A China não deve se intimidar com a maior presença militar dos EUA na Ásia, disse um jornal chinês nesta sexta-feira, embora analistas e o próprio governo norte-americano digam que Pequim não tem nada a temer.
A nova estratégia de defesa dos EUA, anunciada oficialmente na quinta-feira pelo presidente Barack Obama, prevê uma redução no tamanho e no orçamento das suas forças militares, mas uma maior presença na Ásia. Pequim teme que o objetivo de Washington seja cercar a China e conter seu crescente poderio.
Na primeira reação chinesa à nova política dos EUA, o tabloide chinês Global Times disse que a China "pagará o preço" se recuar para agradar a Washington. "É claro que queremos evitar uma nova Guerra Fria com os Estados Unidos, mas ao mesmo tempo devemos evitar abrir mão da presença de segurança da China na região vizinha", disse o jornal, que pertence ao Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista chinês.
O Global Times tem uma inclinação nacionalista e seus comentários não necessariamente refletem as posições do governo. Os ministérios da Defesa e Relações Exteriores não se pronunciaram sobre a nova política estratégica dos EUA.
Ao apresentar a nova política militar dos EUA, que reflete uma menor ênfase nos conflitos do Iraque e Afeganistão, Obama disse que "a maré da guerra está recuando". O secretário americano de Defesa, Leon Panetta, afirmou que as Forças Armadas precisam ser "menores e mais enxutas".
Fontes oficiais preveem uma redução de 10 a 15 por cento nos contingentes do Exército e do corpo de Marines na próxima década.
Os EUA dizem que pretendem colaborar com a China na busca por prosperidade e segurança na região, mas que continuará tratando de questões de segurança como o controle do mar do Sul da China, por onde circula um comércio anual de US$ 5 trilhões. Há disputas territoriais envolvendo China, Taiwan, Filipinas, Malásia, Vietnã e Brunei na região.
Um oficial chinês da reserva disse, pedindo anonimato, que Pequim não se deixará intimidar pela nova estratégia norte-americana. "Todos nós sabemos que a mudança na estratégia dos EUA não é um fato repentino", disse ele. "O lado chinês não verá isso como um desafio aberto. Nossa postura é sempre defensiva. Se não houver um ataque direto contra nós, não vamos mudar nossa estratégia. A China não procura fazer novos inimigos."