Nova plataforma de bombardeiros e a decepção com nova geração de caças

Realizou-se recentemente nos estúdios da Voz da Rússia uma mesa redonda dedicada ao 100º aniversário da Força Aérea Russa e às perspetivas de desenvolvimento da aviação militar nacional e da indústria aeronáutica. No evento participaram destacados peritos russos em assuntos militares e da indústria de defesa.

Num processo de evolução do equipamento da FA da Rússia, os especialistas acompanham com atenção a experiência internacional. O discurso de Ivan Kudishin, chefe de redação do semanárioTecnologia Aeronáutica e de Mísseis, foi dedicado às principais tendências na construção aeronáutica mundial.

Continua o desenvolvimento dos não-tripulados

A área dos VANT (ou UAV – Unmanned Aerial Vehicle UAV), veículos aéreos não-tripulados, ou drones, teve um enorme desenvolvimento na última década. Contudo, se no início dos anos 2000 falava-se exclusivamente em aparelhos de reconhecimento e vigilância (de todas as categorias de peso, desde os ultra-ligeiros aos pesados), atualmente nota-se um redirecionamento para os drones de reconhecimento e ataque.

É disso exemplo o concurso da marinha norte-americana UCLASS para a criação de um bombardeiro de ataque ao solo não-tripulado para operar a partir de porta-aviões. Concorreram a Northtrop Grumman (favorito não-oficial), a Boeing, a General Atomics e a Lockheed Martin. A criação de um VANT para porta-aviões é uma tarefa excecionalmente difícil já que este terá de aterrar, não num aeródromo com coordenadas e orientação fixas, mas sim num porta-aviões em movimento.

A conceção de drones de uso único ou múltiplo para operar a partir de diferentes plataformas móveis, inclusive de submarinos e aviões-patrulha, é hoje a linha mestra do desenvolvimento desse tipo de tecnologia.

Frota de bombardeiros estratégicos dos EUA – uma nova plataforma

Neste momento foram reativados os centros de ID para uma plataforma de bombardeio e reconhecimento de nova geração, que substituirá o equipamento em fim de vida (?-1? ? ?-52?), apartir de aproximadamente 2025. Planeia-se criar um avião furtivo, subsónico e com a opção de ser tripulado. Isso significa que poderá ser utilizado como drone ou como avião, conforme a necessidade. Esse aparelho será equipado com um amplo leque de meios furtivos de ataque aéreo de grande precisão.

Aviação tática: decepção com a quinta geração e a evolução da eletrônica

Relativamente aos aviões de quinta geração, pode-se dizer que nos EUA a experiência da sua criação foi, em geral, insatisfatória. Um avião de qualidade, com grandes perspetivas de modernização e de alargamento das capacidades de combate, o Lockheed Martin F-22, foi construido numa série demasiado pequena de 187 aparelhos, dos quais se perderam dois em acidentes e um numa catástrofe que se deveu à imperfeição do sistema de suporte de vida do piloto. No ativo estão cerca 160 dessas aeronaves, das quais se encontram totalmente operacionais de 55 a 65%.

O novo avião F-35, que se encontra em fase de testes, sofre de duas doenças simultaneamente: a excessiva universalização e o crescimento incontrolável dos custos de ID. Tendo um complexo de aviônica excelente e avançado e uma capacidade de visibilidade a radares realmente baixa, o avião não possui uma velocidade de cruzeiro supersônica, tem uma manobrabilidade e características dinâmicas limitadas, bem como capacidades de instalação de meios de combate nos compartimentos interiores de carga bastante modestas.

Em consequência de uma série de defeitos estruturais, os programas da versão para porta-aviões F-35C e do STOVL F-35B ameaçam encerrar. O preço por unidade de um F-35A para exportação é de 122,8 milhões de dólares, quando no início o avião era apresentado como barato e de fabrico em massa: um preço até aos 60-70 milhões de dólares e uma série de mais de 2000 aparelhos. O custo do STOVL F-35B, na análise do ano corrente, é superior a 190 milhões de dólares.

Em alternativa, a Boeing e a Lockheed Martin propõem a modificação dos existentes aparelhos F-15, F-16 e F/A-18E/F que possuem uma visibilidade ao radar bastante reduzida e capacidades de combate alargadas.

Aviação de transporte militar

Continua, atualmente, a construção dos aviões estratégicos de transporte militar de média capacidade Boeing C-17 (para exportação). Não está previsto o encerramento e desmantelamento da linha de montagem, por isso a perspetiva de fornecimentos à Força Aérea dos EUA mantem-se em aberto.

Também continua a ser fabricado em série o C-130J Super Hercules, que mantem um bom potencial de exportação. No entanto, em breve, ele terá a concorrência do avião de transporte/abastecimento Embraer KC-390. O preço do C-130 é de 67 milhões de dólares e o preço declarado do KC-390 (com parâmetros de carga útil comparáveis e uma velocidade de cruzeiro significativamente superior) será de 50 milhões.

Aparelhos hipersónicos

Sob a hégide da agência DARPA decorrem trabalhos intensivos de ID para a criação de aparelhos hipersónicos, cujo resultado deverá ser um meio de ataque de conceção completamente nova com um raio de ação global (4-18 mil km) e bastante pouco vulnerável.

Aparelhos de pás

Nos EUA e na Europa encontram-se em fase final ou finalizaram os testes de helicópteros de nova geração. Vários líderes mundiais na construção de helicópteros (incluindo a EADS) continuam os trabalhos para a criação da hélice motriz ativa que se poderia adaptar às condições concretas do vôo. É usada ativamente a tecnologia dos flaps controlados.

Nos EUA desenvolveu-se um conceito, experimentado num aparelho existente – o advancing blade concept (ABC). Nele o aparelho começa por ser um helicóptero normal com uma hélice motriz, cujas pás movem-se para trás. Esse esquema tem limitações no controle do passo cíclico, por isso foi necessário um propulsor adicional – a hélice de cinco pás.

Ivan Kadishin, chefe de redação do semanário Tecnologia Aeronáutica e de Mísseis, sublinhou que “o desenvolvimento de todas essas tendências na construção aeronáutica mundial está a ser atentamente acompanhado pelos especialistas russos”.

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