Afeganistão… O atoleiro da OTAN?

Pode ser necessário que tropas da Otan permaneçam no Afeganistão por um período mais longo e qualquer decisão deve ser baseada na situação em solo, disse a ministra da Defesa da Alemanha na quinta-feira, em uma crítica implícita aos planos de retirada dos Estados Unidos.

"Precisamos ver como vamos avançar e se deveremos ficar mais tempo", disse a ministra Ursula von der Leyen ao chegar a Bruxelas para uma reunião de ministros da Defesa dos países integrantes da Otan.

Apesar da retomada do controle de Kunduz, cidade estratégica no norte, das mãos de militantes do Taliban, o combate intenso levantou questionamentos sobre se as forças afegãs treinadas pela aliança Otan estariam prontas para agir sozinhas agora que a maioria de tropas de combate estrangeira deixou o país.

Obama pede desculpas a Médicos Sem Fronteiras por ataque a hospital no Afeganistão

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou para a presidente da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), Joanne Liu, e pediu desculpas pelo ataque aéreo contra um hospital do grupo em Kunduz, no Afeganistão, informou a Casa Branca nesta quarta-feira.

No telefonema com Liu, Obama disse também que a investigação sobre o episódio que está sendo realizada pelos EUA vai "fornecer uma responsabilização transparente, ampla e objetiva dos fatos e circunstâncias do incidente. E que, se necessário, o presidente vai implementar mudanças para que tragédias como essa sejam menos prováveis no futuro", disse o porta-voz da Casa Branca Josh Earnest a jornalistas.

O MSF pediu a criação de uma comissão internacional e independente para investigar o ataque, realizado no fim de semana.

Obama também telefonou para o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, para manifestar suas condolências pela perda de vidas de pacientes e funcionários durante o ataque, disse Earnest.

ONU condena ataque a hospital afegão e pede investigação imparcial

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, condenou um ataque aéreo a um hospital em Kunduz, no Afeganistão, e pediu uma investigação imparcial do incidente.

O ataque aéreo, provavelmente realizado por forças de coalizão lideradas pelos Estados Unidos, atingiu um hospital da organização humanitária Médicos sem Fronteiras, matando ao menos 19 pessoas.

"O secretário-geral condena veementemente os ataques aéreos em Kunduz, Afeganistão, que resultaram na morte e ferimentos de trabalhadores médicos e pacientes no hospital da Médicos sem Fronteiras", disse o gabinete de imprensa de Ban em um comunicado.

A nota acrescentou que "os hospitais e pessoal médico são explicitamente protegidos pela lei internacional humanitária".

Ban pediu uma "investigação completa e imparcial sobre a ataque, a fim de garantir a prestação de contas", disse.

O Exército dos EUA disse que realizou um ataque aéreo "nas proximidades" do hospital, na medida em que visava insurgentes do Taliban, que estavam atirando diretamente contra militares norte-americanos. O Exército disse ainda que vai investigar o incidente.

Erro cometido dentro da cadeia de comando dos EUA

O ataque aéreo que atingiu um hospital na cidade afegã de Kunduz foi um erro cometido dentro da linha de comando dos Estados Unidos, disse o comandante norte-americano das forças internacionais no Afeganistão nesta terça-feira.

O general do Exército John Campbell também deixou claro que defende uma reavaliação de um plano para retirar quase todas as tropas norte-americanas até o final do próximo ano. Ele disse que ameaças crescentes no Afeganistão vindas do Estado Islâmico e da al Qaeda estavam entre os fatores colocados em suas recomendações à Casa Branca sobre o nível futuro de tropas.

No sábado, um hospital afegão gerenciado pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) foi atingido por um ataque aéreo que matou 22 pessoas. Autoridades do MSF pediram uma investigação independente sobre o incidente, que classificaram como um "crime de guerra".

Campbell disse que as forças norte-americanas responderam a um pedido do Afeganistão e providenciaram suporte aéreo para as forças afegãs que estavam em conflito com militantes do Taliban em Kunduz, capital da província que foi capturada no mês passado pelo Taliban.

"Para ser claro, a decisão de fornecer fogo aéreo foi uma decisão norte-americana tomada dentro da cadeia de comando norte-americana", disse Campbell em testemunho no Comitê de Serviços Armados do Senado. Ele acrescentou que forças especiais dos EUA nas proximidades estavam se comunicando com a aeronave que fez os disparos. "Um hospital foi atingido por engano. Nunca iríamos atingir intencionalmente um local médico protegido."

Os comentários de Campbell foram o reconhecimento mais direto já feito pelo governo dos EUA de que o ataque ao hospital foi realizado por forças norte-americanas. Em um comunicado na segunda-feira, Campbell disse apenas que as forças dos EUA tinham respondido a um pedido de apoio das forças afegãs.

O presidente norte-americano, Barack Obama, espera que medidas sejam tomadas para evitar que tal incidente se repita, afirmou o porta-voz da Casa Branca Josh Earnest nesta terça-feira.

Campbell disse que direcionou forças sob seu comando para iniciar um treinamento para revisar autoridades operacionais e regras para prevenir incidentes futuros como o de Kunduz.

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter