Brasil quer Paraguai de volta à Unasul depois de eleições

Sergio Leo

 

As condições de retorno do Paraguai ao convívio político dos países do continente serão, para o governo brasileiro, a principal decisão da União das Nações da América do Sul (Unasul), nesta sexta-feira, segundo apurou o Valor. A presidente Dilma Rousseff vai a Lima, no Peru, para a reunião da Unasul, com o objetivo de aceitar o reingresso do Paraguai no bloco, assim que se realizarem as eleições no país, em abril. O governo argentino e outros membros do bloco têm defendido que só após a posse do novo presidente, em agosto, o Paraguai poderia voltar à Unasul.

Antes da reunião da Unasul, a presidente Dilma Rousseff manifesta amanhã apoio ao governo de Cristina Kirchner, na Argentina. Dilma participará do congresso da União Industrial Argentina (UIA), com uma mensagem de otimismo em relação à relação bilateral – embora o governo brasileiro esteja disposto a pressionar a Argentina para mudar o desvio de comércio provocado pelo protecionismo vizinho. Na comparação entre as importações argentinas de junho a setembro de 2011 e de 2012, a parcela de produtos vendidos pelo Brasil caiu de 28,6% para 24,6%, enquanto subiram as fatias de mercado ocupadas pelos países da América do Norte (de 13,5% para 17,3%), da União Europeia (de 15,1% para 17,3%), e da China (2,5% para 3,1%).

Dilma deve deixar para a reunião do Mercosul, no fim de semana seguinte, a discussão mais difícil, sobre as condições de reincorporação do Paraguai ao Mercosul. O Paraguai foi suspenso do Mercosul e da Unasul devido ao impeachment sem condições de defesa do presidente Fernando Lugo. Durante a suspensão, o Senado local, que retardava a votação sobre a incorporação da Venezuela no bloco, decidiu rejeitar a entrada dos venezuelanos, que foi oficializada, porém, pelos demais países, sem consulta aos paraguaios.

Com a volta do país ao Mercosul, porém, não há no governo quem saiba dizer como acomodar a decisão dos senadores paraguaios com o fato consumado do ingresso da Venezuela.

Ontem, o ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, comentou que a reunião da Unasul avaliará o relatório da missão enviada a Assunção, para acompanhar o processo eleitoral. O Executivo paraguaio ignorou a missão do ex-primeiro-ministro peruano Salomão Lerner, que foi bem recebido, porém, pelo Tribunal Superior Eleitoral do país, com promessas de livre acesso durante as eleições.

"Esperamos que, de fato, o processo eleitoral paraguaio transcorra da maneira mais transparente e democrática", disse Patriota. "E que pavimente o caminho da reincorporação do Paraguai à comunidade sul-americana e à comunidade do Mercosul." A realização das eleições é um "elemento importante" no restabelecimento da "plena vigência da democracia", condição imposta pelos chefes de Estado para aceitar o Paraguai nos organismos regionais, adiantou.

O Paraguai deve ser um dos principais itens do comunicado oficial dos chefes de Estado da Unasul, que também firmarão um acordo de cooperação na área de defesa e segurança.

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