A simulação viva para blindados e a contribuição para o adestramento

Alex Alexandre de Mesquita – TC
Comandante do Centro de Instrução de Blindados
com a colaboração:
1º Sgt de Cavalaria Altair José Steffen Aux Seç Sml

A tropa blindada do Exército Brasileiro tem a necessidade de estar em constante adestramento, a fim de atingir e manter as habilidades de suas guarnições, bem como as técnicas, táticas e procedimentos de combate que devem ser perfeitamente aplicados pelas mesmas.

Um grande óbice a esta tarefa, porém, é o alto custo da munição real. Dessa forma, um tipo de simulação muito empregada para diminuir esses gastos é a Simulação Viva.

A Simulação Viva é a modalidade na qual são envolvidas pessoas reais, operando sistemas reais, no mundo real, com o apoio de sensores, dispositivos apontadores laser e outros instrumentos que permitem acompanhar o elemento e simular os efeitos dos engajamentos.

Juntamente com o projeto Leopard, o Exército Brasileiro adquiriu 42 Dispositivos de Simulação de Engajamento Tático (DSET) que simulam, por meio de feixes laser, a trajetória balística da munição e o acerto do impacto, permitindo o engajamento de alvos estacionários ou em movimento, assim como o duelo entre blindados.

Atualmente, os DSET são considerados o Estado da Arte para a formação e para o adestramento das guarnições blindadas.

O Dispositivo de Simulação e Engajamento Tático modelo BT41 utilizado pelas unidades blindadas possuidoras do Leopard 1A5 BR, substitui a munição real e permite a realização do adestramento no que diz respeito à técnica de tiro, quando usado no modo instrução ou no adestramento técnico/tático, quando empregado no modo duelo.

Estas Unidades realizam o adestramento desde o nível individual até o nível pelotão.

A instalação e a colimação deste equipamento é realizada pelos Instrutores Avançados de Tiro (IAT), que são os militares especializados nesse equipamento.

Dentre as possibilidades dos equipamentos destinados à Simulação Viva, podemos citar: o aumento da proficiência da guarnição, pois é possível repetir os exercícios sem restrição de munição; interação com o CC criando uma simulação mais realista; permite empregar a VBC em todos os níveis e modos de operação; emprego do armamento principal e metralhadora coaxial; acompanhamento das atividades dos instruendos e a utilização de diversos tipos de alvos (prisma, CC, viaturas, tropa, etc).

O laser do DSET BT41 é inofensivo e pode ser utilizado em qualquer área, não sendo necessário o cuidado com a sua emissão.

Atualmente, durante a formação de uma guarnição de carro de combate, o DSET BT41 é utilizado no modo instrução da seguinte forma: CC parado – alvo parado; CC parado – alvo em movimento; CC em movimento – alvo parado e CC em movimento – alvo em movimento.

Após todas as habilidades terem sido adquiridas, é realizado um exercício no modo duelo, no qual a guarnição é testada sob o enfoque técnico e tático.

Na tropa, a Simulação Viva para carros de combate é utilizada desde a qualificação das guarnições até o adestramento, passando pela certificação das guarnições e dos pelotões de carros de combate. No Centro General Walter Pires, é utilizada no Estágio Tático sobre Lagartas, no Curso de Operação da VBCCC Leopard 1A5 BR e no Curso de Instrutor Avançado de Tiro.

Neste molde de treinamento, uma guarnição antes de entrar na linha de tiro, realiza, pelo menos, 100 tiros simulados. Com isso, a guarnição iniciará o exercício de tiro maisconfiante e adestrada, evitando o desperdício de munição. O custo de cada disparo com o DSET BT41 é insignificante.

Durante o exercício de simulação integrada, realizado no ano de 2014 por elementos da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, o DSET BT41 foi amplamente utilizado juntamente com o DSET BT47, equipamento específico para tropa a pé, que foi empregado por elementos do Centro de Avaliação de Adestramento do Exército (CAAdEx) e excelentes resultados foram obtidos, principalmente no que diz respeito à atitude do militar e das frações.

Em breve, esse equipamento passará por uma atualização que está sendo elaborada por uma equipe de professores doutores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O trabalho consiste em substituir componentes internos, alterar a linguagem que reporta o resultado dos exercícios, georeferenciar o dispositivo e permitir a transmissão remota de dados a uma central de controle. Este upgrade tornará o equipamento mais próximo da sua atual versão, o BT46.

Assim, o DSET BT41 fornece à tropa blindada uma ferramenta de treinamento técnico e tático muito importante para o seu adestramento. Por meio dele, o Instrutor Avançado de Tiro conduz a instrução das guarnições de Carro de Combate com muito mais realismo e verifica o rendimento da guarnição, avaliando e corringindo possíveis erros que estão sendo cometidos.

Não resta dúvida de que a Simulação Viva foi um salto positivo de qualidade no que se refere à instrução e, em particular, ao adestramento das frações de Carro de Combate.

O futuro reserva outros desafios que indicarão novas necessidades. No momento, os Comandantes em todos os níveis devem compreender a utilização da Simulação Viva e torná-la cada vez mais eficiente.

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

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