PCC – Três estados negam presença do grupo em seus territórios

DefesaNet

Série de artigos publicados por O Globo, em 25 Novembro 2012:

PCC – Maior grupo criminoso do país está em expansão Link

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PCC – Traficantes cariocas têm parceria com facção Link

Thiago Herdy
Sérgio Roxo

O governo de São Paulo reconheceu a expansão da facção paulista para além dos limites do estado e apontou a "necessidade de atuação conjunta entre o governo federal, os governos estaduais e as prefeituras" para combater a criminalidade. No entanto, três dos seis estados onde ocorreu o maior número de "batismos" no ano passado ignoram a presença da organização em seus territórios, apesar do alerta da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).

O governo de Minas Gerais, estado onde ocorreram pelo menos 90 "batismos" em 2011, disse acreditar que "não há registros de nenhuma facção criminosa, ao longo da história, nas ocorrências de criminalidade violenta no estado".

Em nota, a Secretaria de Defesa Social de Minas (Seds) informou ainda desconhecer a metodologia usada no relatório da Senasp, apesar da parceria que o órgão de Segurança Pública estadual mantém com a Promotoria de Combate ao Crime Organizado no estado, uma das mais atuantes no controle da atuação da facção paulista nos presídios mineiros.

O governo disse possuir "um sistema de inteligência prisional e policial consistente", que envolve as polícias Militar e Civil, e citou "ações policiais de fronteira organizadas que evitam a invasão de facções ou organizações criminosas".

Com pelo menos 30 "batismos" registrados em 2011, o Espírito Santo também descartou a atuação da organização em seu território.

– Não temos nenhuma informação sobre a atuação dessa facção aqui – disse o secretário de Justiça do estado, André Garcia.

Com pelo menos 27 "batismos", o Paraná seguiu na mesma linha.

"O Estado do Paraná não reconhece a referida facção criminosa como grupo estruturado, a exemplo das notícias que temos conhecimento em outras unidades da federação", disse a Secretaria de Segurança Pública em nota.

A Secretaria da Segurança Pública da Bahia, segundo estado com mais "batismos" (56), informou que os assuntos relacionados ao crime organizado estão sendo investigados pela superintendência de inteligência local e, que, por isso, não poderia comprometer as apurações em curso.

O Mato Grosso do Sul, terceiro estado com maior avanço (45 novos integrantes), não respondeu ao pedido de esclarecimentos do GLOBO.

Pernambuco foi o único estado a admitir a atuação da organização paulista em seu território. "Existem integrantes da facção que vieram cometer crimes no estado, foram presos e se encontram recolhidos em unidades prisionais", diz a nota assinada pelo secretário executivo de Defesa Social de Pernambuco, Alessandro Carvalho.

O estado reconhece ainda que "existem registros de "batismos" realizados para a cooptação de novos membros". Carvalho acrescentou que "o sistema de inteligência local acompanha as atividades para oportuna repressão ou difusão de informações às polícias de outros estados".

O governo de São Paulo se disse aberto a receber ajuda do governo federal para conter a expansão no país e citou a parceria recente para criação de uma agência integrada de inteligência, bem como a "participação efetiva de forças federais, como Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, nas ações realizadas no estado". Entre as medidas, está a expansão da central de perícias da polícia de São Paulo para identificar a origem da droga apreendida em outros estados.

"A parceria também contempla a transferência de líderes do crime organizado para presídios federais, com o intuito de isolá-los. Essa medida reforça isolamento já praticado pelo Estado, por meio dos RDDs (Regime Disciplinar Diferenciado)", escreveram os assessores na nota.

Procurado pelo GLOBO desde a última quinta-feira, o Ministério da Justiça não quis dizer o que pretende fazer para conter o avanço da facção paulista no país, nem se pretendem oferecer apoio aos estados para onde o grupo avança.

O ministério se limitou a informar que não comentaria "ações de inteligência na área de Segurança Pública".
 

   

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