Caças F-15 dos EUA ficam em países bálticos até o final da semana que vem

Seis jatos F-15 norte-americanos aterrissaram em uma base na Estônia nesta quarta-feira para um destacamento de uma semana e meia, enquanto a aliança militar transatlântica OTAN reforça seu flanco oriental por conta das tensões com a Rússia por conta da Ucrânia.

A OTAN disse na segunda-feira que está colocando suas forças de prontidão e reforçando a Europa oriental com mais navios e aviões de guerra, um movimento classificado pela Rússia como uma "histeria" ocidental em resposta ao acúmulo de forças na fronteira com a Ucrânia.

O anúncio de segunda-feira não mencionou o envio de caças norte-americanos à Estônia. "Os seis caças ficarão até o fim da semana que vem", disse um porta-voz na base aérea de Amari, na Estônia.

Os F-15s irão aprimorar a missão da OTAN de policiamento aéreo do Mar Báltico, afirmou o Comando Aéreo Aliado da OTAN. Estônia, Letônia e Lituânia, os países bálticos que já foram comandados por Moscou mas que hoje integram a OTAN e a União Europeia, não operam caças e dependem da OTAN para o policiamento de seus espaços aéreos.

A OTAN já havia anunciado anteriormente que a Dinamarca vai destacar quatro caças F-16 para uma base próxima lituana em Siauliai, na quinta-feira.

EUA preveem um possível ataque russo iminente à Ucrânia¹

A embaixada dos Estados Unidos em Kiev aconselhou nesta quarta-feira (26) os cidadãos americanos na Ucrânia a deixar o país sem demora, em meio à tensão entre ocidentais e Rússia sobre a situação na Ucrânia. Washington anunciou no domingo a retirada de alguns diplomatas e suas famílias.

O Reino Unido fez o mesmo na segunda-feira e o Canadá na terça-feira. Autoridades ucranianas consideraram as retiradas "prematuras" e "excessivas".

Os EUA estimaram nesta quarta-feira que a Rússia poderia atacar a Ucrânia nas próximas três semanas, enquanto em Paris uma reunião de diplomatas europeus busca soluções para reduzir a tensão entre Moscou e Kiev.

"Tudo indica" que o presidente russo Vladimir Putin "vai usar força militar em algum momento, talvez entre agora e meados de fevereiro", disse a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, que afirmou não saber se ele tomou uma "decisão".

A número dois da diplomacia americana garantiu que os Jogos Olímpicos de Pequim, que começam em 4 de fevereiro, podem influenciar na decisão, já que, em sua opinião, o presidente chinês Xi Jinping não gostaria de ter Putin por lá caso "escolha esse momento para invadir a Ucrânia".

Nesta quarta-feira, negociadores russos, ucranianos, franceses e alemães se reuniram em Paris para tentar desescalar a crise após uma série de conversas russo-americanas na semana passada.

A presidência francesa considerou "encorajador" que os russos concordassem em se reunir sob o formato do Quarteto da Normandia, criado em 2014 para buscar uma saída para a crise, dois dias antes de uma conversa entre Putin e o presidente francês Emmanuel Macron.

No entanto, as discussões se anunciam difíceis. Durante as conversas entre Moscou e Washington, a Rússia reiterou uma série de exigências que considera necessárias para garantir sua segurança e que um funcionário europeu descreveu como "inaceitáveis".

A Rússia exige especialmente que uma eventual adesão da Ucrânia à OTAN seja rejeitada. Uma resposta escrita da aliança militar e dos Estados Unidos às demandas russas será enviada a Moscou antes do fim de semana, disseram fontes da organização à AFP.

Ideia "destrutiva"

A Rússia intensificou nas últimas semanas as manobras militares, inclusive na fronteira com a Ucrânia, com exercícios iniciados na terça-feira que envolvem quase 6.000 homens, caças e bombardeiros no sul e na Crimeia, península ucraniana que Moscou anexou em 2014.

Antes, Moscou anunciou manobras navais no Atlântico, Ártico, Pacífico e Mediterrâneo, além de exercícios conjuntos com Belarus nas fronteiras com a União Europeia.

A Rússia também concentrou até 100.000 soldados nas fronteiras ucranianas.

Apesar de provocar um estado de alerta, o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, afirmou nesta quarta-feira que o número de tropas russas estacionadas em suas fronteiras ainda é "insuficiente" para que possam lançar um ataque de grande envergadura contra seu país.

O número "é importante, representa uma ameaça para a Ucrânia, mas, no momento em que falamos, este número é insuficiente para uma ofensiva em grande escala contra a Ucrânia ao longo de toda fronteira", declarou Kuleba em uma entrevista coletiva online.

O presidente dos EUA, Joe Biden, alertou na terça-feira sobre as "enormes consequências" que um ataque causaria, uma decisão que "mudaria o mundo" e adiantou que poderia "conceber" sanções pessoais contra Putin.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que descreveu essa ideia como "destrutiva" para as relações com os Estados Unidos, minimizou seu impacto, já que a lei russa, em princípio, proíbe que seus altos funcionários tenham ativos no exterior.

Papa Francisco pede paz

"Por favor, nunca mais guerra!", implorou nesta quarta-feira o papa Francisco no Vaticano, após as crescentes tensões entre Estados Unidos e Rússia.

O governo dos Estados Unidos colocou na segunda-feira 8.500 soldados em alerta. Os militares poderiam ser adicionados à Força de Resposta Rápida da OTAN de 40.000 militares. Mas a decisão de envio ainda não foi tomada.

A OTAN anunciou que deixa suas forças em situação de espera, além de enviar barcos e e aviões de combate para reforçar suas defesas no leste da Europa. A Rússia considera as tropas da Aliança em sua vizinhança uma ameaça existencial.

Outra fonte de tensão é uma declaração do primeiro vice-presidente do Conselho da Federação, a Câmara Alta do Parlamento Russo.

Andrei Turshak pediu nesta quarta-feira que a Rússia entregue armas aos separatistas pró-Moscou do leste da Ucrânia e acusou as autoridades de Kiev de "preparar uma agressão militar" contra as regiões separatistas.

¹com AFP

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