Forças russas mantêm ofensiva no leste da Ucrânia com bombardeios ‘maciços’

As forças russas continuam avançando nesta terça-feira (5) no Donbass, no leste da Ucrânia, com bombardeios "maciços" sobre a cidade de Sloviansk, o próximo alvo de Moscou que lhe permitiria ganhar terreno nessa parte do país.

"Sloviansk! Bombardeio maciço da cidade. No centro, no norte. Todo o mundo tem que se refugiar", alertou no Facebook Vadim Liakh, prefeito desta cidade na província de Donetsk.

Ao menos duas pessoas morreram e sete ficaram feridas nos ataques, que atingiram o mercado central, segundo as autoridades.

Jornalistas da AFP presentes no local viram como os foguetes atingiram os comércios e outras ruas adjacentes. O mercado estava em chamas e os bombeiros tentaram controlar o incêndio.

"Mais uma vez, os russos atacam intencionalmente os lugares onde os civis se reúnem. Isso é terrorismo puro e duro", disse Pavlo Kyrylenko, o governador da província de Donetsk, que junto à de Luhansk forma o Donbass.

No domingo, as tropas russas anunciaram terem tomado Lysychansk e no final de junho, conquistaram Severodonetsk, a cidade vizinha.

Ambas estão perto da fronteira que divide as duas províncias, o que lhes permite agora avançar mais ao oeste do Donbass, parcialmente controlado por separatistas pró-russos desde 2014.

Além de Sloviansk, também está na mira dos russos a cidade de Kramatorsk, uma das últimas posições ucranianas em Luhansk.

A Ucrânia afirma que suas tropas ainda defendem uma "pequena" parte do território em Luhansk, apesar de a Rússia afirmar que tem seu controle total.

"A luta continua"

"A luta continua nas fronteiras administrativas da região", indicou a Presidência ucraniana nesta terça.

Um indício de que Moscou busca consolidar o abastecimento para um novo ataque é que as forças ucranianas afirmaram que os russos estão "tomando medidas" em Luhansk para restaurar a infraestrutura de transporte atrás da linha de frente.

As forças russas também fecharam o cerco da pequena cidade de Siversk, a primeira no caminho desde Luhansk, após vários dias de bombardeios.

As tropas russas também tentam avançar em outras partes do território, como em Kharkiv, a segunda cidade da Ucrânia no nordeste. Segundo Moscou, as forças russas bombardearam quatro depósitos de munições e artilharia na região, onde os ucranianos afirmaram na segunda-feira que repeliram tentativas de ataques russos.

No front do sudoeste, na região ucraniana de Kherson, que está sob ocupação dos russos, as tropas de Moscou mobilizaram helicópteros e artilharia para tentar enfrentar um contra-ataque dos ucranianos.

Estabelecer a ocupação em Kherson

A escalada dos combates no sul da Ucrânia ocorre no momento em que as autoridades locais instaladas pela Rússia anunciaram que um ex-quadro do Serviço Federal de Segurança (FSB), a agência de Inteligência russa, assumirá o governo de Kherson.

Nesta parte da Ucrânia, a Rússia lançou uma campanha para instituir a ocupação, introduzindo o rublo como moeda, emitindo passaportes, garantindo serviços bancários e abrindo escritórios estatais.

Na segunda-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu mais uma vez aos países ocidentais mais armas para lidar com a invasão e recuperar os territórios perdidos.

Após mais de quatro meses de guerra, os aliados da Ucrânia organizaram para esta semana na Suíça uma reunião com representantes de países, organizações internacionais e também empresários sobre a reconstrução do país destruído pela guerra. Seu custo é estimado em US$ 750 bilhões.

"Devemos tornar tudo o que foi destruído melhor do que era antes", disse o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, condenou o número de mortos "intolerável" na Ucrânia, com quase 5.000 vítimas confirmadas desde o início da ofensiva em 24 de fevereiro.

"Os civis estão sofrendo o peso das hostilidades que parecem não ter fim à vista", disse Bachelet. Entre os mortos há também combatentes estrangeiros.

O Ministério das Relações Exteriores da França confirmou nesta terça-feira a morte de um segundo combatente francês no país.

"Mais fortes"

Em Bruxelas, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, anunciou que a aliança abriu oficialmente o processo para ratificar a adesão de Suécia e Finlândia.

"Com 32 nações ao redor da mesa, seremos ainda mais fortes e nosso povo estará ainda mais seguro, enquanto enfrentamos a maior crise de segurança em décadas", disse ele, em uma coletiva de imprensa acompanhado dos ministros das Relações Exteriores da Suécia e da Finlândia.

Ambos os países nórdicos decidiram abandonar sua histórica postura de não alinhamento militar formal para aderir à Otan, com a qual já tinham uma política de associação.

Agora, sua adesão depende da Turquia, que aguarda o cumprimento de acordos para levantar seu veto.

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