KC-390 – Ministro da Defesa Portugal dá as razões da aquisição

joão gomes cravinho

Ministro da Defesa Nacional de Portugal

As decisões de fundo sobre novos equipamentos para as Forças Armadas acontecem de longe a longe. Em alguns casos marcam toda uma geração de militares. Foi este o caso com a assinatura a 22 de agosto do contrato para a aquisição de cinco aeronaves de transporte KC-390, da Embraer, juntamente com um simulador. Pelo impacto e significado da decisão, é importante partilhar publicamente o raciocínio e as suas implicações.

A atual esquadra de aeronaves de transporte C-130 serviu a Força Aérea (FAP) desde 1977. São muitas e boas as memórias destes aviões, mas a verdade incontestada é que estão em fim de vida e precisam de ser substituídos. Desde 2010, com o apoio de sucessivos governos, FAP e empresas portuguesas têm tido uma grande participação no desenvolvimento do KC-390, um avião maior e de alcance mais amplo que o C-130, mas que corresponde às mesmas necessidades.

Esta decisão de compra não foi automática. Implicou uma negociação longa e intensa com a Embraer para que os custos fossem aceitáveis e para que os cerca de mil requisitos estabelecidos pela FAP fossem cumpridos. E implicou também um estudo de mercado. Este saturado trabalho permitiu que assumíssemos a decisão confiantes de estarmos a adquirir a melhor aeronave do mercado para os requisitos operacionais e logísticos específicos do nosso país.

Este avião privilegia a lógica do duplo uso. Com o KC-390, reforçamos as nossas capacidades de transporte aéreo, de busca e salvamento, de evacuações sanitárias e de apoio a cidadãos nacionais, nomeadamente entre o continente e os arquipélagos ou na diáspora, e até combate a incêndios, entre outras missões que respondem a necessidades permanentes do país.

Investiremos 827 milhões de euros nos próximos 12 anos na aquisição dos aviões, simulador, equipamentos, manutenção e outras despesas, como a adaptação das infraestruturas necessárias à sua operação a partir da Base Aérea 6, no Montijo.

O desenvolvimento e produção da aeronave que estamos a adquirir contou com o melhor da engenharia portuguesa e brasileira, mobilizando em seu torno uma importante cadeia de valor: criou emprego, promoveu desenvolvimento, amadureceu um cluster aeronáutico nacional, aumentou as exportações, internacionalizou a nossa economia e apoiou a captação de investimento direto estrangeiro.

O cluster aeronáutico nacional vale já cerca de 1% do PIB e 3,3% das nossas exportações. Cada KC-390 construído implica empregos em Portugal, um acréscimo para as exportações, um estímulo adicional para a competitividade e consolidação deste importante setor da economia. É um grande investimento, que terá retorno económico, retorno em capacidades militares e retorno para a segurança dos portugueses.

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