Sistemas inteligentes renovam aeronaves

Virgínia Silveira


Os principais fabricantes de aeronaves aboliram o uso de papel para o desenvolvimento dos projetos e desenhos de engenharia, abrindo espaço para ferramentas eletrônicas no ambiente de fabricação. O uso de sistemas inteligentes tem otimizado os operadores dessas empresas na montagem final das aeronaves, garantindo qualidade e produtividade nos processos, produtos e serviços.

Airbus

O grupo Airbus conseguiu reduzir drasticamente o tempo de produção do A380 e A350 XWB com o uso de uma ferramenta inteligente que integra uma maquete digital no ambiente de produção, fornecendo o acesso ao modelo 3D aos operadores que trabalham diretamente com o avião a partir de qualquer perspectiva.

A utilização do dispositivo digital, segundo a Airbus, reduziu de três semanas para apenas três dias o tempo de inspeção de prendedores da fuselagem do A380. A empresa pretende incrementar o uso de automação em processos tradicionais de identificação e diagnóstico de falhas ou defeitos na linha de produção de aeronaves.

"O grupo Airbus tem feito a introdução progressiva de robôs inteligentes para realizar tarefas repetitivas, liberando funcionários para assumir funções que exigem uma maior habilidade ou mais tarefas", informa a empresa.

Embraer

Na linha de produção dos jatos comerciais E2 da Embraer, em São José dos Campos, o último grande pacote de automação que falta ser concluído é o do alinhamento da junção da fuselagem.

"Demos um grande passo nos jatos executivos Legacy 500 e depois no jato militar KC-390. No E2 fomos um pouco além e conseguimos realizar todo o percentual de automação planejado para o avião", afirmou o vice-presidente de suprimentos e manufatura da Embraer, Francisco Soares.

Até meados do próximo ano, segundo o diretor de engenharia de manufatura da Embraer, Antonio Carmesini, o nivelamento do processo de junção da fuselagem do E2 será feito de forma automática, na qual sensores ou lasers fazem o mapeamento de cada um dos segmentos da estrutura, garantindo assim maior precisão e qualidade no processo de alinhamento sem a interferência humana.

A Embraer, segundo Carmesine, atingiu um nível de automação equivalente ao dos grandes fabricantes de aeronaves no mundo, guardadas as devidas diferenças e proporções em relação aos aviões de maior porte. O diretor lembra, no entanto, que a brasileira saiu na frente em 2015, ao conseguir automatizar a montagem das asas da sua nova família de E-jets E2.

Outro diferencial da Embraer em relação às demais empresas do setor na área de automação do seu sistema de manufatura, que segue o conceito de indústria 4.0, é o seu processo de pintura de aeronaves. "Conseguimos alcançar um efeito de qualidade muito bom da superfície pintada e maior controle da quantidade da tinta aplicada, o que resultou em uma redução de peso do avião", ressaltou Carmesini.

O próximo desafio da Embraer em termos de automação, segundo o vice-presidente Francisco Soares, é investir mais no sensoriamento do parque industrial de modo que ele possa repassar as informações para o chão de fábrica em tempo real. "Precisamos pensar mais em como obter essas informações para tomar decisões rápidas e antecipadas, que permitam atuar preventivamente, garantindo um processo produtivo mais eficaz." A automação neste caso, segundo Soares, vai além do que colocar um robô na planta.

Bombardier

A canadense Bombardier decidiu construir uma nova fábrica, com duas linhas de produção para seus novos jatos C Series (de 100 a 150 assentos), usando uma combinação de robótica e sistemas de GPS para montar componentes como a fuselagem e as asas.

"Usamos a automação quando sentimos que pode fazer a diferença em nossos processos de montagem, ou seja, para aumentar o nível de controle de tolerância, como na junção da estrutura da aeronave", explicou o diretor do programa dos jatos C Series, da Bombardier, Sébastien Mullot.

A companhia não detalha os investimentos destinados à automação, mas informou que aplicou 520 milhões de libras em uma planta em Belfast, na Irlanda do Norte, para suportar o desenvolvimento e a produção da asa dos jatos C Series. "Os investimentos em automação de produção e novos processos de fabricação vão apoiar nosso objetivo de produzir 120 aeronaves por ano a partir de 2020", afirmou o diretor da Bombardier.

Helibras

A Helibras, empresa do grupo europeu Airbus Helicopters, localizada em Itajubá (MG), além dos mock-ups digitais que auxiliam durante as fases de concepção e desenvolvimento, automatizou o processo de identificação e diagnóstico de falhas ou defeitos nas cablagens (cabos de sistemas elétricos das aeronaves).

Segundo o presidente da empresa, Richard Marelli, todas as operações aéreas, como planos de voos e check, utilizam o tablet, o que permite maior agilidade na visualização e tratamento dos dados dos testes em voo dos helicópteros.

"Em nível mundial trabalhamos com um robô jonctionning para a fuselagem do helicóptero NH90, mas também estudamos outros dispositivos não invasivos, como wearable computer, pequenos computadores como relógios de pulso ou óculos inteligentes Google Glasses", disse o engenheiro da Airbus Helicopters, Georges-Eric Moufle.

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