Autoridades visitam obras no centro de controle do 1º satélite brasileiro de defesa

Ten Flávio Nishimori


A presidente Dilma Rousseff conheceu, nesta quarta-feira (23/03), uma parte da infraestrutura de solo a ser utilizada para operação do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC). Ela recebeu explicações sobre a antena de comando e controle, com 13 metros de diâmetro e 18 de altura, responsável por controlar o satélite assim que entrar em órbita. No evento, ela esteve acompanhada dos ministros da Defesa, Aldo Rebelo; das Comunicações, André Figueiredo; e do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato.

“O satélite vai ser lançado numa parceria com a França. E não é só lançar o satélite, mas num segundo momento, temos que ser capazes de produzi-los no Brasil. Aqui será um dos centros onde nós teremos todo o controle do satélite tanto para fins de defesa quanto para uso de comunicação. Isso é muito importante”, ressaltou a presidenta.

O Centro de Operações Principal, que ficará em Brasília dentro da área do Sexto Comando Aéreo Regional (VI COMAR), será aparelhado, além da antena de comando e controle, com estações de trabalho de radiofrequência e de monitoramento.

“A antena é apenas uma parte visível de todo esse projeto de telecomunicações e de defesa. Nós vamos colocar daqui  a poucos meses um satélite em órbita, que vai melhorar significativamente as comunicações no Brasil, incluindo as comunicações militares. E tudo isso faz parte de um sistema maior que estamos organizando denominado de Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE). Ele será gerenciado pelo Centro de Operações Espaciais, que já está criado e contará com militares das três Forças, além de civis”, explicou o Comandante da Aeronáutica.

O ministro das Comunicações destacou que o lançamento do SGDC deve beneficiar a população brasileira em dois aspectos.

“No aspecto da defesa, utilizando a banda X, é um satélite estratégico para o Brasil que vai cobrir todo o território nacional e o mar territorial. Já na área de telecomunicações, através da banda Ka, vai propiciar levarmos internet de forma rápida aos locais mais longínquos onde nós não conseguimos chegar com fibra óptica”, disse André Figueiredo.

“É um avanço tecnológico indispensável para toda nossa programação de fazermos com que o Brasil possa ter a internet chegando de forma rápida, eficiente, consequentemente propiciando não apenas a integração da população brasileira, mas também o acesso ao conhecimento”, complementou.

O Satélite deve ser lançado entre dezembro deste ano e fevereiro de 2017. O projeto é uma parceria entre os ministérios da Defesa (MD), das Comunicações (MC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e envolve investimentos da ordem de R$ 1,7 bilhão. 

O Coronel Hélcio Vieira Júnior, comandante do Centro de Operações Espaciais do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR), explicou que o SGDC é apenas um dos satélites de um programa mais amplo.

“Os demais vão envolver, por exemplo, satélites de sensoreamento remoto, que vão possibilitar o monitoramento de toda a nossa fronteira seca e molhada”, afirmou. O militar explicou, ainda, como o satélite vai proporcionar maior segurança na comunicação militar. “Primeiro pela quantidade de informação que ele vai permitir trafegar; segundo pelo fato do controle do satélite ser nacional; e terceiro pelo fato de termos técnicos trabalhando na França que vão trazer um conhecimento tecnológico que vai permitir aos próximos satélites terem um conteúdo nacional muito maior”, finalizou.

Segurança Nacional¹

Além de internet, o satélite tem o objetivo de trazer mais segurança às comunicações estratégicas e militares do governo brasileiro, utilizando a banda X, faixa destinada exclusivamente ao uso militar. Segundo o comandante do Centro de Operações Espaciais, coronel Hélcio Vieira Júnior, o satélite vai cobrir todo o território brasileiro, o Atlântico Sul e grande parte da área de interesse do país, do Haiti até a Antártica.

“Militarmente falando, ele vai possibilitar que façamos comando e controle de todos os tipos de ações em que as Forças Armadas estão envolvidas, desde combate a ilícitos nas fronteiras e ajuda humanitária até, se for o caso, ações realmente militares”, disse.

O projeto do satélite geoestacionário é uma parceria entre os ministérios das Comunicações e da Defesa e tem investimento de R$ 1,7 bilhão. Hoje, segundo as pastas, as comunicações militares brasileiras são feitas por meio de aluguel da banda X em dois satélites privados, ao custo anual de R$ 13 milhões. Quando o satélite geoestacionário do Brasil entrar em operação, apenas um dos contratos será mantido, como garantia em caso de falha do novo satélite.

O satélite geoestacionário, segundo o coronel Vieira, é o primeiro do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais, do Ministério da Defesa, que inclui vários grupos de satélites.

O primeiro visa a levar muitas informações a pontos distantes. Além do satélite geoestacionário, o grupo terá satélites de sensoriamento remoto que vão possibilitar o monitoramento de toda a fronteira seca e molhada e o controle do tráfego marítimo. “Além disso, estão previstos satélites de geoposicionamento, a exemplo do GPS americano, que vão permitir que o governo brasileiro tenha um referencial de tempo nacional. Vão melhorar muito nossos sistemas bancário, de transmissão de energia e de bolsa de valores, entre outros”, afirmou.

O SGDC²

O satélite está sendo fabricado em Cannes, na França, e começou a ser construído em janeiro de 2014. O lançamento, organizado pela empresa Arianespace, ocorrerá na base de lançamento de Kourou, na Guiana Francesa. A construção do equipamento está sendo feita pela Thales Space, sob contrato com a Visiona, uma joint venture entre a Telebras – estatal federal do setor de telecomunicações – e a Embraer – empresa privada líder nos setores aeroespacial e de defesa. A criação da Visiona, em 2012, corresponde a uma das ações selecionadas como prioritárias no Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE) para atender aos objetivos e às diretrizes da Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE) e da Estratégia Nacional de Defesa (END).

¹com EBC,  ²com ASCOM / MD

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