Corte Internacional de Justiça ordena que Rússia cesse operações militares na Ucrânia

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) determinou, nesta quarta-feira, que a Rússia encerre as ações militares na Ucrânia.

"A Federação Russa deve suspender imediatamente as operações militares que iniciou em 24 de fevereiro de 2022 no território da Ucrânia", disseram os juízes da Corte.

Os juízes acrescentaram que a Rússia também deve assegurar que outras forças sob seu controle ou apoiadas por Moscou não devem continuar a operação militar.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, saudou a decisão da Corte.

"A Ucrânia obteve uma vitória completa em seu caso contra a Rússia na Corte Internacional de Justiça. A CIJ ordenou que a invasão para imediatamente. A ordem é obrigatória sob a lei internacional. A Rússia deve cumprir imediatamente. Ignorar a ordem isolará ainda mais a Rússia", disse Zelenskiy no Twitter.

Ainda há grande lacuna em negociação de paz entre Rússia e Ucrânia, dizem autoridades ocidentais

Ucrânia e Rússia estão levando a sério as conversações de paz, mas ainda há uma lacuna muito grande entre os dois lados, disseram autoridades ocidentais nesta quinta-feira, acrescentando que o presidente russo, Vladimir Putin, não parecia estar com disposição para fazer concessões.

Embora ambos os lados tenham apontado para um progresso limitado nas conversações de paz esta semana, Putin mostrou poucos sinais de disposição para ceder durante um discurso televisionado no qual citou "traidores e escória" na Rússia que estariam ajudando o Ocidente.

"Ambos os lados estão levando (as conversações) a sério, mas existe uma lacuna muito, muito grande entre as posições em questão", disse uma autoridade ocidental, falando sob condição de anonimato.

Outra autoridade acrescentou: "Aqueles… que viram o presidente Putin se dirigir à nação ontem seriam perdoados por pensarem que a Rússia não estava com humor para um acordo".

Um negociador ucraniano disse que está na mesa de negociação nas conversações entre Kiev e Moscou um "modelo" legalmente vinculante de garantias de segurança que ofereceria à Ucrânia proteção de um grupo de aliados no caso de um ataque futuro.

Uma autoridade ocidental disse que os detalhes sobre quem seria o garantidor da segurança eram objeto de conversas com parceiros internacionais, mas que era importante estabelecer os termos.

Perguntados sobre o papel da China no conflito e sua disposição de fornecer armas à Rússia, as autoridades ocidentais disseram acreditar que a resposta da China ainda estava em processo de formulação.

"A liderança deles gostaria de apoiar a Rússia… mas está cada vez mais consciente… de como isso está indo mal no momento e do custo de reputação associado ao fato de estarem no lado russo", disse uma autoridade. "É um quadro complexo e de forma alguma estático."

EUA denunciam 'ameaça russa para desestabilizar' Américas

A Rússia ameaça "desestabilizar" as Américas, acusou nesta quarta-feira o chefe da diplomacia americana para a América Latina e o Caribe, o qual alertou que Washington "tomará medidas" para defender seus interesses.

"Houve ameaças, nem mesmo veladas, de funcionários do alto escalão russos, que estariam tentando tirar proveito de suas alianças" nas Américas para "desestabilizar" a região, disse Brian Nichols, durante um evento organizado pelo Diálogo Interamericano em Washington. "Isso é inaceitável e tomaremos medidas para defender nossa segurança nacional e nossos interesses nacionais".

A Rússia investiu recentemente na diplomacia com a América Latina, zona de influência dos Estados Unidos, em busca de aliados. O presidente russo, Vladimir Putin, recebeu o colega brasileiro, Jair Bolsonaro, em Moscou, onde já havia se encontrado com o presidente argentino, Alberto Fernández.

Putin conta com três aliados na região (Cuba, Venezuela e Nicarágua), que o apoiaram quando ele lançou a invasão à Ucrânia.

Na semana passada, o Comando Sul dos Estados Unidos apresentou um documento ao Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Representantes (Hasc) no qual afirma que a Rússia "continua desestabilizando a região e minando a democracia" por meio da desinformação.

"A relação entre a Rússia e seus principais parceiros regionais permite que Moscou amplie seu acesso aéreo e marítimo para projetar poder militar na região", acrescenta o texto.

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