Amadurece o planejamento de compras para reaparelhamento das Forças Armadas

Marcelo Toledo, com informações da Agência Brasil.

O amadurecimento de um plano estratégico de compras de longo prazo foi o que a plateia da Conferência Anual de Defesa pode perceber durante as apresentações do Exército e da Marinha. O evento aconteceu em Brasília, entre os dias 17 e 19 de outubro, e contou com a participação da nata das Forças Armadas e representantes da Indústria de Defesa, debatendo as perspectivas do Plano da Defesa Nacional.

“Não se pode mais contar com as chamadas compras de oportunidade” afirmou o consultor da Fipecafi, Bruno Pereira, que acompanhou os três dias do encontro. Pereira observou que o Exército e a Marinha demonstraram maior maturidade na avaliação de suas demandas futuras, “levando em conta aspectos como capacidade operacional e reconhecendo que o reaparelhamento das Forças envolve processos de compra muito complexos que devem ser bem planejados” explicou.

Durante a Conferência, o Exército e a Marinha apresentaram o perfil de equipamentos e serviços que pretendem adquirir futuramente. A lista inclui mais de 20 submarinos – incluindo seis nucleares – navios de diversos tipos e aeronaves. Só de aeronaves de interceptação e ataque serão 48, até 2047. Três tipos de navios patrulha também estão na lista. Ao todo serão 62 compras desse tipo de embarcação até 2030. Há ainda helicópteros, serviços e tecnologias das mais diversas áreas e outros equipamentos.

“Nosso plano é bastante ambicioso. Não se pode almejar a aquisição de tudo, mas priorizaremos o grupo de navios previsto no pacote do Programa de Obtenção de Meios de Superfície [ProSuper]”, disse o coordenador do Programa de Reaparelhamento e diretor geral de Material da Marinha Brasileira, contra-almirante Rodolfo Henrique de Saboia.

O oficial citou também alguns objetivos pretendidos pelo Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, destinado a monitorar e controlar o espaço aéreo e marítimo brasileiro. “É uma oportunidade de recuperarmos e incentivarmos o crescimento da base industrial instalada, e de elevar o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação em nosso país, por meio da ampliação do fornecimento às forças Armadas”, concluiu o militar.

O general de brigada Walmir Almada Schneider, da 7ª subchefia do Estado Maior do Exército, apontou as aquisições pretendidas pelo Exército. “Temos de estar na fronteira dos conhecimentos relativos a quatro áreas: nanotecnologia, robótica, inteligência artificial e fusão de dados. Essa é uma realidade desafiadora vivida por todos os exércitos do mundo”.

Para Schneider, o aspecto humano é fundamental para o melhor proveito das tecnologias, principalmente do setor cibernético. “Queremos jovens com consciência situacional, capazes de assimilar com maior facilidade as tecnologias, porque a revisão do perfil dos nossos militares é contínua”, disse ao reforçar o peso que a informação terá para o “soldado do futuro” e para as suas condicionantes, em meio a fatores como a possibilidade de guerras cibernéticas.

Sobre a participação da indústria, o consultor da Fipecafi fez uma comparação com a realidade de outros países. “Em todo o mundo, a ampliação da Indústria de Defesa passa obrigatoriamente pela redução do número de laboratórios estatais e pelo aumento da participação da iniciativa privada em pesquisa e desenvolvimento” explicou. “A Indústria deve se adiantar e apresentar sugestões para as Forças, criando a demanda. A Indústria Nacional de Defesa deve ter uma postura proativa” concluiu Pereira.

A Conferência Anual de Defesa foi promovida pela Clarion Events,

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