Luiz Solano*
Ainda adolescente, andando pelas ruas de Abaetetuba, cidade interiorana do Estado do Pará, minha terra natal, lembro-me com saudade do meu curso primário em que, antes de entrarmos para as salas de aula, devidamente perfilados, cantávamos o Hino Nacional brasileiro.
Eu não entendia o que significavam as frases “Ouviram do Ipiranga, às margens plácidas…”, mas achava lindo. O tempo passava e eu descobria coisas novas a cada dia.
Meu universo era muito pequeno dentro de um Estado gigante, que, embora desconhecido, guarda riquezas imensuráveis. Enquanto caminhava, absorto em sonhos distantes, fui despertado pelos sons de um alto-falante tocando a mais linda música, até então ouvida, que fez com que eu tentasse entender a razão de tanta euforia:
Você sabe de onde eu venho?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Do pampa, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.
(DE ALMEIDA, Guilherme; ROSSI, Spartaco. Canção do Expedicionário. Exército Brasileiro)
Eram os pracinhas brasileiros que retornavam dos campos de batalha europeus, cobertos de glória e enaltecidos pelos exércitos que participaram do conflito mundial. Os soldados brasileiros deixaram saudade na população, quando daqui saíram, e nos italianos, quando de lá partiram.
Foi a partir desse instante que senti que meu futuro estava definido. Passei a me interessar e estudar sobre tudo que dizia respeito às Forças Armadas brasileiras. O interesse também crescia pelo fato de ser morador de uma região sobre a qual o interesse exterior é muito grande, devido à enorme diversidade mineral, vegetal e animal, que a torna alvo da cobiça internacional. Não fosse a existência de unidades militares, não só a expropriação de nossas riquezas estaria acontecendo, mas também a invasão de nosso território.
Por ser jornalista, acompanhei o início da construção da transamazônica, transformando a tão sonhada interiorização do País e realizando a ligação da Região Norte ao restante do Brasil. Com tristeza, vi o abandono da obra após o término do governo militar. Acompanhei o trabalho de Cândido Rondon pelos sertões brasileiros, levando cultura e senso de brasilidade aos nossos selvícolas.
Tivessem os políticos brasileiros um décimo do patriotismo dos militares, o Tronco Principal Sul da rede ferroviária construída pelos batalhões do Exército estaria evitando greves de caminhoneiros. As cargas, hoje transportadas em caminhões, teriam um frete mais barato. E o perigo que é viajar por rodovias seria diminuído.
É surpreendente ver um General Villas Bôas esquecer de seus problemas de saúde e continuar a trabalhar, com tenacidade e respeito aos valores que prega, na busca da consolidação de nossa Constituição, para dar exemplo de respeito à Nação que ajudou e continua ajudando.
Por onde quer que eu ande, seja nas grandes cidades, seja no mais distante povoado, na selva amazônica, no sertão nordestino e nas gélidas madrugadas dos pampas gaúchos, lá está a presença das Forças Armadas, garantindo a nossa soberania.
Mesmo após irem para a reserva, os militares não esquecem seus pares. Criam associações, não só com objetivo de lazer, mas principalmente de busca de soluções para seus próprios problemas e de seus familiares.
Entre elas, faço questão de citar as associações de militares da reserva (ASMIR), existentes em todos os rincões do Brasil; as federações da família militar (FAMIL) e a Confederação da Família militar (CONFAMIL).
Além dessas entidades, o próprio Exército criou a denominada Reserva Ativa, que se reúne mensalmente para almoço de confraternização e troca de informações, entre militares da ativa e da reserva, com a finalidade de manter latente o sangue verde-oliva que corre em suas veias.
Não tive a felicidade de servir nas Forças Armadas, mas agradeço o convite que recebi do meu amigo, jornalista, escritor e bacharel em Ciências Sociais, Subtenente Ruy Telles, presidente da FAMIL-DF, para ser seu assessor de comunicação.
*LUÍZ SOLANO: É membro da Academia de Letras e Artes do Planalto e do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal