Venezuela – Manobras “Soberania Bolivariana 2017”

Redação DefesaNet

 

Nos dias 26 e 27AGO2017, o regime de Nicolás Maduro realizou manobras militares integrando a população civil e Milícias Bolivarianas. No jargão do regime chavista são um “Ejercício Civico Militar”.

As manobras eram oficialmente uma resposta de advertência ao presidente americano Donald Trump, após este anunciar, que não descartava uma ação militar na Venezuela contra a ditadura Chavista. E reforçado pelas sanções econômicas impostas à Venezuela, no dia 25 AGO 2017.  As sanções incluem a proibição de negociar as dívidas da Venezuela e da estatal petrolífera PDVSA.

Foi a primeira sanção dos Estados Unidos contra a PDVSA e a Venezuela, até então estava restrito às pessoas vinculadas ao narcotráfico e violação de direitos humanos.

Interessante que após a fala do Presidente Donald Trump a primeira reação de Nicolás Maduro foi tentar uma conferência telefônica com o presidente americano……

 

As análises sobre as Manobras “Soberania Bolivariana 2017”, podem ir desde uma avaliação que não passou de uma “Ópera Bufa” do claudicante Regime de Nicolás Maduro ou à uma reavaliação da estratégia Cubano-Russa na Venezuela. O que foi mostrado de mulheres e idosos recebendo fuzis, tendo algumas pessoas enorme dificuldade de carregar o peso de um FAL servem para caracterizar a Ópera Bufa.

Segundo informes vindos desde Caracas a população participou (o governo fala em 700.000 mobilizados), com a promessa de receber rações alimentícias para 4 dias e a ameaça de terem seus benefícios retirados (aposentadoria ou o carnet que controla o acesso à distribuição de alimentos).

  

O que não foi mostrado ou circulou somente nas mídias das contas de Tweeters dos Comados da Fuerza Armada Nacional Bolivariana (FANB) mostram interessante material para análise.

É visível que os “falastrões”, em especial o falecido tenente-Coronel Hugo Chávez e o seu sucessor, o motorista Nicolás Maduro, com suas verborragias, são para uso externo pois nas FANB surge uma nova geração de oficiais com maior profissionalismo e senso doutrinário operacional.

As Forças Armadas da Venezuela não tinham um histórico de desenvolvimentos doutrinários e disciplina operacional. Os pilotos da Fuerza Aerea Bolivariana (ex-FAV), foram advertidos, quando participavam das Operações CRUZEX (2011), no Brasil pela falta de disciplina de voo e não seguir os protocolos de ação.

Durante as manobras o que viu-se foram mais ações de Guerra Assimétrica e Híbrida. É perceptível que novas doutrinas operacionais estão sendo incorporadas com a influência das operações da Rússia na Ucrânia e Síria.

Não houve desfiles e demonstração de armamento pesado. Poucos Carros de Combate T-72M1, assim como os demais veículos blindados. Com exceção na área centra de Cojedes, onde foi realizada uma demonstração chamada "Huracán Bolivariano", com as presenças de líderes chavistas e do ministro de Defesa, general Vladimir Padrino López,e da cúpula militar.

 

Em mensagem, nada sutil, o "Comando de Defensa Aeroespacial Integral" (CODAI), teve inúmeros posts com militares treinando com o MANPADS IGLA-S. E para pânico dos serviços de inteligência de toda a América Latina, em especial a ABIN, o Comandante da CODAI, Major-General Juan Teixeira Díaz, menciona que 2.400 Milicianos Bolivarianos foram treinados no emprego do MANPADS IGLA-S.

 

A palavra “milicianos Bolivarianos”, é uma retórica pois a maior parte pertence aos “Colectivos”, que são gangues criminais, muitas com vínculos com as FARC e o narcotráfico. O regime usa os Colectivos para impor controle nas áreas pobres urbanas e a repressão violenta contra os opositores do regime.

 

A possibilidade destes “milicianos” de apossarem de umas meras dezenas de MANPADS IGLA-S e fugirem, caso o regime caia, vendendo seus préstimos às milionárias organizações do narcotráfico, como a brasileira PCC.

Segundo fontes da própria Rússia, a que DefesaNet teve acesso, há nos arsenais venezuelanos cerca de 5.000 MANPADS IGLA-S.

A respeitada especialista venezuelana Rocío San Miguel considera como "simples ação de propaganda" as manobras “Soberania Bolivariana 2017”

Para Rocío, Maduro busca "elevar os custos de qualquer deslealda" nas Forças Armadas, externamente, "reafirmar um discurso anti-imperialista" e "fazer crer que Rússia, seu principal vendedor de armas, é um aliado em sua estratégia ".

 

A dupla Cuba – Rússia têm pela frente várias opções, e todas elas,  lhes são vantajosas.

Fica a questão: a Venezuela será uma nova Líbia ou uma nova Síria?

 

Algumas Análises

Aviación Militar Bolivariana

 

Adotou a tática chamada de “dispersão horizontal”. E a operação de aeronaves chinesas K-8W Karakorum, em estradas semi-preparadas (rodopistas no jargão da FAB).

Caças de ataque e treinamento da Aviación Militar FANB chinês K8W Karakorum Foto via @AviacionFANB

Há duas hipóteses pela não presença de Su-30MK2 nas operações. O receio de que os pilotos tentem fugir com as aeronaves (os pilotos são monitorados pelo serviço secreto cubano). Poucas aeronaves disponíveis, pois a Venezuela não teve recursos para realizar a manutenção das turbinas na Rússia.

No ano passado as turbinas de helicópteros foram revisadas, mas não por empresas russas, devido ao custo.

Está sendo usada a técnica soviética, dos tempos da Guerra Fria, aeronaves decolam com pouco combustível e não levam nenhum armamento. Só voam os pilotos cujos familiares, estão sob controle do serviço secreto cubano, podemos dizer reféns.

Alto mando de la @AviacionFANB en punto de recobre operacional PRO enmascaramiento y protección de aeronaves y personal en @BasucreAMB pic.twitter.com/NPm3lkXFTl

Observar nos dois post acima que a sobrevivência a um ataque inicial é mais importante do ponto de vista da Aviación Militar Bolivariana que o protagonismo

Ejército Bolivariano

Foi dado realce às ações Assimétricas e Híbridas: demonstrações de Caçadores (Snipers) e a ativação da “99 Brigada de Las Fuerzas Acciones Especiales” (FAES).  As FAES junto com a "Milicia de Acción Rápida" (MAR) realizaram um exercício de retomada da Central Hidrelétrica Guri.

Da linha de mísseis de defesa aérea Antey, Buk e Pechora, só foram disparados e mostrados, os dois últimos.

Coube ao Comando de Defensa Aeroespacial Integral (CODAI) apresentar intenso treinamento com MANPADS IGLA-S.

 

Sistema de Radar P18 código OTAN "Spoon Rest D". Certamente a FANB está dando mais atenção ao espectro eletromagnético aproveitando as lições russas. Foto Via @CmdteCODAI

Marina Bolivariana

A Marinha apresentou um sistema de defesa baseado no emprego de barcos de pesca. Relembra as ações da Guarda Revolucionaria Iraniana. O Irã é um dos únicos aliados do regime Maduro.

 

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