Cinco motivos por que a crise da Venezuela tem importância internacional

O país com as maiores reservas mundiais de petróleo está se encaminhando para uma ditadura – mas China e Rússia continuam apoiando o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Uma piora da crise poderia ter consequências de vasto alcance internacional. Entenda por quê.

1- Petróleo 

Desde 2014, o preço do petróleo caiu de 100 para 50 dólares, uma situação economicamente benéfica para empresas e consumidores no exterior. Com mais de 300 bilhões de barris, a Venezuela dispõe das maiores reservas mundiais de petróleo. Uma bancarrota do Estado venezuelano ou o fim das importações imposto pelos Estados Unidos, seu maior importador, poderia gerar um aumento internacional do preço do petróleo.

2- Tensão geopolítica

A China, Irã e Rússia apoiam o presidente venezuelano Nicolás Maduro. Pequim teria auxiliado Caracas com mais de 52 bilhões de dólares entre 2005 e 2016. Contrariado com o apoio das três potências no "quintal dos EUA", o presidente americano, Donald Trump, impôs sanções contra Maduro.

3- Refugiados

Atualmente, 140 mil venezuelanos estariam atualmente na Colômbia de forma ilegal. O governo quer emitir vistos especiais com direito de permanência de dois anos. O fluxo de refugiados econômicos é grande também para o Brasil, onde as cidades fronteiriças estão sobrecarregadas e não se consegue atender a todos os venezuelanos que chegam.

4 – Instabilidade regional

As relações podem ficar especialmente tensas com a Colômbia, país que se tornou a nova esperança da região para as empresas internacionais, devido ao processo de paz com as FARC. Houve repetidos incidentes na fronteira entre os dois países. Maduro também acusa a Colômbia de apoiar a oposição venezuelana.

5 – Negócios

Para empresas internacionais, a Venezuela se tornou sinônimo de prejuízo. Os lucros em moeda local não valem quase nada, devido ao aumento da inflação. Muitas empresas internacionais ainda estão no país e, se antes a Venezuela era uma boa aposta, agora surge a pergunta: ficar ou partir?

Governo reprime levante militar na Venezuela

Um grupo de militares do Forte Paramacay, no estado de Carabobo, na Venezuela, promoveu neste domingo (06/08) um levante contra o governo do presidente Nicolás Maduro, mas acabou rendido por outros membros das Forças Armadas, segundo o dirigente chavista Diosdado Cabello. Ao menos dois rebeldes morreram e ao menos sete pessoas foram detidas.

A base militar, que chegou a ser tomada pelos insurgentes, na cidade de Valência, a 160 quilômetros de Caracas, tem o principal conjunto de blindados do Exército venezuelano. Depois do levante, moradores fizeram uma manifestação em apoio aos rebeldes nas imediações do forte.

O chefe do Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas, Remigio Ceballos, anunciou no Twitter a detenção de sete rebeldes, que chamou de terroristas. O comandante-geral do Exército, major-general Jesus Suárez Chourio, afirmou que ao menos um dos rebeldes morreu e outro ficou gravemente ferido. "Um ataque terrorista, paramilitar, mercenário, pago pela direita e os seus colaboradores, pago pelo império norte-americano, estão aí detidos e um deles 'deu baixa' e outro ficou gravemente ferido", disse Chourio.

Mais tarde, Maduro afirmou que a ação deixou dois mortos, um ferido e sete detidos. No programa Os domingos com Maduro, o presidente afirmou que nove dos rebeldes são civis e apenas um é um "tenente desertor". O chefe de Estado indicou que o tenente foi capturado e está colaborando "ativamente", assim como sete civis.

Militares disseram à agência de notícias Efe que o grupo era formado por alguns militares rebeldes e também por civis vestidos de uniforme, que não pertenciam à base militar do corpo de blindados do Exército. Segundo essas mesmas fontes, apesar de a situação estar calma no forte, parte dos rebeldes conseguiu fugir com 93 fuzis AK-103 e quatro lança-granadas.

Militar da reserva

Num vídeo divulgado na internet, cerca de 20 homens armados e em uniformes militares acompanham um homem que se identifica como capitão Juan Caguaripano e comandante da "operação David Carabobo". O homem, um militar da reserva desde 2014, declara-se em rebeldia contra "a tirania assassina de Nicolás Maduro".

Segundo ele, não se trata de um golpe de Estado, mas de uma ação cívica militar para restabelecer a ordem constitucional e "salvar o país da destruição total e deter os assassinatos de jovens". "Como militares institucionais, reconhecemos e respeitamos a Assembleia Nacional (Parlamento do país, cuja maioria é opositora ao governo) e exigimos que ela reconheça e respeite a vontade de um povo de se livrar da tirania", acrescentou o militar.

Ele também pediu à Assembleia Nacional para respeitar e honrar a memória de vários dos jovens que morreram nos recentes protestos contra o governo e "que, com escudos de papelão, mas com corações de aço, ofereceram as suas vidas para ensinar um povo a derrotar o medo".

"Terroristas detidos"

Segundo Cabello, agora integrante da recém instalada Assembleia Nacional Constituinte (ANC), que foi promovida por Maduro para mudar a ordem constitucional, o levante logo foi controlado. "De madrugada, agressores terroristas entraram no Forte Paramacay, em Valência, atentando contra nossa FANB (Força Armada Nacional Bolivariana). Vários terroristas detidos", escreveu Cabello em sua conta no Twitter.

Em outra mensagem, o político disse que, após o levante, foram ativados planos de defesa, com destacamento de tropas para garantir a segurança interna e que a FANB controlou a situação. "Absoluta normalidade no resto das unidades militares do país, quem sonha com o contrário baterá de frente com a moral da FANB!", afirmou Cabello minutos depois.

O ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, reagiu ao ocorrido com uma mensagem no Twitter. "Não puderam com a FANB, com sua moral, nem com a sua consciência constitucional; agora pretendem agredi-la com ataques terroristas. Não poderão!", escreveu.

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Rebelião militar na Venezuela é reprimidacom com dois mortos [Link]

Reino Unido pede ação urgente para evitar piora da situação na Venezuela¹

É preciso que se adote uma ação urgente na Venezuela para evitar que a situação piore, disse o porta-voz da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, nesta segunda-feira, pedindo ao governo venezuelano que respeite a democracia e os direitos humanos.

Cerca de 120 pessoas foram mortas durante os quatro meses de protestos antigoverno na Venezuela. O presidente do país, Nicolás Maduro, vem enfrentando uma pressão internacional para descartar uma Assembleia Constituinte pró-governo recém-empossada que vem sendo vista como uma tomada de poder. "É uma tragédia que tantas pessoas tenham perdido suas vidas em protestos na Venezuela. Está claro para nós que uma ação urgente precisa ser tomada para evitar que a situação fique pior", disse o porta-voz de May a repórteres.

Ele disse que o Reino Unido criticou o governo Maduro por impor uma Assembleia Constituinte que "claramente não representa a vontade do povo venezuelano". "O Reino Unido vem pedindo repetidamente ao governo Maduro que trabalhe com a oposição, liberte prisioneiros políticos e mostre respeito pela democracia e pelos direitos humanos", afirmou.

¹com Redação Reuters

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