Make in India – Exposição aérea é palco de confronto comercial

Boeing e Lockheed Martin prometeram construir fábricas na Índia se o país que mais importa armamentos do mundo optasse por seus caças e suas armas.

Isso foi antes da campanha "America First" (EUA em primeiro lugar) do presidente Donald Trump. Esta semana será um teste para essa promessa porque as maiores fornecedoras de equipamentos de defesa dos EUA, a russa MiG e a europeia Airbus, apresentarão seus produtos em uma feira em Bangalore, no sul da Índia.

Enquanto disputam acordos, essas empresas poderiam se ver divididas entre a campanha de Trump para que as empresas mantenham empregos nos EUA, ele nomeou e criticou publicamente diversas multinacionais no Twitter e o programa do primeiro-ministro Narendra Modi que busca vincular os contratos militares a que uma parte da fabricação seja realizada na Índia.

"Todos nós em Washington estamos tentando adivinhar aonde Trump vai parar com essas questões", disse Alyssa Ayres, integrante sênior para Índia, Paquistão e Sul da Ásia no Conselho de Relações Exteriores em Washington.

"Sem dúvida, ele deixou bem claro em seus tuítes e contatos diretos com as companhias americanas que quer tentar garantir que as pessoas não transfiram instalações de produção e que tentem manter os empregos nos EUA." O ministro da Defesa da Índia, Manohar Parrikar, usará o espetáculo aéreo para expor os planos de Modi de dar impulso ao setor interno de defesa concedendo contratos a companhias locais e pedindo que fabricantes estrangeiros façam parcerias com empresas indianas, de acordo com pessoas com conhecimento do plano, que não têm autorização para discuti-lo publicamente.

A promessa de Modi de investir US$ 250 bilhões nos próximos anos em caças, submarinos, obuses e capacetes para modernizar suas forças armadas chegou com um pedido "Make in India" (Fabricar na Índia).

Percebendo uma oportunidade, os conglomerados locais Tata Group, Mahindra & Mahindra e Larsen & Toubro se expandiram mais no setor de defesa e formaram joint ventures com fabricantes internacionais.

A Índia, que tradicionalmente dependia da Rússia e da antiga União Soviética para caças, está cada vez mais próxima dos EUA. Em sua primeira conversa telefônica com Parrikar, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, se comprometeu a dar continuidade aos "tremendos avanços na cooperação bilateral de defesa realizados nos últimos anos", disse um porta-voz do Pentágono na semana passada.

Acordo francês

A Lockheed Martin propôs fabricar seu caça F-16 na Índia, depois que o país abandonou uma proposta inicial com a Dassault Aviation, que tem sede em Paris, de 126 aviões. A Índia depois decidiu comprar diretamente apenas 36 caças do governo francês.

Isso não supre a falta de aviões do país, o que significa que possíveis acordos no valor de bilhões de dólares estão em oferta. O governo de Trump vai querer analisar novamente algumas das propostas da Lockheed, inclusive os planos de construir o F-16 na Índia, informou a companhia. Todos os pedidos anteriores feitos pela Índia criaram empregos para a Boeing nos EUA, disse o presidente da Boeing India, Pratyush Kumar, em uma entrevista.

A fabricante com sede em Chicago não vê nenhum conflito entre as campanhas "America First", de Trump, e "Make in India", de Modi, disse Kumar em outra entrevista, nesta segunda-feira, em Bangalore, acrescentando que a companhia pretende vender os aviões F/A-18 fabricados localmente no país.

Rússia apresentará mais de 400 tipos de armamentos na Índia¹

As empresas russas, durante a feira internacional AeroIndia-2017, pretendem expor mais de 400 tipos de armamentos, incluindo um caça de quinta geração, novos helicópteros de assalto e sistemas de defesa antiaérea, segundo o comunicado do Serviço Federal de cooperação técnico-militar da Rússia.

A feira internacional de aviação AeroIndia-2017 será realizada entre os dias 14 e 18 de fevereiro, na base militar das Forças Aéreas indianas em Bangalore.

"No âmbito da exposição russa, cuja organização está sendo realizada pela empresa (estatal) Rosoboronexport, estarão representadas 43 organizações, 26 das quais apresentarão armamentos", anuncia o comunicado.

Empresas de renome internacional, como Almaz-Antey, MiG e Sukhoi estarão amplamente representadas.

O anúncio destaca que mais de 400 tipos de armamentos estarão disponíveis para a apreciação do público. A assessoria de imprensa da corporação estatal Rostec revelou que entre os produtos mais cobiçados na região estão o caça Sukhoi Su-30MKI, bem como os componentes para sua modernização, os modernos caças Su-35 e MiG-35, a aeronave anfíbia Beriev Be-200, e também os helicópteros de ataque Mi-28 e Kamov Ka-52.

A maioria dos armamentos foi utilizada pelas Forças Armadas russas durante a operação antiterrorista na Síria e demonstrou "ser confiável e de qualidade".

¹com Sputnik News

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