Nova abordagem naval na China deve ter tido aval de Pequim, diz fonte

John Ruwitch e Michael Martina

Uma nova regra que autoriza a polícia a abordar embarcações suspeitas na costa da ilha de Hainan (sul da China) foi adotada pelas autoridades regionais, mas o governo central chinês provavelmente deu seu aval, disse uma fonte oficial na quarta-feira.

A China está em uma disputa cada vez mais agressiva com seus vizinhos –incluindo Filipinas, Taiwan, Vietnã, Brunei e Malásia– pelo controle de áreas marítimas potencialmente ricas em gás e petróleo no mar do Sul da China.

As regras aprovadas na semana passada pela assembleia legislativa de Hainan foram em parte uma resposta à crescente presença de barcos pesqueiros vietnamitas nos arredores das ilhas Paracel, reivindicadas por ambos os países, segundo Wu Shicun, secretário de relações exteriores de Hainan.

O Vietnã disse na terça-feira que sua soberania está sendo gravemente violada pela China, e anunciou a intenção de instituir patrulhas civis para proteger sua atividade pesquisa. Além disso, Hanói acusou embarcações militares chinesas de cometerem sabotagem.

Wu, que também dirige o Instituto Nacional de Estudos do Mar do Sul da China, disse que o novo regulamento passou mais de um ano sendo preparado, para emendar regras em vigor desde 1999.

"Não foi (uma iniciativa de Pequim). Agências fiscalizadoras locais iniciaram isso", afirmou ele à Reuters por telefone. Mas acrescentou: "Eles definitivamente teriam reportado isso para cima. Eles definitivamente teriam solicitado opiniões para o departamento encarregado."

Mas especialistas em política externa e política chinesa dizem que os novos regulamentos de Hainan provavelmente não indicam uma postura mais dura do governo central na questão territorial.

"Não é consistente com algum tipo de nova política, de mudança de política. Não há indícios nesse sentido", disse Zhu Feng, professor da Universidade de Pequim.

Os regulamentos de Hainan aparentemente autorizam a polícia a abordar e realizar buscas em embarcações suspeitas de operarem ilegalmente naquilo que a China considera serem as águas territoriais de Hainan. O texto completo das regras, no entanto, não foi divulgado ao público.

O embaixador dos EUA em Pequim, Gary Locke, disse ter solicitado esclarecimentos sobre as medidas. "Está realmente obscuro, eu acho, para a maioria das nações", disse ele à Reuters. "Primeiro precisamos de esclarecimentos sobre a extensão, o propósito e o alcance desses regulamentos."

Hainan, uma ilha subtropical que gosta de se comparar a Havaí e Bali por causa de suas praias e hotéis, é a província responsável por administrar inúmeras ilhotas e atóis reivindicados pela China no seu mar meridional.

Segundo Wu, a nova regra não afeta os muitos navios mercantes estrangeiros que passam pela região.

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