Acordo com Boeing reforça posição da Embraer nos EUA

Virgínia Silveira

O acordo assinado ontem pela Embraer e a Boeing reforçará a posição da fabricante brasileira na concorrência de fornecimento de 20 aviões de treinamento avançado e ataque leve para a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), segundo especialistas do setor de defesa ouvidos ontem pelo Valor. Procurada, a Embraer não comentou o assunto.

Da mesma forma, segundo estes especialistas, a parceria anunciada pelas duas empresas há cerca de duas semanas, no projeto do cargueiro KC-390, também auxiliará a Embraer a superar alguns desafios tecnológicos que vem surgindo em relação ao programa de desenvolvimento da nova aeronave.

Para a Boeing, de acordo com especialistas, o novo acordo com a Embraer melhora a posição do avião americano F-18 no programa F-X2, de aquisição de caças para a FAB, embora não tenha sido acertado nenhum tipo de transferência de tecnologia dos sistemas de armas da empresa americana para o Brasil. "Nos últimos seis meses a Boeing tem feito um grande esforço para melhorar a sua imagem no F-X2 e os últimos acordos feitos com a Embraer são uma demonstração clara disso", disse uma fonte.

No acordo anunciado ontem, durante a feira Aeroespacial de Farnborough, na Inglaterra, a Boeing se comprometeu a fazer a integração de armamentos (bombas guiadas a laser e por GPS) com alto nível de precisão. Essa integração, segundo comunicado divulgado pela Embraer, amplia o conteúdo da proposta apresentada pela empresa à Força Aérea dos Estados Unidos, superando de forma significativa os requisitos do programa LAS (sigla em inglês para Aeronave de Suporte aéreo leve).

"Esta nova capacidade demonstra a versatilidade do Super Tucano e beneficiará nossa campanha nos Estados Unidos", disse em comunicado, o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar.

Embora o sistema de armamentos da Boeing seja considerado sofisticado e preciso, o Super Tucano já está equipado com um conjunto de bombas inteligentes guiadas por laser e GPS. "O avião brasileiro possui bombas inteligentes certificadas pela FAB e testadas em combate há mais de sete anos", disse um especialista do setor de defesa.

Segundo ele, uma dessas bombas é fabricada no Brasil pelas empresas Mectron e Britanit e a outra, guiada por laser, é fornecida pela empresa israelense IAI.

Os sistemas produzidos pela Boeing, segundo a fonte, possuem vários níveis de precisão e para serem vendidos precisam ser liberados pelos Estados Unidos. "As empresas americanas não podem vender ao Brasil o mesmo sistema fornecido pelo governo dos EUA para os países considerados aliados preferenciais, como Israel, Japão e Austrália", disse a fonte.

Ontem a Embraer também anunciou em Farnborough a venda de mais oito aviões turboélices Super Tucano para a Indonésia. O pedido, segundo comunicado divulgado pela empresa, inclui um simulador de voo que será utilizado para instrução e treinamento dos pilotos indonésios. As entregas dos primeiros quatro aviões do primeiro lote estão previstas para agosto. Já o segundo lote começa a ser entregue em 2014.

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