Moscou insiste em reunião de emergência do Conselho OTAN-Rússia

A Rússia está convocando uma reunião de emergência do Conselho OTAN-Rússia por causa da acentuada deterioração da situação no Sudeste da Ucrânia. Moscou acredita que é urgente uma discussão da crise. No entanto, a OTAN não se está apressando a realizar essa reunião, embora não se recuse a cooperar com a Rússia sobre a questão da Ucrânia.

Os combates no Sudeste da Ucrânia entre as tropas do exército regular e as milícias populares continuam. A lista de baixas de ambos os lados está crescendo. Na sequência das ações militares estão morrendo civis. As pessoas têm medo de sair de casa. Mas ficar em suas casas também é perigoso, diz uma habitante de Slavyansk: ela sobreviveu milagrosamente um ataque de artilharia, mas todos os seus pertences foram destruídos:

“Toda a minha vida trabalhei para ter a minha casa, e num mero minuto desapareceu tudo. Não tenho mais casa, nem roupas – nada mais. Tudo ficou destruído. O televisor foi destruído pela explosão, a geladeira também. Ainda bem que ontem eu cortei o gás.”

Sente-se escassez de alimentos, água potável, medicamentos. Mas apesar dos apelos de habitantes locais e organizações internacionais para pôr um fim à operação militar no Sudeste do país, Kiev continua aumentando a concentração de tropas e pessoal do exército na região. A população está vivendo numa terrível tensão, esperando ataques a qualquer hora, diz o comandante militar da cidade de Kramatorsk (região de Donetsk):

“Está acontecendo uma sondagem, um reconhecimento por combate para determinar o grau de preparação da milícia popular para defender a cidade. Para quê? Para “limpar” a cidade ou para destruir por completo as forças de autodefesa da cidade? Muitas vezes os militares tem alertado que aqui, como em Slavyansk, não será possível evitar vítimas civis.”

Neste contexto, Moscou exortou a Aliança a se reunir urgentemente no âmbito do Conselho OTAN-Rússia e discutir formas de desescalada do conflito na Ucrânia. O diálogo não pode ser adiado: cada hora de atraso custa a vida a muitas pessoas.

No entanto, em Bruxelas a atitude é diferente. Sim, realmente há que realizar uma reunião do Conselho OTAN-Rússia sobre a Ucrânia. Mas daqui a uma semana, por volta de 27 de maio. Porque, dizem na OTAN, em 25 de maio na Ucrânia estão marcadas eleições presidenciais antecipadas. E depois desse evento a situação na Ucrânia poderá ser considerada num novo contexto.

Os dirigentes da OTAN não estão tomando em conta que é por causa dessas eleições, que muitos consideram ilegais, prematuras, e nas quais simplesmente se recusam participar no Sudeste do país, que Kiev está reforçando o grupo de forças na região. A OTAN está simplesmente ignorando o óbvio.

Esta não é a primeira vez que os dirigentes da Aliança têm tido problemas de visão durante os eventos ucranianos. No início de maio, Anders Fogh Rasmussen não viu a retirada das tropas russas da fronteira ucraniana. Elas estavam treinando lá, mas por causa da reação nervosa de Kiev e seus parceiros ocidentais o presidente russo Vladimir Putin ordenou sua retirada. No entanto, ainda durante muito tempo o Ocidente preferiu especular sobre o exército russo na fronteira ucraniana.

Entretanto, a presença de tropas da OTAN nas fronteiras russas está aumentando: exercícios em grande escala no Báltico, navios de guerra no mar Negro. Isso não contribui para melhorar a segurança na Europa, destacou numa conversa com o presidente do Comité Militar da OTAN Knud Bartels o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia Valeri Gerasimov.

As partes concordaram que são necessários passos mútuos para reduzir a tensão e estabilizar a situação. Mas, por enquanto, as direções desses passos são diferentes. A Rússia está concluindo a planejada fase de primavera de exercícios de campo no sul do país e enviando as tropas para suas posições permanentes. E a OTAN está reforçando o setor militar da Ucrânia em guerra.

“Capacetes, coletes à prova de bala, dispositivos de visão noturna, materiais para atendimento médico e outros equipamentos não-letais da OTAN já estão parcialmente na fronteira ucraniana, e chegarem ao exército ucraniano é literalmente uma questão de poucos dias”, disse na terça-feira o secretário de segurança nacional ucraniana Andrei Paruby. E a Aliança não está planejando o diálogo OTAN-Rússia para estes dias.


Texto/tradução: Voz da Rússia

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