Soldados do Paraguai e dos EUA treinam juntos para combater o narcotráfico e o terrorismo

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Julieta Pelcastre

 

Soldados paraguaios treinam este mês em seu país com diversos integrantes das Forças Especiais da Guarda Nacional da Carolina do Norte, EUA, para reforçar a cooperação na luta contra o tráfico de drogas e o terrorismo.

“Essa cooperação entre os dois países será realizada nas instalações do Exército e da Escola de Infantaria”, diz o Coronel Jorge Mieres, porta-voz das Forças Armadas do Paraguai.

A colaboração ocorre após o presidente Horacio Cartes ter pedido ao Congresso, em 5 de maio, que autorize “a entrada temporária a nosso país de um grupo de instrutores convidados da Companhia B, Terceiro Batalhão, 20º Grupo de Forças Especiais (Airborne), da Guarda Nacional da Carolina do Norte, com seus respectivos equipamentos, armas e munições, que serão usados no Treinamento de Intercâmbio Conjunto Combinado em junho de 2015.” Os legisladores paraguaios aprovaram a iniciativa em 7 de maio.

Entre 80 e 100 soldados do Exército, da Força Aérea, da Marinha e do Comando de Logística do Paraguai participarão da iniciativa, trocando com seus pares americanos experiências de combate a grupos guerrilheiros e insurgências urbanas – tudo com o objetivo de promover a segurança, principalmente no norte do país. Os militares treinarão para otimizar a capacidade de combate noturno e fortalecer as operações de patrulhamento, revisão e detecção na luta contra o tráfico de drogas e de armas; também praticarão o uso de explosivos e comunicações.

“O treinamento reforçará nossas operações de inteligência na luta contra o autodenominado Exército do Povo Paraguaio (EPP), a Associação Camponesa Armada (ACA), o narcotráfico e outras organizações que cometem atos criminosos”, diz o Cel Mieres.

Soldados paraguaios viajam ao exterior para treinamento

A iniciativa é apenas um exemplo das frequentes sessões de treinamento cooperativo do Paraguai com países parceiros – uma abordagem que não apenas expõe seus militares a perspectivas e experiências diversas como também fortalece os laços da cooperação internacional. Esses são os componentes fundamentais da estratégia paraguaia no combate a grupos do crime organizado que traficam drogas.

Em 12 de maio, por exemplo, 80 soldados das Forças Armadas do Paraguai viajaram à Colômbia para iniciar um curso de treinamento de três meses na Escola de Soldados Profissionais do Exército Nacional Colombiano (ESPRO). O grupo, formado por três oficiais subalternos e 77 suboficiais do Exército, da Marinha e do Comando de Logística, estuda o combate às estruturas do narcoterrorismo; é o segundo contingente de militares paraguaios que viaja para treinar com o Exército Colombiano.

Na última semana de março, militares paraguaios compareceram a um curso de dois dias sobre tarefas de inteligência ministrado por especialistas do Reino Unido na sede do Comando em Chefe do Paraguai. Espera-se que haja maior cooperação com o Reino Unido nas áreas de logística e tecnologia.

“A capacitação de primeira linha é necessária para consolidar as relações e a capacidade conjunta das Forças Aradas contra todos os esquemas do crime organizado”, diz Rodríguez.

Uma história de cooperação

A sessão deste mês dá prosseguimento a uma longa tradição de cooperação entre as forças de segurança paraguaias e americanas.

“Isso é parte da cooperação entre os dois países em temas militares. Todo ano, profissionais estrangeiros visitam o país para capacitar nossos oficiais, e são de grande ajuda porque trazem grandes ensinamentos sobre o combate ao terrorismo e outras áreas que necessitam de atualização de pessoal”, disse o General Luis Gonzaga Garcete ao jornal paraguaio Última Hora em 14 de maio, após participar dos festejos pelo Dia da Independência do Paraguai.

“A presença de oficiais no treinamento é de vital importância, pois serão encarregados de compartilhar os conhecimentos adquiridos com outros militares”, diz o Cel Mieres.

O governo do Paraguai prioriza a formação conjunta, que, segundo as autoridades militares, ajudaria as Forças Armadas a cumprir suas metas na luta contra o terrorismo e o narcotráfico.

“O Exército, a Marinha e a Força Aérea buscam realizar objetivos estratégicos importantes em sua luta contra as forças irregulares que operam no país”, diz Héctor Fabio Rodríguez, membro no Paraguai da Rede de Segurança e Defesa da América Latina (RESDAL), uma rede de colaboração que promove instituições democráticas no campo da segurança e da defesa.

Desde 2001, narcotraficantes no Paraguai, Peru, Bolívia e Brasil formaram uma aliança para exportar drogas ao mundo inteiro. Essa sociedade criminosa tem cerca de 30.000 membros que transportam drogas estimadas em bilhões de dólares – cerca de US$ 2,9 bilhões por ano, segundo pesquisa feita pelo jornalista brasileiro Guilherme Amado para o website O Globo .

Grupos de crime organizado já não usam apenas o Paraguai como ponto de trânsito de cocaína; eles agora produzem a droga no país em laboratórios clandestinos. Mas, à medida que cresce o comércio de drogas, também aumenta a decisão dos militares paraguaios de combater o narcotráfico.

E essa decisão dos militares conquistou a confiança da população.

“A população civil confia nas Forças Armadas Paraguaias porque estão fazendo o possível para erradicar as ameaças locais e globais", diz o Cel Mieres. “O governo do Paraguai planeja obter equipamentos de última geração para combater essas ameaças.”
 

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