SERGIO TORRES / RIO – O Estado de S.Paulo Desde 2007 o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mantém contato com governantes maranhenses para a instalação de uma refinaria exclusiva da PDVSA, petroleira estatal venezuelana, no Estado. Naquele ano, Chávez esteve em São Luís para conversar com o então governador Jackson Lago. O governo brasileiro antecipou-se ao acordo e anunciou a construção pela Petrobrás de uma refinaria própria no Maranhão, a Premium 1. Na ocasião, Chávez desistiu do empreendimento. Voltou a ele agora, quando a empresa venezuelana sinaliza estar perto de romper a parceria na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. PDVSA e Petrobrás divergem quanto aos valores da refinaria. A empresa da Venezuela questiona a cobrança pela Petrobrás de 40% do que a companhia brasileira afirma ter gasto até agora na refinaria, prevista para entrar em operação em dois anos. No encontro com Chávez na quarta-feira, revelado na edição de ontem do Estado, a governadora Roseana Sarney (PMDB) falou sobre uma área próxima ao Porto do Itaqui, usada para tancagem de combustíveis e produção de derivados de petróleo. Em nota divulgada ontem, o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arvelaiz, negou que Chávez tenha se encontrado com Roseana. Desmente também a informação de que o governo venezuelano esteja negociando com a governadora. Fora da agenda. Roseana entrou de licença anteontem, por dez dias. O secretário estadual de Comunicação, Sérgio Macedo, voltou ontem a negar a ida a Venezuela. Disse que ela "manteve sua rotina normal de trabalho" no período em que teria estado em Caracas. O site do governo do Maranhão não informa a agenda da governadora na terça e na quarta. Acompanhada do marido Jorge Murad, Roseana viajou para a Venezuela na terça-feira, conforme o Estado apurou. No grupo estava o ex-ministro e ex-deputado federal José Dirceu, que participou do encontro em Caracas. A reunião com Chávez ocorreu na tarde de quarta-feira, no Palácio Miraflores, sede do governo. À noite ela voltou ao Brasil. A refinaria que a Petrobrás planeja construir no Maranhão, a Premium 1, ficará em Bacabeira, ao sul de São Luís. A obra está bastante atrasada. Entraria em operação em 2013, segundo o cronograma inicial. Agora, só em 2016. O estágio atual é de terraplanagem. Repercussão. Para Ildo Sauer, professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-diretor da Petrobrás, o Maranhão é um Estado de grande importância para a indústria do petróleo, daí o interesse da PDVSA. Ele cita como vantagens a facilidade logística (o Porto do Itaqui e a proximidade com o Caribe e o norte do continente) e a área de influência do Estado para escoar os produtos refinados. Já Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, afirma que a intenção não passa de "factoide", pois Chávez não teria interesse "em comprar briga" com o governo do Brasil e com a Petrobrás. O economista Edmar de Almeida, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), crê que, como a refinaria da Petrobrás ainda não tem as obras iniciadas e o plano de negócios 2011-2015 limita os investimentos, o governo do Maranhão pode estar buscando alternativas. |