Ten Emília Maria
O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) realizou, na quarta-feira (07/12), o lançamento do quarto foguete suborbital VSB-30 a partir da organização militar da Força Aérea Brasileira (FAB) situada na península alcantarense. O veículo levou a bordo a carga útil MICROG2 com oito experimentos científicos e tecnológicos, atendendo à primeira chamada do 4º Anúncio de Oportunidades do Programa Microgravidade da Agência Espacial Brasileira (AEB) como parte da Operação Rio Verde, iniciada no dia 20 de novembro no CLA.
A campanha de lançamento, coordenada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), teve por objetivo principal realizar o lançamento do veículo VSB-30 V11, o rastreio da carga útil MICROG2 com posterior resgate em alto mar, e utilizando o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) como estação remota.
O veículo foi lançado às 11h10, pelo horário local, com duração total de voo de 11min04seg. A carga útil com experimentos de instituições de ensino e pesquisa nacionais foi recuperada no litoral maranhense por helicópteros H-60 Black Hawk da FAB.
"Pode-se afirmar que vários objetivos da Operação Rio Verde foram plenamente atingidos. Entretanto, o veículo não proporcionou aos experimentos os esperados 6 minutos de voo em ambiente de microgravidade. A recuperação da carga útil no mar foi bem sucedida e, analisando os dados recebidos por telemedidas, poderemos avaliar o desempenho do veículo, que deverá constar do relatório final da operação, a ser elaborado nos próximos 30 dias", explicou o Coronel Avandelino Santana Junior, Coordenador Geral da Operação Rio Verde.
Durante o voo os experimentos embarcados transmitiram dados via telemetria que possibilitarão aos pesquisadores responsáveis aprimorarem estudos como controle térmico de equipamentos eletrônicos tanto no espaço como em terra, utilização de sensores para determinação de atitude de sistemas espaciais, acompanhamento das mudanças de fase de amostras distintas de materiais no espaço, desenvolvimento de um GPS de aplicação espacial capaz de determinar a latitude, longitude e altitude da carga-útil durante todas as fases do voo de um foguete, qualificação de sistema de segurança que impede a ignição não programada de veículos espaciais e desenvolvimento de um sequenciador de eventos pirotécnicos e comutação de energia.
A Operação Rio Verde reuniu em torno de 250 participantes de forma direta e indireta, entre militares, servidores do Comando da Aeronáutica (COMAER) e pesquisadores. Na mesma Operação foi lançado e rastreado um Foguete de Treinamento tendo por objetivo testar a operacionalidade, verificação e apronto dos meios de lançamento e de rastreio.
Além do CLA, participaram da operação o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), organização militar responsável pelo desenvolvimento do veículo, atuando na gerência do projeto, o CLBI como estação remota de rastreio. Colaboraram ainda, o Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR), o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), a Marinha do Brasil (MB) e o Centro Espacial Alemão (DLR). Ainda, participaram com experimentos embarcados na carga útil MICROG2, cientistas e pesquisadores do IAE, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Resgate – Os Esquadrões Harpia, Netuno e Aeroterrestre de Salvamento participaram do resgate da carga útil do foguete lançado pelo CLA. Os esquadrões tiveram o apoio do 1º/1º Grupo de Comunicações e Controle (GCC) da FAB. A carga pesava cerca de 500 kg e caiu a cerca de 30km da costa do Centro de Lançamento de Alcântara.
O Tenente Diogo Surigue Uzeda Ferreira estava no helicóptero que transportou os militares do Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (EAS) até o local e foi o responsável por localizar a carga. "O ambiente de recuperação da carga útil é o mar aberto onde as referências são escassas e a visualização de um objeto se torna extremamente difícil. A preparação envolveu mais de dez dias de planejamento, treinamentos diários, padronizações e testes com simulacro da carga útil", explicou o militar.
Quatro militares do EAS desceram por meio de guincho para amarrar a carga que depois foi içada por outro helicóptero. O voo com as duas Aeronaves H-60L Black Hawk e um P-95 Bandeirulha durou cerca de 02h30.
A preparação iniciou no dia 27 de novembro, envolvendo voos diários, tanto para treinamento quanto para a mobilização da ilha de Santana, definido como ponto de apoio de reabastecimento e onde foi montado o sistema de comunicação do 1º GCC.