenta suas usinas de enriquecimento, o que vai contra as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que desde 2006 exige o fim dessas atividades como medidas de confiança.


* Com AFP e EFE

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