Dominó Árabe – Turquia ameaça agir contra curdos em território sírio

O governo da Turquia disse ontem que não vai tolerar a criação de uma região autônoma curda na Síria, próxima da fronteira entre os dois países. Para o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, uma autoridade curda do lado sírio da fronteira serviria de abrigo para guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Rebeldes curdos controlam cinco cidades no Curdistão sírio. Dissidentes sírios acusam os curdos de colaborarem tacitamente com Assad, assassinando manifestantes contrários ao ditador. De acordo com Erdogan, o Exército turco está monitorando de perto a situação. Ele alertou o PKK e o Partido da União Democrática, que representa os curdos na Síria, contra qualquer tentativa de colaboração.

"Não seria possível para nós tolerarmos isso", declarou Erdogan antes de embarcar para Londres, onde assistirá à abertura dos Jogos Olímpicos. "Ninguém deve tentar nos provocar. Se for necessário tomar medidas contra o PKK, não hesitaremos."

O conflito entre rebeldes curdos e o governo central de Ancara deixou dezenas de milhares de mortos nos últimos 28 anos. Minorias curdas vivem também no Irã, no Iraque e em alguns países do Cáucaso.

Erdogan disse também que orientaria o chanceler Ahmet Davutoglu a discutir as preocupações turcas com o PKK com representantes do Curdistão iraquiano, que tem status de região semiautônoma.

"Temos confiança em vocês, por favor não participem de decisões erradas", pediu Erdogan aos iraquianos.

Precedentes. Nos últimos anos, a Turquia tem atacado posições do PKK no Iraque. As declarações de Erdogan indicam que o mesmo poderia ocorrer em território sírio. Antes aliado de Assad, Erdogan tem se tornado cada vez mais crítico do regime sírio. A Turquia recebeu cerca de 44 mil refugiados do conflito, segundo a ONU.

Ontem, Erdogan disse acreditar que Assad está próximo de deixar o poder e a Síria deveria se preparar para uma "nova era". O líder turco pediu também a criação de um governo de transição que elabore uma nova Constituição e eleições livres para a Síria.

O primeiro-ministro não descarta a hipótese de montar uma zona-tampão para civis do lado sírio da fronteira com a Turquia. Segundo ele, a medida poderá proteger civis que fogem da violência na Síria. "Uma zona de segurança, uma zona-tampão ou campos de refugiados: há as três alternativas", disse. "As prioridades vão variar conforme a situação no terreno evolui.

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