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Voo 447 – França encerra resgate e deixa 74 corpos no mar

ANA CAROLINA DANI E REYNALDO TUROLLO JR.

A França encerrou a operação de resgate dos corpos das vítimas do voo 447 (Rio-Paris). O Airbus A330 da Air France caiu no Atlântico em 31 de maio de 2009, matando as 228 pessoas a bordo.

Segundo o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas do Voo 447, Nelson Marinho, o governo francês informou que, dos 228 corpos, 74 não serão resgatados.

Na época do acidente, 50 corpos foram retirados do mar. Na operação encerrada agora, foram mais 104. As autoridades francesas alegam, segundo Marinho, que os demais estão despedaçados.

"Isso não é justificativa, porque pedimos restos mortais. Não esperávamos corpos inteiros", disse Marinho. "Vão ficar 74 famílias sem ter [um túmulo] aonde ir."

O embaraço legal dessa decisão, afirma, é que as famílias que não tiveram parentes resgatados terão de pedir à Justiça uma certidão de morte presumida, documento que leva de seis meses a dois anos para ficar pronto.

O Instituto de Investigações Criminais da Policia Militar da França confirmou que a operação de resgate foi finalizada na sexta-feira passada, mas não revelou o número exato de corpos resgatados -disse apenas que foram "cerca de cem".

IDENTIFICAÇÃO

Os corpos retirados do mar nas últimas semanas devem chegar à França para identificação em meados da semana que vem. Os restos mortais estão sendo transportados a bordo do navio Ile de Sein.

A identificação será feita por médicos legistas e especialistas criminais da PM.

No início de maio, as equipes que trabalhavam no navio conseguiram, com a ajuda de um robô, içar dois corpos, que foram enviados a um laboratório privado.

Os especialistas conseguiram extrair o DNA das vítimas, apesar de elas terem passado quase dois anos a 3.900 metros de profundidade. As autoridades francesas aguardam agora os dados pessoais de todas as vítimas para concluir a identificação.

INVESTIGAÇÃO

Até hoje, as causas do acidente não foram esclarecidas. Ha duas semanas, o BEA, órgão francês que investiga o acidente, divulgou parte das gravações das caixas-pretas do Airbus A330.

Os dados só permitiram confirmar que defeitos nas sondas pitot, que medem a velocidade das aeronaves em voo, deflagraram os eventos que levaram à queda. O relatório final deve ser divulgado no início do ano que vem.

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