Petrobras – Venda de petróleo à vista para a Ásia


Eric Yep


A queda acentuada dos preços do petróleo desde meados do ano passado não é o único fator que tem agitado a indústria petrolífera, mas também a forma como os preços vêm caindo.

No atual período de declínio, os preços do produto nos Estados Unidos sofreram uma queda maior que os preços do petróleo tipo Brent, a referência internacional. Isso tem tornado cada vez mais atraente para os importadores de petróleo da Ásia comprar de regiões como a América Latina, onde os preços cobrados pelos produtores se alinham com os do West Texas Intermediate, o petróleo de referência nos EUA, enquanto os fornecedores tradicionais do Oriente Médio seguem a cotação do Brent.

O navio petroleiro Maran Penelope, que transportava 140 mil toneladas de petróleo bruto originário do México, chegou na semana passada a um porto na Coreia do Sul para abastecer a refinaria GS Caltex Corp., na primeira vez em mais de 20 anos em que o México vendeu petróleo para o país asiático, dizem observadores do mercado. Em 2014, nessa mesma época do ano, o Japão comprou seu primeiro carregamento de petróleo do México em mais de três anos.

Um porta-voz da GS Caltex confirmou a entrega do petróleo mexicano e disse que a empresa “está disposta a comprar petróleo no mercado à vista enquanto houver ofertas mais baratas, seja do México ou de qualquer outro país”. Ele acrescentou que, por ora, não há previsão de outras compras de petróleo do México.

A petrolífera estatal do país, Petróleos Mexicanos, afirmou na semana passada que irá enviar cerca de 5 milhões de barris de petróleo para a Coreia do Sul nos quatro primeiros meses do ano. Cerca de 80% desse volume será vendido para a Hyundai Oilbank Co. Ltd. e o restante para a GS Caltex Singapore Pte. Ltd.

O preço do petróleo WTI vem recuando mais rapidamente que o do Brent, já que o boom das formações de xisto nos EUA está enchendo os tanques de armazenagem do país. Em menos de seis semanas, a diferença entre as duas cotações de referência subiu de zero para mais de US$ 10 por barril, em fevereiro.

Ontem, o petróleo WTI para a entrega em abril caiu 2,14%, para US$ 43,88, na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex). Ele chegou a bater em US$ 42,85 o barril durante o dia, o menor nível desde 12 de março de 2009. O WTI completou agora cinco dias consecutivos de queda, tendo recuado 12,2% neste período.

Já o petróleo Brent também teve queda ontem, de 2,25%, fechando a US$ 53,44 o barril na ICE Futures Europe, em Londres.

Os compradores asiáticos também estão recorrendo a uma gama mais ampla de fornecedores que se mostram ansiosos por encontrar novos mercados porque muitos países produtores estão exportando menos petróleo para os cada vez mais autosuficientes EUA.

Os carregamentos marítimos mostram claramente um volume crescente de petróleo fluindo da América Latina para a China, Japão e Coreia do Sul, com a China ficando com a maior parte nos últimos 12 meses, segundo dados do provedor ClipperData. Estima-se que cerca de 35 milhões de barris de petróleo provenientes do Brasil, Equador, Venezuela, Colômbia, Argentina e México serão entregues nos portos asiáticos só em abril, indicam os dados. O Brasil e a Colômbia são os principais exportadores latino-americanos de petróleo para a Ásia, tendo registrado vendas combinadas de 445 mil barris por dia em 2014.

“Os negócios à vista entre a Ásia e a América Latina são altamente sensíveis aos preços”, dizem analistas da BMI Research, uma unidade da Fitch Ratings. Eles dizem que, no terceiro trimestre de 2013, a última vez em que a diferença de preços se manteve firme, as importações asiáticas de petróleo vindas do Brasil e da Colômbia saltaram 36%.

Além disso, o atual ambiente de preços criou oportunidades para os EUA exportarem seu petróleo leve, ou condensado, para a Ásia. No ano passado, o país vendeu um carregamento de petróleo leve para a Coreia do Sul pela primeira vez em várias décadas.

A diferença entre o WTI e o Brent deu aos negociadores de petróleo no mercado físico, em oposição ao mercado futuro, a chance de aproveitar as chamadas oportunidades de arbitragem. Elas consistem em explorar as diferenças de preços de uma commodity em duas regiões diferentes. Para que a arbitragem física funcione, um negociante tem que comprar um carregamento mais barato, contratar um petroleiro e vender o produto ao comprador de destino a um preço alto o suficiente para cobrir o custo do transporte e gerar lucro. Os operadores também se protegem dos riscos das flutuações de preços através de derivativos, desfazendo o hedge quando o carregamento é finalmente vendido e entregue.

“À medida que os mercados se tornam mais eficientes e transparentes graças aos avanços da tecnologia de computação e comunicações, a arbitragem está ficando mais difícil de ser executada”, diz John Driscoll, consultor sênior da área de energia da JBC Energy Asia. Ele diz que quando a maioria dos operadores percebe a oportunidade de arbitragem, outros operadores agressivos já amarraram as melhores posições, navios e linhas de entrega, fazendo com que os outros cheguem tarde à festa.

Nota DefesaNet

O artigo do The Wall Street Journal circunda um fato importante. A premência da Petrobras por recursos a obrigou como a torrar recursos vendendo-os ao menor preço. desde que ajudasse os combalidos caixas da empresa.

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