“Ficamos acorrentados durante anos”, dizem ex-reféns das Farc

Os seis policiais colombianos que a guerrilha das Farc libertou na segunda-feira, após mais de doze anos de cativeiro, revelaram nesta terça-feira que ficaram acorrentados durante anos e que seu maior medo era morrer fuzilado ou em um bombardeio da força aérea. "Durante muitos anos ficamos acorrentados uns aos outros. Isto era uma humilhação", disse o policial Carlos José Duarte, em entrevista coletiva concedida em Bogotá 24 horas após a libertação na selva.

Wilson Rojas Medina, intendente chefe da Polícia Nacional, contou que os reféns corriam "perigo diário" durante o tempo em que estiveram nas mãos das Farc. Em certa ocasião, Medina se salvou junto com outros três sequestrados de morrer vítima de um raio que matou o guerrilheiro que atuava como carcereiro. "Estivemos acorrentados por longos oito anos (…), e mais, acorrentados por casais, 24 horas do dia, em algumas ocasiões estivemos acorrentados pelos pés, em outras, pelas mãos", denunciou Luis Alberto Arcia, sargento do Exército Nacional.

O sargento César Augusto Lasso lembrou que durante os anos de cativeiro os reféns sempre tiveram limitação de espaço e de movimento. Os seis policiais destacaram que mantinham o ânimo graças ao rádio, pelo qual recebiam mensagens de apoio da família e da sociedade. Foi precisamente pelo rádio que o grupo soube da fuga do policial John Frank Pinchao, no dia 28 de abril de 2007, após oito anos em poder das Farc. "Ficamos muito alegres e isto nos deu forças para tentar fugir", lembrou o sargento Lasso.

O sargento José Libardo Forero e o intendente Jorge Trujillo conseguiram escapar no dia 15 de setembro de 2009, mas após um mês lutando contra condições extremas na selva, os dois foram recapturados em 16 de outubro, em uma casa de lavradores onde pararam para almoçar. "Na saída, a guerrilha nos pegou e sabíamos que seríamos fuzilados. Tiraram nossa roupa e nos jogaram no chão. Disse a eles: não nos humilhem mais porque estamos cansados de ser humilhados, se vão nos fuzilar, façam isto (…), mas graças a Deus não fizeram", contou Forero.

Os seis policiais lembraram que cada vez que se aproximava um avião do Exército temiam pela vida. O grupo disse ainda que as Farc estão "enfraquecidas" e já "não contam com a mesma rede de abastecimento", mas "ainda não estão derrotadas".

Com informações da AFP e EFE

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