Casa Branca: EUA não se desculparão com Afeganistão por erros na guerra

A Casa Branca assegurou nesta terça-feira que o presidente de Estados Unidos, Barack Obama, não deve enviar uma carta de desculpas ao Afeganistão pelos supostos erros cometidos na guerra que começou em 2001.

Aimal Faizi, um porta-voz do presidente afegão, Hamid Karzai, assegurou hoje que o acordo de segurança que vai regulamentar a presença militar americana no Afeganistão após 2014 inclui, como condição, que Obama escreva uma carta reconhecendo os "erros" cometidos na guerra e seu impacto na população civil.

No entanto, a assessora de segurança nacional de Obama, Susan Rice, afirmou que emitir esse tipo de desculpas "não é uma opção". "Não se está trabalhando em nenhuma carta desse tipo. Não há necessidade de que os Estados Unidos se desculpem com o Afeganistão", disse hoje Rice em uma entrevista à emissora CNN.

Karzai quer uma carta escrita por Obama para apresentá-la à "Loya Jirga" (Grande Assembleia), uma congregação de mais de 2,5 mil funcionários e representantes afegãos que se reúne esta semana em Cabul para decidir se aprovam o projeto de acordo de segurança entre Afeganistão e EUA.

O líder afegão falou hoje sobre essa possibilidade em uma conversa telefônica com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, informou um funcionário do Departamento de Estado.

"Karzai pediu (a Kerry) garantias de que possa comunicar à 'Loya Jirga' sobre a natureza de nossa relação de segurança no futuro e assuntos do passado, como as vítimas civis", disse o funcionário, que pediu o anonimato, aos jornalistas.

"Kerry disse que o desejo dos EUA é continuar trabalhando junto com o Afeganistão para encontrar um caminho e que vamos considerar seu pedido de garantias, inclusive a opção de uma carta da Administração (de Obama) que expresse nossa posição", acrescentou.

Segundo o porta-voz de Karzai, em troca da carta solicitada, o governo afegão estaria disposto a abrandar sua exigência do fim de todas as revistas nos lares afegãos por parte de tropas americanas a partir de 2014 e tolerar essas operações em circunstâncias extraordinárias, como pede Washington.

Outro ponto de disputa no acordo foi a garantia de imunidade das tropas americanas que permanecerão no país após 2014, data estipulada com a Otan para a conclusão do processo de retirada.

A minuta de acordo atual estipula que os Estados Unidos terão jurisdição legal exclusiva sobre o seu pessoal militar e civil que estiverem a serviço do Departamento de Defesa no Afeganistão, apesar de não impedir que nenhum deles seja processado, segundo fontes oficiais citadas pelo jornal Washington Post.

Algumas fontes consultadas pela emissora NBC News estimam que a presença militar americana no Afeganistão oscile entre 7 mil e 15 mil efetivos e poderá incluir soldados de países-membros da Otan.

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