Escola Superior de Guerra inicia curso inédito em Brasília

Adriana Fortes

A pedagoga e administradora de empresas Cynthia Losso sempre almejou fazer um curso da Escola Superior de Guerra (ESG), mas como moradora de Brasília considerava uma aspiração improvável de alcançar. Não só por causa da distância, já que até agora as aulas aconteciam apenas na sede da instituição, no Rio de Janeiro, mas também porque os órgãos em que trabalhou até hoje dificilmente poderiam dispensá-la durante os dez meses necessários para completar a formação.

A vinda do Curso de Altos Estudos em Defesa (CAED) para a capital federal possibilitou que além de Cynthia, outros servidores e assessores de diversas autarquias frequentem as aulas: “Meus colegas que já tiveram a oportunidade me contam que você muda como pessoa e expande imensamente seu conhecimento. Creio que vou alcançar um grande aprimoramento profissional e me ajudará na tomada de decisão”, conta a chefe de gabinete do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.

O comandante da Escola Superior de Guerra, general Décio Luís Schons, proferiu a Aula Magna do curso, na manhã desta terça (27), no auditório do edifício sede do Ministério da Defesa, em Brasília, e destacou a importância de trazer a ESG para a capital: “É importante que a Escola cumpra sua missão de formar lideranças e assessores de alto nível também junto ao nível federal da administração pública”, afirma ele.

Ele também esclarece que na ESG, os discentes são intitulados estagiários, pois já são especialistas em sua área de atuação e trazem múltiplos conhecimentos a serem compartilhados. Em vista disso, durante o curso, são priorizados os trabalhos em grupo e as discussões dirigidas.

O general Schons conta que a ESG está abrindo o seu leque de atuação:  “Estamos iniciando um novo instituto para ministrar cursos de pós-graduação stricto sensu, um mestrado acadêmico e no futuro, um doutorado acadêmico. Esse processo é supervisionado pela CAPES [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior]. Também estamos criando um Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação e o Centro de Assuntos Estratégicos, que é o think tank do Ministério da Defesa”, conta o diretor da Escola.

Diuliano Arantes do Nascimento, da Diretoria de Segurança Institucional do Banco do Brasil, explica que diversas peculiaridades da questão de Defesa, como confidencialidade, segurança, capilaridade, entre outros, também se aplicam ao sistema bancário, e isso foi o que o levou a optar pelo CAED: “Queremos transportar esse conhecimento dos militares para a experiência bancária”, explica o assessor.

Para o coordenador do curso, brigadeiro Coutinho, as disciplinas ‘Humanidades’ e ‘Evolução Política do Brasil’ merecem destaque na grade curricular do curso em Brasília: “A gente traz a análise do pensamento crítico e do discurso. Abordando a questão da proliferação de notícias falsas, que não passam por um cuidado de checagem da fonte”, diz ele.

Segundo ele, a proposta é dar competência para a formulação de políticas e estratégias para o Estado brasileiro. Discutir os grandes problemas nacionais com a visão de Estado e qualificar os concludentes para formular políticas e estratégias, seja na execução ou como assessores diretos da alta administração federal. No caso dos militares, funciona como preparação para o generalato.

O brigadeiro explica ainda que, ao contrário da versão do curso do Rio, em Brasília os participantes não se desligam do seu órgão de origem, desse modo eles conseguem trazer a atualização das discussões de trabalho para dentro da sala de aula e vice-versa: “Os participantes têm a oportunidade de conhecer a visão de outros órgãos, essa troca está muito presente”, diz Coutinho.

O comandante Bessa, assessor de Relações Institucionais da Marinha do Brasil, acredita que esta é uma excelente oportunidade para retornar ao meio acadêmico e discutir temas tão importantes para a sociedade: “Podemos conhecer os outros órgãos e eles se aproximarem das Forças Armadas. Dessa sinergia e troca de experiências podemos construir um País melhor para todos nós”, conclui o oficial.

O CURSO

A primeira edição do Curso de Altos Estudos em Defesa contará com a participação de 31 militares, sendo quatro da Marinha, 14 do Exército, 13 da Força Aérea e 30 civis de diversos órgãos federais.

As aulas são presenciais e serão ministradas às terças, quartas e quintas, das 9h às 12h30. Ao longo do curso também serão destinadas 11 manhãs de sextas-feiras para Estudo e Pesquisa Individual.

A duração é de 38 semanas e a carga horária total de 542 h/a.

A ESG

Desde sua criação em 1949, a Escola Superior de Guerra tem a proposta de estudar o Brasil para compreender as necessidades para melhor poder servir, buscar o bem comum e atender o interesse nacional. Ao longo de mais de 65 anos de existência já formou mais de oito mil pessoas, entre civis em militares, entre eles quatro presidentes da república, ministros de Estado e outras personalidades notáveis do cenário político brasileiro.

*Think Tanks são instituições ou organizações dedicadas a produzir e difundir conhecimentos sobre assuntos estratégicos a fim de influenciar transformações sociais, políticas, econômicas ou científicas.

Fotos: Fotos: Keven Cobalchini/MD

 

 

 

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