Colômbia poderá pedir ajuda a Dilma para obter paz com as Farc

Sergio Leo
e Chico Santos


Brasília e de Águas de Lindóia – Envolvido em negociações para o fim dos conflitos na Colômbia com os guerrilheiros das Farc, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse à presidente Dilma Rousseff, que poderá pedir ajuda ao Brasil para garantir o sucesso das negociações, segundo apurou o Valor. Dilma respondeu que estará à disposição assim que governo colombiano e as Farc solicitarem oficialmente a participação do país nas negociações, atualmente mediadas pelos governos de Cuba e Noruega, com acompanhamento de Venezuela e Chile.

A eventual participação do Brasil nas negociações com as Farc tem sido tratada discretamente entre Dilma e Santos em seus encontros e contatos telefônicos. Dilma, segundo seus assessores, foi consultada sobre a possível participação brasileira nas negociações, por Santos, durante encontro dos dois presidentes em Lima, Peru, no começo do mês, na cúpula dos países Árabes e Latino-Americanos. Uma semana depois, Dilma voltou a falar com Santos, por telefone, para desejar uma boa recuperação ao colombiano, que passou por uma operação de câncer na próstata. Em resposta a um comentário do colombiano, de que poderia precisar do Brasil em breve, reafirmou que o governo brasileiro estará à disposição quando os negociadores quiserem.

O Brasil, desde 2009, atuou com apoio logístico em quatro operações de liberação de reféns das Farc. Os reféns foram recebidos pelo Exército brasileiro e transportados em helicópteros das Forças Armadas do Brasil.

O ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer (1992 e 2001-2002) criticou ontem a atuação do Brasil no esforço para a paz na Colômbia. Segundo ele, o Brasil deveria ter uma atuação mais ativa no processo, em vez de se preocupar com a busca da paz no Oriente Médio, por mais legítima que ela seja.

"O chanceler [Antonio] Patriota esteve há pouco tempo no Oriente Médio preocupado com o problema dos palestinos e da paz, um tema legítimo. No entanto, o Brasil tem se ausentado de uma atuação mais ativa com relação ao tema das Farc. Ora, a Colômbia é nosso vizinho e as Farc são um problema da América do Sul. Minha prioridade seria primeiro olhar nossa vizinhança antes de olhar o que está acontecendo no resto do mundo", disse depois de fazer palestra no Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em Águas de Lindóia (SP).

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