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Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares – Posicionamento

Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares

ABDAN

A ABDAN – Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares, em face a matéria “Nosso desastre nuclear”, publicado na revista Veja, Edição 2591 18/7/2018, vem esclarecer os seguintes pontos.

a) A ABDAN lamenta o tom da reportagem que desqualifica um importante empreendimento que envolve investimentos e desenvolvimento tecnológico nacional que vem fazendo com que diversas áreas da nossa indústria, como a Medicina e a Agricultura, sejam beneficiadas pelos avanços do desenvolvimento nuclear no Brasil. Prova disso é o recente lançamento do RMB – Reator Multipropósito – que dará autonomia ao país na produção de radioisótopos para o tratamento de câncer.

b) O Brasil está sempre no limite de uma crise hídrica, que nos deixa reféns do modelo hidroelétrico. Hoje não existem muitos novos projetos de hidroelétricas para construção, o que exige a adoção  de novas termoelétricas para realizar a função de geração de energia de base. De todos os modelos existentes, a energia com menor custo é a termonuclear.

c) O parque nuclear brasileiro ocupou o 5º lugar mundial em disponibilidade em 2017. Angra 2 foi a 9ª usina, dentre 451 outras, em geração elétrica

d) É lamentável ver que a reportagem utiliza dados internacionais fora da realidade atual do setor nuclear no mundo. Só neste ano de 2018, quatro novas usinas entraram em operação no mundo e outras 58 estão em construção. Neste momento, por exemplo, o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) selecionou nove projetos para receber quase US$ 20 milhões em financiamento para pesquisa compartilhada e desenvolvimento de tecnologias nucleares avançadas.

Nos EUA, a mais nova central de Watts Bar 2 entrou em comercialização ano passado e existem mais 2 usinas em construção em Vogtle , ou seja, o mercado lá não está negativo e novas Usinas estão sendo construídas.

Uma licença de construção da unidade 2 na Usina Nuclear de Roppur foi concedida para a Comissão Energética Atômica de Bangladesh. A unidade 1 recebeu a mesma licença ano passado e as construções se iniciaram imediatamente após.

No relatório anual da Agência Internacional de Energia da OCDE de 2017 estima o crescimento da geração de energia nuclear em mais de 25% até 2040. As melhorias decorrentes desse aumento são de extrema importância para o mundo pois significam diminuição na taxa de emissão de CO2. Nessa estimativa a energia nuclear equivaleria a 15% da geração de eletricidade no mundo.

e) Não é verdade que a tarifa para o consumidor aumentará se Angra 3 entrar em operação. Estudo recente realizado pela EletroNuclear garante que, em substituição as termoelétricas que são notadamente mais caras, causaria sim uma redução para o consumidor final.

f) Sobre as usinas de Angra 1 e Angra 2 cabe ressaltar que a operação destas UTNs durante um mês corresponde a 0,9% da energia armazenável máxima do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o que, em base anual, corresponde a um acréscimo de 10,3% da energia armazenável máxima deste subsistema. Caso as UTNs Angra 1 e Angra 2 não estejam disponíveis para a operação em 2019, o valor esperado do custo total de operação no período 2017/2021 sofre uma elevação de R$ 1,4 bilhão (5,1%), assim como os CMOs do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, cujo impacto é decrescente ao longo do horizonte de análise, sendo a maior variação em termos absolutos, 66 R$/MWh, verificada no primeiro mês do estudo.

g) Por fim, concluir Angra 3 é extremamente importante para o Brasil.

UTN Angra 3 apresenta as seguintes características:

 

– sua capacidade instalada, e a previsão de alta disponibilidade e elevada confiabilidade a tornam, mesmo se avaliada isoladamente, um dos principais recursos para atendimento ao mercado da Região Sudeste e do SIN;

– como disponibilizará sua produção diretamente na Região Sudeste, maior carga do SIN, contribui para evitar congestionamentos nas interligações entre subsistemas, principalmente com o advento do atraso das obras em linhas de transmissão que estão atrasadas;

– devido a seu baixo custo unitário variável previsto será uma das fontes preferenciais para despacho, seja por mérito econômico ou por razões de segurança eletroenergética; e

– A operação da UTN Angra 3 durante um mês corresponde a 0,6% da energia armazenável máxima da Região Sudeste, o que em base anual corresponde a um acréscimo de 7,2% da energia armazenável máxima desta região.

Sob o ponto de vista elétrico, a UTN Angra 3 traz os seguintes principais benefícios relacionados ao desempenho elétrico da Rede Básica de suprimento à área Rio de Janeiro/Espírito Santo:

 

– permite manter a qualidade do suprimento em situações de parada das UTEs Angra 1 e Angra 2, para recarga ou manutenções;

– aumento nos limites de transmissão para a área Rio de Janeiro/Espírito minimizando a necessidade de geração térmica e/ou uso de SEPs de corte de carga, principalmente em situações de contingências duplas; e

– melhor perfil de tensão nas malhas de 500 kV e 440 kV da região Sudeste, decorrente da redistribuição de fluxo através de atendimento local ao centro de carga (Rio de Janeiro e Espírito Santo). Portanto, é possível concluir que a UTN Angra 3 terá papel relevante no horizonte abarcado pelos estudos de planejamento da operação do ONS.

 

A ABDAN lamenta que a reportagem não colabore com a discussão técnica que é a que deve embasar este assunto tão importante tanto socialmente como economicamente e que trará enormes benefícios para a nação brasileira.

A ABDAN reforça seu compromisso de continuar atuando para o desenvolvimento da industria nuclear brasileira.

Rio de Janeiro, 14 de julho de 2018.

 

 

 

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O Editor

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