Chefe da diplomacia da UE diz que Trump “está certo” e que Europa deve investir mais em defesa

O presidente dos EUA, Donald Trump, “está certo” ao dizer que a União Europeia não está gastando o suficiente em defesa, disse a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, na quarta-feira (22), acrescentando que os Estados Unidos são e devem permanecer “o aliado mais forte” do bloco.

(RFI) “Gastamos bilhões em nossas escolas, nossos sistemas de saúde e nossa proteção social. Mas se não gastarmos mais em defesa, tudo isso estará em risco”, alertou.

“No ano passado, os Estados-membros ao todo gastaram uma média de 1,9% do PIB em defesa. A Rússia gastou 9%”, insistiu Kallas, dizendo que estava convencida de que o bloco poderia fazer mais para ajudar a Ucrânia contra a invasão russa.

Para Kaja Kallas, há uma necessidade urgente de investimento dos Estados-membros e do setor privado, mas também do orçamento europeu.

“O fracasso da Europa em investir em suas capacidades militares também envia um sinal perigoso ao agressor”, insistiu.

A chefe da diplomacia europeia sublinhou ainda que se a Rússia tem aliados, a UE tem “mais”, destacando a força da aliança com os Estados Unidos e fazendo um apelo a um novo acordo em matéria de segurança com o Reino Unido, um “parceiro-chave” da UE.

“Precisamos de um relacionamento mutuamente benéfico em segurança e defesa” com Londres, explicou em uma conferência em Bruxelas. “Um novo acordo sobre essa questão seria o próximo passo lógico.”

Pouco depois de ser eleito, Trump ameaçou sair da Otan se os países-membros da aliança não contribuírem mais. “Se eles pagarem suas contas e nos tratarem de maneira justa, eu ficarei na Otan”, disse o presidente americano em entrevista à NBC News. Trump também afirmou que provavelmente reduziria a ajuda à Ucrânia.

Segurança no centro do mandato polonês da UE

Nesse contexto, a segurança estará no centro da nova presidência polonesa do Conselho Europeu. Desde 1º de janeiro, o país tomou posse da presidência rotativa do órgão.

“Se a Europa quer sobreviver, ela deve se armar”, declarou o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, ao Parlamento Europeu nesta quarta-feira, durante a apresentação das prioridades de sua presidência.

Em seu discurso, ele fez um apelo aos Estados-membros para que levasse a sério as exigências de Trump para que os europeus aumentassem seus gastos com defesa para 5% do PIB. “Estamos num momento em que a Europa não pode se dar ao luxo de economizar em segurança”, insistiu.

Para o mandato que dura seis meses, Tusk deixou claro seu objetivo de luta contra a imigração ilegal, um assunto que voltou à tona com a guinada à direita do Parlamento Europeu. A Polônia, que está enfrentando pressão em sua fronteira com a Belarus, foi autorizada pela Comissão Europeia a limitar temporariamente o direito de asilo.

Leal apoiador da Ucrânia, Tusk, que na semana passada recebeu o presidente Volodymyr Zelensky em Varsóvia, pediu a seus parceiros europeus que continuem defendendo o país, tema que envolve o desenvolvimento da indústria de defesa europeia.

(RFI e AFP)

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