Nomeação de novo assessor de segurança dos EUA provoca temor de guinada militarista na Ásia

Já rotulado pela Coreia do Norte como “escória humana”, o novo assessor de segurança nacional do presidente norte-americano, Donald Trump, pediu uma mudança de regime no país isolado, despertando temores na Ásia antes de uma cúpula histórica entre Washington e Pyongyang.

Trump anunciou em um tuíte que está substituindo H. R. McMaster por John Bolton, ex-embaixador dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU) que já defendeu o uso de força militar contra a Coreia do Norte e o Irã e chegou a ser rejeitado por Pyongyang como negociador.

“Esta é uma notícia preocupante”, disse Kim Hack-yong, parlamentar conservador e diretor do comitê de defesa nacional do Parlamento da Coreia do Sul. “A Coreia do Norte e os Estados Unidos precisam dialogar, mas isso só faz com que se pergunte se as conversas acontecerão algum dia”.

Na Casa Azul presidencial de Seul, que vem sendo obrigada a transitar entre as personalidades imprevisíveis dos líderes de Pyongyang e Washington, as autoridades ficaram cautelosas.

“Nossa postura é que, se uma nova estrada se abre, temos que seguir aquele caminho”, disse um funcionário de alto escalão da Casa Azul a repórteres. “Bolton tem muito conhecimento das questões relativas à península coreana, e acima de tudo sabemos que ele é dos assessores do presidente dos EUA em quem se confia”.

A autoridade da Coreia do Sul disse que Chung Eui-yong, diretor da Agência de Segurança Nacional sul-coreana, ainda não conversou com Bolton e que a reação de Chung à demissão de McMaster “não foi ruim”.

Outra autoridade do governo de Seul lamentou a perda da camaradagem que McMaster desenvolveu com seu homólogo sul-coreano quando tratavam da questão nuclear norte-coreana juntos.

Os dois funcionários pediram para não serem identificados devido à delicadeza do tema.

Trump anuncia ofensiva comercial contra a China¹

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (22/03) medidas comerciais contra a China, acusada por ele de roubo de propriedade intelectual. As ações preveem a imposição de taxas sobre produtos importados do país asiático e processos na Organização Mundial do Comércio (OMC).

As sobretaxas sobre importações da China podem somar até 60 bilhões de dólares por ano. A Casa Branca afirmou que o governo publicará nos próximos 15 dias um lista com as tarifas propostas. Como potenciais alvos, já foram identificadas cerca de 1.300 linhas de produtos. A taxação só entrará em vigor após um período de 60 dias para consultas.

"Está ocorrendo um roubo tremendo de propriedade intelectual", disse Trump, ao assinar o memorando com as medidas. "Trata-se do maior déficit de qualquer país na história do mundo", acrescentou, ao comentar o desequilíbrio comercial entre Estados Unidos e China. Washington acumula um déficit de 375 bilhões de dólares no comércio com Pequim.

Trump culpou ainda o país asiático pela perda de empregos nos Estados Unidos e destacou que sua ação deixará os EUA mais ricos e fortes.

Além das tarifas de importação e de ações na OMC, o governo americano também propôs a restrição de investimentos chineses nos Estados Unidos.

O governo americano destacou, no entanto, que a China terá espaço para responder às medidas. Essa abertura reduz os riscos do início imediato de uma guerra comercial.

"Eu os vejo como um amigo", ressaltou Trump sobre os chineses, acrescentando que Washington está travando negociações com Pequim.

As medidas são resultado de uma investigação do governo americano, que durou sete meses, sobre supostas táticas que a China teria usado para desafiar a supremacia dos EUA em tecnologia. Segundo os Estados Unidos, o país asiático teria usado hackers para roubar segredos comerciais e exigido de empresas americanas a entrega de informações para poder entrar no mercado chinês.

Resultado controverso

Durante a campanha, Trump prometeu diminuir o déficit comercial dos EUA, que chegou a 566 bilhões de dólares no ano passado. Para isso, o presidente aponta a necessidade de reescrever novos acordos comerciais e reprimir práticas comerciais abusivas, que segundo ele, seriam praticadas por parceiros dos Estados Unidos.

Antes do anúncio americano desta quinta-feira, a China já havia alertado que tomará todas as medidas necessárias para se defender, elevando a possibilidade de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

As medidas também são controversas nos EUA. Dezenas de grupos industriais enviaram, no final de semana, um alerta a Trump. Eles argumentam que essas restrições terão impactos negativos na economia americana. Os empresários alegam que o país pode sofrer retaliações e ver um aumento dos custos para as empresas e consumidores.

¹por Deutsche Welle

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter