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AIE: desinvestimento na indústria do petróleo pode causar novo desequilíbrio

Um excessivo desinvestimento na indústria petroleira poderia provocar um novo desequilíbrio no mercado mundial em alguns anos, na medida em que o petróleo continuará sendo uma fonte energética indispensável até 2040, advertiu nesta quarta-feira a Agência Internacional de Energia (AIE).

O setor petroleiro reduziu drasticamente seus investimentos, cancelando ou adiando projetos por causa da queda dos preços do petróleo, que perderam mais da metade de seu valor desde meados de 2014 e evoluem atualmente em torno de US$ 45 o barril.

A redução dos campos convencionais existentes equivale a perder a cada dois anos a atual produção do Iraque, que constitui um "poderoso" estímulo para o atual novo equilíbrio do mercado petroleiro, estima a AIE em seu estudo prospectivo anual.

A agência com sede em Paris adverte, contudo, para o "risco de uma correção excessiva" porque em 2015, "os volumes de petróleo convencional que receberam aval de desenvolvimento caíram a seu nível mais baixo desde o início doa anos 1950 e os dados disponível para 2016 não dão qualquer sinal de recuperação".

Após atingir um máximo de 780 bilhões de dólares em 2014, os investimentos em projetos de exploração e produção caíram cerca de US$ 200 bilhões em 2015 e devem voltar a cair US$ 140 bilhões neste ano.

"Se as aprovações de novos projetos continuarem sendo limitadas pelo terceiro ano consecutivo em 2017, parece cada vez mais improvável que se mantenha um equilíbrio entre demanda e oferta no início dos anos 2020", alerta a AIE, como já fez a Opep.

Por sua vez, a demanda de petróleo continuará crescendo cerca de 0,4% por ano no período 2014-2040, embora esse crescimento seja limitado por medidas de eficiência energética, subsídios a energias fósseis e um aumento dos preços.

Apetites distintos

Em 2040, estima-se que o planeta consumirá cerca de 103,5 milhões de barris por dia (mbd), contra 92,5 mbd em 2015, segundo a principal previsão da AIE, que considera os compromissos assumidos por país no Acordo de Paris contra as mudanças climáticas.

Entretanto, em caso de serem implementadas medidas de redução de carbono mais drásticas para reduzir as emissões de gases de CO2 a um nível suficiente como para limitar o aquecimento a 2ºC, o consumo cairia ao nível do final dos anos 1990, abaixo de 75 mbd.

O consumo de petróleo será impulsionado pelo transporte de mercadorias, pela aviação e pela indústria petroquímica, "setores em que as soluções alternativas não abundam". Em troca, o desenvolvimento do carro elétrico deverá reduzir a demanda (-1,3 mbd aproximadamente).

Em termos geográficos, a perda de apetite pelo petróleo nos países desenvolvidos da OCDE (-12 mbdj em 2040) será compensada por uma crescente voracidade dos demais países (+19 mbd), especialmente a Índia, que constituirá "a maior fonte do futuro crescimento da demanda", explica a AIE. No início da década de 2030, a China tomará dos Estados Unidos o título de país mais voraz.

Quanto à oferta, ela virá cada vez mais do Oriente Médio, embora as perspectivas sejam mais robustas do que o inicialmente antecipado para o gás de xisto norte-americano, que alcançará um pico de 6 mbd no final dos anos 2020, antes de declinar.

A proporção da Opep na produção anual mundial superará assim 50% até 2040. "O mundo será cada vez mais dependente da expansão do Irã (que chegaria a 6 mbd em 2040) e do Iraque (7 mbd em 2040) para equilibrar o mercado", previu a AIE.

No total, a demanda total de energia no mundo aumentará 30% até 2040, dos quais 74% corresponderá a energias fósseis (contra 81% em 2014), já que o crescimento fraco de carvão será compensado pelo dinamismo do gás natural.

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