Atraso em apuração na Bolívia é atribuído a ameaças de hackers e logística

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da Bolívia atribuiu nesta segunda-feira o atraso na apuração oficial das eleições gerais de domingo, nas quais as pesquisas de boca de urna deram a vitória ao presidente Evo Morales, a supostas ameaças de piratas cibernéticos e a problemas de logística.

O porta-voz do TSE, Ramiro Paredes, disse à Agência Efe que essas foram as duas razões que impediram o órgão de anunciar à meia-noite de ontem, como estava programado, os resultados da apuração de 70% das urnas.

O governo, a oposição e a imprensa continuam, por enquanto, usando como referência as pesquisas divulgadas ontem pela tarde, que deram como ganhador das eleições presidenciais o chefe de Estado, Evo Morales, com cerca de 60% dos votos.

Paredes garantiu que alguns funcionários do órgão eleitoral receberam em seus telefones celulares "mensagens anônimas" alertando que o sistema de transmissão eletrônica do TSE seria alvo de sabotagem.

Essas ameaças, acrescentou, não podiam ser ignoradas, o que fez com que as autoridades tivessem que redobrar as ações de segurança.

Os técnicos do TSE iniciaram ações de proteção do sistema, em particular para a transmissão dos dados dos escritórios regionais até o nacional, afirmou Paredes.

Além disso, apesar do esforço "logístico e operacional" do TSE e dos testes realizados, houve atraso nas operações do pessoal que trabalhou no processo eleitoral.

Acrescentou que "todos esses elementos não permitiram cumprir com o que inicialmente havia pensando o Tribunal Superior Eleitoral".

A legislação eleitoral boliviana concede aos tribunais departamentais até sete dias para que transmitam seus relatórios ao TSE, que tem outros cinco dias de prazo para divulgar os dados finais de maneira oficial, lembrou Paredes.

Uma vez que está preparado para eventuais ataques de hackers, o TSE deve continuar trabalhando na apuração oficial com a intenção de oferecer novos dados da apuração ainda hoje.

Por enquanto, na página do TSE havia apenas os resultados de 2,89% das urnas, após o registro de 791 das 27.403 atas, com um total de 143.227 votos válidos, 1.747 brancos e 4.576 nulos.

Devido à falta de resultados oficiais significativos, tanto o presidente Morales como a oposição consideraram ontem à noite, como é tradição nas eleições bolivianas, os resultados das pesquisas de boca de urna elaboradas pelas empresas Ipsos e Mori e divulgados por três meios de comunicação.

Os levantamentos, com resultados coincidentes, mostram que Morales venceu o pleito com cerca de 60% dos votos.

Seu adversário melhor colocado, o empresário conservador Samuel Doria Medina, conseguiu por volta de 25%, e o ex-presidente Jorge Quiroga, 9,6%.

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