CALIFADO ISLÂMICO¹: AL QAEDA E DAESH². “PLANO-MESTRE”

Voces verão nada além de corpos e mais corpos e caixões após caixões funerários daqueles  chachinados deste modo (decapitados).      Abu Musab al-Zarqawi, 2004 
       

A ressurreição do Califado foi planejada – e revelada ao mundo – há cerca de dez anos atrás.       Raymond Ibrahim, 2013*       

 

Frederico Aranha
Pesquisador
aranha.frederico@gmail.com

                                                                                                       
Introdução


Nos idos de 1993 foi deflagrada na Jordania operação militar/policial contra radicais islâmicos. No meio de centenas de prisioneiros estavam Fouad Hussein, jornalista engajado de Aman, e Abu Musad al-Zarqawi, jordaniano membro da Irmandade Muçulmana, militante radical e veterano da luta contra os soviéticos no Afeganistão. Travaram sólida amizade, a ponto de Hussein com suas boas ligações interceder para livrá-lo da solitária. Em 1999, o novo rei Abdulah II indultou mais de 500 prisioneiros entre eles Hussein e Zarqawi. Após breve exílio no Irã, Zarqawi militou na Síria, Iraque, Líbano, Afeganistão e Europa, onde era procurado po[i]r planejar atentados na Alemanha; se fixa no Iraque em 2002, estabelecendo uma célula da Al Qaeda nos arredores de Tikrit, terra do clã Saddam Hussein.

Após a invasão americana, consegue congregar inúmeros grupos insurgentes menores dispersos, passando a comandar sangrentos atentados além de organizar e chefiar o levante sunita contra os americanos em várias regiões do país. Sua cabeça, posta a prêmio, estava cotada em 25 milhões de dólares. Provoca um contencioso com Osama Bin Laden por conta de divergências quanto à estratégia do grupo no país.

Por fim se impõe e é chancelado em 2004 como o “Emir da Al Qaeda no Iraque”. Foi morto em 2006 juntamente com a cúpula do grupo por forças especiais americanas e agentes jordanianos. A Al Qaeda Iraque ou “Organização da Al Qaeda Iraque e da Guerra Santa na Mesopotânia” passa ao comando de clérigos iraquianos radicais e militares veteranos do Exército de Saddam. Tornar-se-á o embrião do Daesh.
            
Por sua vez, Fouad Hussein retoma a plena atividade jornalística em Aman, embora com feitio moderado. Com o apoio e proteção de Zarqawi trava contato e realiza longas entrevistas e mantém correspondência com o próprio Zarqawi, com Saif al-Adel, ex-Coronel do Exército Egípcio, especialista em explosivos e alto comandante da Al Qaeda central, e o iraquiano Abu al-Maqdisi, ideólogo pró Al Qaeda, mentor de Zarqawi e elo de ligação com os mandatários da era Saddam, afora diversos comandantes seniores do grupo terrorista.

O material reunido resultou em 2005 num livro escrito em árabe, Al-Zarqawi – Segunda Geração da Al Qaeda, em que Hussein detalha o que denomina “A Grande Estratégia da Al Qaeda”: uma sequência de ações planejadas para serem executados paulatinamente ao longo de duas décadas. Também chamado “Plano-Mestre”, revelou-se mais tarde, com o acréscimo de trabalhos de outros ideólogos jihadistas, o manual estratégico informal do Daesh.  O livro, sem tradução, é pouco divulgado no Ocidente, mas é do pleno conhecimento dos serviços de inteligência. Ganhou em 2006 um resumo do jornalista investigativo alemão Yassin Musharbash da revista semanal Die Zeit.

O conteúdo da reportagem, embora sintético, respeita a estrutura do livro – sete etapas de operações terroristas e militares visando reimplantar o Califado islâmico. Nas palavras de Yassin é um plano lunático ao mesmo tempo assustador e absurdo, concebido por fanáticos que vivem em seu próprio mundo, mas que agem continuamente para inserir-se e alterar o mundo real com seus atos brutais de violência. A fonte mais valiosa de Hussein é Saif al-Adel, o terrorista egício organizador e mandante dos atentados contra as embaixadas americanas em Nairobi e Dar es-Salaam na África, em 1998, entre outros.

Esteve por trás dos assassinatos do Presidente Anwar Al-Sadat do Egito e de Ahmed Shah Massoud chefe da Aliança do Norte do Afeganistão aliada do EEUU. Lutou com destaque no Afeganistão contra os soviéticos; treinou e comandou ramo da guerrilha somali do “senhor da guerra” Mohamed Aidid, que inflingiu severa derrota a forças especiais americanas na capital Mogadishu, em 1993. Instalou-se em Kabul em 2000 e era conhecido como o “número um” na rede de rádio Al Qaeda/Taliban.

Depois da debacle no Afeganistão em 2001, passou algum tempo em prisão domiciliar no Irã. Foi libertado em circunstâncias desconhecidas. Está no Iemen comandando as operações da Al Qaeda da Península Arábica (AQAP) contra a tribo Houthis, cujo pano de fundo é o sectarismo –  sunita do grupo, versus xiita da tribo apoiada pelo Irã. Ao mesmo tempo, combate o governo eleito apoiado pela Arábia Saudita. Considerado o mais perigoso sobrevivente da velha guarda da Al Qaeda, é o atual chefe militar da organização.
            
Para provar que realmente contatou o terrorista, Hussein publica nas duas primeiras páginas do livro cópia de carta manuscrita recebida de al-Adel.  No documento original de quinze páginas al-Adel traça as linhas mestres das lutas futuras e relata, por exemplo, o contencioso entre Zarqawi e Bin Laden, em torno de táticas e estratégias, iniciado durante a guerra contra os soviéticos no Afeganistão e a posterior resistência ao ataque americano em 2001, opinando a respeito. Hussein enfatiza que fundamentos propostos por al-Adel integram na maior parte a estratégia geral da Al Qaeda e sobremodo o dito “Plano-Mestre”.
                 
O Plano-Mestre
           
Na introdução do livro Hussein escreve – entrevistei um amplo leque de comandantes da Al Qaeda de diferentes ideologias, para ter uma ideia de como a guerra entre os terroristas e Washington se desenvolverá no futuro. Por sua vez Yassin critica o que o jordaniano descreve entre as páginas 202 e 213, As Fases:é um cenário que prova tanto a falta de visão dos terroristas, como a sua obstinada brutalidade. O alemão equivocou-se: não soube em 2006 avaliar o potencial do movimento.
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  Primeira Fase   Conhecida como “Aterrorizadora”, perdurou de 2000 a 2003, ou mais precisamente desde os ataques de 11 de setembro de 2001 no EEUU até a queda de Bagdá em 2003. O objetivo dos ataques de 9/11 era instigar o EEUU a declarar guerra ao mundo islâmico e dessa forma “sobressaltar” os muçulmanos. A primeira etapa foi considerada pelos estrategistas e teóricos da Al Qaeda um grande sucesso, escreve Hussein. O campo de batalha foi inaugurado e os americanos e seus aliados tornaram-se um alvo próximo e fácil. Registra que o movimento terrorista ficou muito satisfeito pelo fato da sua mensagem apocalíptica ser ouvida em toda parte.
         
Essas evidências
de certo modo fazem sentido. Para muitos muçulmanos os ataques de 9/11 foram inspiradores e animadores, emprestando credibilidade à caracterização da América do Norte como um “tigre de papel” feita por Bin Laden. A maioria dos islamitas diz Hussein, ‘reaprendeu’ as verdades da sua religião e especialmente que o infiel é um inimigo real e que a Jihad contra ele é um dever, tal como a Al Qaeda e outras organizações mostraram com considerável sucesso.

*        Segunda Fase “Olhos Abertos” é a etapa que estamos vivendo agora (escrito em 2005) até 2006. Hussein diz que o grupo espera transformar a “conspiração do ocidente” no motor para a conscientização da comunidade islâmica. Acredita que a Al Qaeda quer nesta etapa a evolução da organização para um grande movimento. Afirma que o grupo está investindo fortemente no recrutamento de homens jovens. O Iraque deverá ser o centro das operações globais com um “exército” ali estacionado. Bases serão estabelecidas em outros estados árabes vizinhos e em outras regiões com presença muçulmana.
            
Entre outras coisas, a comunidade Islâmica, a Umma, obteve mais visibilidade e voz nessa época, traduzidas em ataques e protestos contra os “insultos” dirigidos ao Islã e acusações de “islamofobia”, a todos sem exceção. Apesar de não ter ocorrido nenhum ataque espetacular no nível do 9/11 durante esse tempo, jovens muçulmanos estavam discretamente treinando e se juntando à Jihad – ou no jargão ocidental “radicalizando”. A Al Qaeda passou a ser um movimento radical internacional. E o Iraque, como se sabe, tornou-se com efeito o “centro das operações globais”, abrigando um “exército” de jihadistas.

*Terceira Fase É descrita como “Ascensão e Resiliência” e vai de 2007 a 2010. Terá foco na Síria, profetiza Hussein com base nas informações das suas fontes. As unidades combatentes estão prontas no Iraque, complementa. Estão também previstos ataques na Turquia e em Israel – o que seria explosivo. Hussein alerta que a Jordânia corre perigo.
            
De modo geral, esta fase é uma extensão da anterior. O foco passou a ser também a Síria e muitos dos jihadistas estavam preparados para agir não só no Iraque, onde as ações se intensificariam, não obstante a forte pressão americana que levou quase à paralisia o movimento. Nada disso surpreende, pois a inteligência americana indicava que os militantes iriam ocupar o vazio deixado pela retirada quase total das forças do EEUU em 2009. Os estrategistas da Al Qaeda acreditavam que as operações contra Israel facilitariam o reconhecimento da organicidade do grupo terrorista. Esse plano frustrou-se pela oposição das facções palestinas e do Hezbolah, motivada por questões religiosa e estratégica.

* Quarta Fase De 2010 a 2013. Hussein escreve que o grande objetivo da Al Qaeda será levar os odiados governos árabes ao colapso. A estimativa é que a perda gradual de poder dos regimes atacados, pavimentará o caminho para o rápido crescimento do poderio do movimento. Ao mesmo tempo, serão realizadas operações contra países produtores de petróleo e a economia do EEUU será atacada com o emprego do ciber terrorismo (sic).
           
Extremamente profético. Esse período coincide com a assim chamada Primavera Árabe, que culminou com os terroristas islâmicos e/ou seus aliados assumindo o controle de países árabes formalmente governados por autocracias secularizadas: Egito, Irmandade Muçulmana; Libia, Al Qaeda/Jihadistas islâmicos; e a Síria (em andamento), Al Qaeda/Jihadistas islâmicos e o Estado Islâmico, “segunda geração da Al Qaeda”, etc. É preciso lembrar que em cada uma destas nações – Libia, Síria – a administração Obama apoiou e tem apoiado grupos jihadistas pretensamente em nome da democracia. No Egito os militares tomaram o poder; tornou-se alvo do Estado Islâmico.

* Quinta Fase Esta é a quadra em que o Estado Islâmico ou Califado poderá ser anunciado; o plano prevê que seria entre 2014 e 2016, conforme Hussein. A influência do Ocidente no mundo islâmico estará no mais baixonível e Israel tão apremiado, que não se teme maior resistência. A Al Qaeda espera que nessa ocasião o nascente Estado Islâmico esteja apto a instituir uma nova ordem mundial.
           
No tempo previsto: o porta-voz do Daesh anuncia o Califado em junho de 2014, com a adesão imediata de indivíduos e movimentos do Oriente Médio, norte da África, Europa e Ásia Central e de inúmeros países ao redor do mundo. Ao mesmo tempo que apoiou a Primavera Árabe em nome da democracia no Egito, Líbia e Síria, o EEUU ajudou de certo modo a criação do Daesh, retirando suas forças que estavam mantendo a Al Qaeda contra a parede no Iraque.

Em 2007, George W. Bush alertou que iniciar a retirada antes de nossos comandantes informarem que a situação está sob controle, será perigoso para o Iraque, para a região e para o EEUU. Representa entregar o futuro do Iraque para a Al Qaeda. Quer dizer, haverá violência numa escala sem precedentes. (…)Poderá proporcionar aos terroristas um ‘paraíso seguro’ no Iraque, substituindo o que perderam no Afeganistão (…). Todas essas previsões tornararm-se realidade, não que Bush – um dos responsáveis pelo problema – seja competente ou profeta, mas porque a inteligência americana compreendeu claramente a situação no Iraque e alertou Obama, como já fizera com Bush.

Apesar disso, Obama proclamou em 2011 a guerra no Iraque um “sucesso” e ordenou a retirada das tropas restantes, deixando o caminho aberto para o prosseguimento do “Plano-Mestre” jihadista de ressucitar o Califado.

* Sexta Fase Hussein acredita que de 2016 em diante haverá um período de “Confrontação Total” envolvendo diversos atores pelo mundo. A medida que o Califado organizar o grande Exército Islâmico, a luta entre “crentes e descrentes” recrudescerá, tal como prevista inúmeras vezes por Osama Bin Laden. 
          
À primeira vista, essa luta entre crentes e descrentes seria entre muçulmanos e não muçulmanos. Não é o caso. Logo após o anúncio do Califado, o Daesh deixou bem claro que deflagrava a Jihad contra “apóstatas” e “hipócritas”, querendo dizer com isso os líderes arábes “apóstatas” e “hipócritas” como Bashar al-Assad, bem assim contra a população muçulmana “insuficientemente islâmica”. Até porque, os sunitas salafistas/waabistas julgam os demais islamitas não sunitas como falsos muçulmanos.

É por esta razão que o novo Califa tomou o nome “Abu Bakr” – o do primeiro Califa histórico (632-634), cujo califado caracterizou-se por combater e arrebanhar para o Islã todos aqueles que se afastaram após a morte de Maomé. O Daesh não considera suas vítimas muçulmanos.

* Sétima Fase Este estágio final é descrito como a “Vitória Definitiva”. Hussein anuncia que, aos olhos dos terroristas, o Califado será vitorioso sem dúvida, porquanto o resto do mundo estará totalmente batido por um bilhão e meio de muçulmanos !Esta etapa se completará em 2020, em que pese a guerra total perdurará por no mínimo mais dois anos.
           
São cinco anos pela frente para os planos urdidos, diga-se, com fortes cores de utopia, se concretizarem. De qualquer sorte, considerando que as fases precedentes se consumaram de um modo ou outro – com o Ocidente ou passivo, ou pouco fazendo para impedí-las, quando não as apoiando – nada permite pensar que as lideranças ocidentais vão ou poderão verdadeiramente barrar o resultado da fase final do “Plano-Mestre”: um Califado unificado, agressivo, expansionista e eventualmente armado com artefatos militares de última geração, talvez armas de destruição em massa – químicas e nucleares, preparado para aterrorizar a vizinhança e alhures numa escala sem precedentes – assim como seus antecessores  históricos fizeram por séculos.

Conclusões
          
Estranha, mas não surpreende, a ausência no “Plano-Mestre” de um quesito relativo à obtenção dos recursos para financiar as operações. Ocorre que a Al Qaeda sempre subsistiu por obra de doações de adeptos e de apoiadores discretos, sobretudo de instituições religiosas e governos da península arábica. 

O Daesh, graças ao planejamento encetado por os militares profissionais da era Saddam, contemplou como prioridade, paralelamente às ações militares, a arrecadação de meios mediante atividades criminosas e o controle de negócios do petróleo, exploração de reservas minerais, produção de cimento, produção agrícola, controle da água e especulação financeira. O assalto à filial de Mosul do Banco Central do Iraque em 2014 rendeu 450 milhões de dólares ao grupo, assegurando os passos seguintes e a extraordinária expansão, refletindo hoje em dia uma “máquina de guerra” de presumíveis 2 bilhões de dólares de acordo com diversas fontes.
            
O Secretário Geral da ONU Ban Ki-moon, em manifestação recente (04/02/2016), declarou que o Estado Islâmico é a organização terrorista mais rica do mundo. Informou que o grupo, inicialmente localizado no Iraque e na Síria em 2014, comanda agora 34 “Províncias Oficiais” somadas a cerca de 50 grupos independentes administrativamente, ditos “Filiados”, em 21 países ou regiões ao redor do mundo. Reafirmou que o Daesh é uma ameaça sem precedentes graças à capacidade e habilidade de angariar apoio de movimentos muçulmanos, radicais ou não, em todos os países em que a população de uma forma ou outra professa o islamismo.

Alerta que os países que compõem a ONU devem se preparar para enfrentar em 2016 um aumento dos ataques de grupos filiados ao Daesh a partir de vários países, haja vista a facilidade de deslocamento de militantes e a possibilidade de criação de estruturas militares, irregulares ou convencionais, permanentes. A recente expansão da esfera de influência do Estado Islâmico em apenas 18 meses demonstra a rapidez de ação do grupo e a evolução da escala da gravidade da ameaça, disse ele. Adverte, também, que os ataques concentrados ao Daesh, sobretudo à infraestrutura econômica do movimento na Síria e aos redutos no Iraque, debilitando-o sobremaneira, têm favorecido o fortalecimento da Al Qaeda, fato que não pode ser negligenciado pelos Estados-Membros.
         
O que o Daesh falhou em obter com armas e táticas avançadas por ter perdido omomentum, em razão dos ataques concentrados que vem sofrendo, pode ser alcançado com a alteração da situação militar em Aleppo e no noroeste da Síria como um todo. As derrotas sofridas pelos grupos rebeldes nas mãos do regime Assad e seus aliados pode comprometer perigosamente os esforços futuros para derrotar o Daesh. O avanço sírio reforçado por milícias xiitas iraquianas e do Hezbolah – apoiadas pelo Irã – poderá inflamar as dimensões sectárias da guerra civil. O perigo é que as milícias estrangeiras – com a crucial ajuda da ofensiva aérea russa – sem, necessariamente, contar com apoio local ou com a experiência e aptidão para dominar e controlar territórios, criarão inevitavelmente no rastro da ofensiva uma brecha para as forças do Daesh que planejam ocupar essa área.

O fato do regime sírio valer-se de milícias estrangeiras, demonstra a ausência de reserva humana capaz de ser convocada para formar tropas próprias que possam ser desdobradas com vistas a proteger as áreas reocupadas. O crescimento da participação de forças estrangeiras sectárias (xiitas) é um “presente” para as forças sectárias do outro lado. Os operadores xiitas iraquianos do Hezbolah e da tropas da Guarda Revolucionária do Irã têm deixado bem claro sua aversão, e mesmo ódio, aos sunitas que representam a maioria esmagadora dos grupos rebeldes e particularmente do Daesh. Essa é uma novidade no panorama da fluída guerra civil síria de desenlace imprevisível. Ademais, não há a certeza de que o Daesh será facilmente expulso dos seus redutos pelos esforços concentrados do regime sírio, iraquiano e de outras potências.
          
O Daesh promove atualmente uma grande demonstração de organização e força, deslocando militantes para a Líbia. Paracomandar e promover a expanção da presença do movimento por lá, o Alto Comando enviouo Emir TeimurazBatirashvili aka Omar al-Shishani (O Checheno), talentoso e feroz comandante das tropas  especiais do Califado na Síria, reunidas no denominado “Grupo do Diretório Central”, e membro do Conselho Shura³;é um dos terroristas mais procurado por os serviços de inteligência do ocidente e da Rússia. A presença do Daesh na Líbia dobrou desde o ano passado, alcançando mais de 6.000 combatentes. Grandes recursos estão sendo drenados para a região, onde o grupo executa sofisticada campanha multi-frentes contra a infraestrutura petrolífera da Líbia visando tomá-la, demonstrando ser uma organização com capacidade operacional internacional. A consolidação do Daesh na costa líbia – já domina cerca de 100 km de litoral com pivô em Sirte, sua praça forte – significa também uma grave ameaça à navegação no Mediterrâneo Ocidental.
 
* Raymond Ibrahim é historiador B.A. e M.A. e especialista em Oriente Médio e Islã.
Escreveu The Al Qaeda Reader (2007) e Crucified Again: Exposing Islam’s New War on Christians (2013) (disponíveis na Amazon/Kindle).

Seus artigos, traduções e comentários aparecem em várias publicações e programas de prestígio, e websites populares como American Thinker, the Blaze, Bloomberg, Breitbart, Christian Post, Daily Caller, FrontPage Magazine, Gatestone Institute, the Inquisitor, Jihad Watch, NewsMax, National Review Online, PJ Media, the UK’s Commentator, e World Magazine. É autor da reputada tese The Battle of Yarmuk, elaborada sob orientação do historiador militar Victor D. Hanson.

Notas

1. Atualmente, o Estado Islâmico, ou o pretenso Califado está solidamente implantado, para além do Iraque e Síria, nas chamadas Wilayahs (Províncias): da Líbia, do Egito, Somália, Iemen, Nigéria, Afeganistão, Paquistão, Cáucaso (Chechênia e Daguestão), Ásia Central (Uzbequistão, Turcomenistão, Tajiquistão); ou operando por meio de “Filiais”: na Tunísia (de onde provém o maior número de voluntários), Argélia, África Central, Turquia, Rússia, Indonésia, Filipinas e Europa Ocidental. 

2. Acrônimo em árabe de “Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Síria)”. A palavra Daesh em árabe é semelhante à Daes que significa “aquele que esmaga algo”, ou Dahes que quer dizer “aquele que semeia a desordem”. Os radicais do Estado Islâmico odeiam que o grupo seja chamado Daesh.

3. Conselho Consultivo do Califado composto de nove a onze membros mais proeminentes do grupo. Trata e decide soberanamente sobre questões fundamentais de Estado – Defesa e Segurança e Grande Estratégia.
 
(Porto Alegre, Fevereiro/2016)
 
 
Fontes de Consulta: Enlaces Eletrônicos
 
http://www.dailymail.co.uk/home/index.html
http://www.spiegel.de/
http://www.zeit.de/index
https://www.washingtonpost.com/
https://www.reddit.com/r/syriancivilwar/
http://foreignpolicy.com/
http://www.syriahr.com/en/
http://www.raymondibrahim.com/
http://pt.gatestoneinstitute.org/
http://www.worldmag.com/
http://www.jihadwatch.org/
http://www.pewresearch.org


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