Afeganistão – Panetta pede desculpas por fotos de soldados com cadáveres

O secretário de Defesa norte-americano, Leon Panetta, pediu desculpas nesta quarta-feira por fotografias que apareceram em um jornal norte-americano de soldados dos Estados Unidos posando ao lado de corpos mutilados de insurgentes afegãos.

"Isso é guerra e eu sei que a guerra é feia e violenta. Sei que os jovens algumas vezes tomam decisões muito tolas", disse Panetta em entrevista coletiva durante uma reunião de aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte em Bruxelas. "Não estou justificando isso."

Ele acrescentou: "Minhas desculpas são em nome do Departamento de Defesa e do governo dos Estados Unidos…Mais uma vez, aquele comportamento é inaceitável."

Panetta disse que lamenta a decisão do jornal Los Angeles Times de publicar algumas das fotos, que, segundo ele, poderão deflagrar uma retaliação contra os soldados estrangeiros estacionados no Afeganistão.

"Eu também não quero que essas imagens tragam mais danos ao nosso povo nem à nossa relação com o povo afegão. Esse tipo de foto é usada pelo inimigo para incitar a violência e tem como resultado a perda de vidas", disse ele.

O Artigo:

Soldados dos EUA posam com restos de mortos no Afeganistão

Fotos de soldados americanos ao lado de cadáveres de insurgentes afegãos divulgadas nesta quarta-feira pelo jornal Los Angeles Times estão causando polêmica nos Estados Unidos. O secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, condenou "firmemente" a conduta dos militares.

"Estas imagens não representam em nada os valores ou o profissionalismo da enorme maioria das tropas americanas que servem atualmente no Afeganistão", afirma em um comunicado o diretor do Pentágono, que manifesta decepção com a publicação das imagens no jornal.

O jornal Los Angeles Times divulgou que os soldados americanos fizeram fotos, em mais de uma ocasião, ao lado de restos de corpos de homens-bomba afegãos.

A publicação afirma que o Exército americano iniciou uma investigação sobre o caso depois que o jornal divulgou algumas imagens, fornecidas por um soldado.

O primeiro episódio aconteceu em fevereiro de 2010, quando tropas da 82ª divisão aerotransportada foram enviadas a uma delegacia na província afegã de Zabul para analisar os pedaços de um suposto homem-bomba.

O propósito dos soldados era retirar impressões digitais, mas eles terminaram por posar para fotografias, de pé ou abaixados, ao lado dos cadáveres.

Poucos meses depois, o mesmo pelotão inspecionou os restos mortais de três insurgentes, que segundo a polícia afegã morreram de maneira acidental quando manipulavam explosivos.

Dois soldados aparecem nas fotos segurando a mão de um dos homens mortos com o dedo médio levantado, enquanto outro se inclinava sobre o cadáver, afirma o jornal.

Outro soldado criou e colocou uma insígnia extraoficial com o título 'caçador de zumbis' perto de outro corpo e fez uma foto.

O Los Angeles Times afirma que autoridades militares pediram ao jornal para não publicar as fotos pelo temor de reações violentas, mas o editor do LA Times, Davan Maharaj, afirmou que foi decidido publicar uma seleção "pequena mas representativa" das imagens.

"Após uma consideração cuidadosa, decidimos que publicar uma seleção pequena, mas representativa, das fotos cumpriria com nossa obrigação de informar com vigor e imparcialidade aos leitores sobre todos os aspectos da missão americana no Afeganistão", disse.

Este é o mais recente escândalo que abala a relação EUA-Afeganistão.

Em março, um soldado abriu fogo em dois vilarejos afegãos e matou 17 pessoas – a maioria mulheres e crianças -, no que se acredita ter sido o maior crime de guerra cometido por um soldado da Otan durante o conflito no país.

A queima de exemplares do Alcorão em fevereiro provocou violentos protestos antiamericanos e uma onda de ataques de membros das próprias forças de segurança afegãs contra soldados da Otan.

A Aliança Atlântica mantém 130.000 soldados, liderados pelos Estados Unidos, no Afeganistão, que combatem os insurgentes talibãs, que lutam contra o governo de Cabul, apoiado pelas potências ocidentais.

Com Agências Reuters/AFP

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