Após destituição do governo, manifestantes atacam prédios públicos no Cazaquistão

Milhares de Manifestantes invadiram, nesta quarta-feira (5), a sede da prefeitura de Almaty, a capital econômica do Cazaquistão, e de outros prédios públicos em várias cidades do país, para protestar contra o aumento dos preços do gás.

A polícia usou granadas de efeito moral e gás lacrimogêneo contra milhares de pessoas. Mais de 200 pessoas foram detidas em Almaty e Taraz, no sul, e dezenas ficaram feridas durante os protestos no país da Ásia Central, desencadeados pelo aumento dos preços do gás liquefeito de petróleo (GLP,) muito usado como combustível no oeste do Cazaquistão.

Um vídeo divulgado por um blogueiro mostra um incêndio na prefeitura de Almaty e no escritório do Procurador da República. O chefe da polícia de Almaty declarou que grupos "radicais" tentaram atacar a cidade e que a guarda nacional foi acionada para organizar operações de segurança.

Na tarde desta quarta-feira, jornalistas em Almaty testemunharam alguns policiais jogando seus escudos e capacetes no chão e abraçando os manifestantes. "Passaram pro nosso lado", gritava uma mulher.

O presidente do Cazaquistão, Kassym Jomart Tokayev, destituiu seu governo nesta quarta-feira e declarou estado de emergência em duas regiões até o dia 19 de janeiro. O chefe de Estado também instituiu um toque de recolher de 23h até às 7h.

Presidente pede calma

Em um vídeo publicado no Facebook, Tokaïev pediu calma à população. "Não precisamos de um conflito", declarou, alertando os manifestantes para que evitassem todo tipo de "provocação.".

Os serviços de WhatsApp, Telegram e Signal foram cortados à noite. A Rússia pediu o fim dos protestos e o diálogo com as autoridades. "Somos favoráveis a uma solução pacífica de todos os problemas respeitando a Constituição e incentivando o diálogo, não promovendo baderna e a violação das leis", diz a nota divulgada pelo Ministério russo das Relações Exteriores.

As manifestações não previamente autorizadas pelas autoridades estão proibidas no Cazaquistão, uma antiga república soviética autoritária e a principal economia da Ásia Central. O movimento de revolta começou no domingo, depois do aumento nos preços do gás natural liquefeito (GNL) em uma cidade no oeste do país e se espalhou para a cidade de Aktau, às margens do Mar Cáspio, e depois para Almaty.

A população teme que a alta provoque impacto nos preços de alimentos, já afetados pela inflação. O motivo é a distribuição desigual dos benefícios do petróleo e mineração. O Cazaquistão possui um quarto das reservas de urânio no mundo e é um dos 20 maiores produtores do combustível.

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