O General do Twitter

O General do Twitter

 

O escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues criou nos anos 60, a figura do “Padre de Passeata”. Era o personagem que representava o então chamado catolicismo militante, ou “de esquerda”, que incorporava as mudanças da Igreja.

Meio Século depois o dramaturgo certamente teria matéria para criar um novo personagem, que talvez incluísse em suas peças.

Surge um, dois, dezenas do novo personagem brasileiro:  o “General do Twitter”.

Os personagens de Rodrigueanos são profundos, complexos e retratam muito da alma brasileira.

Vejam a adaptação de algumas frases do dramaturgo que foram adaptadas do “Padre de Passeata”.

O verdadeiro Exército Brasileiro? É o Exército Brasileiro verdadeiro. O falso Exército é o Exército dos Generais do Twitter. Há um Exército do Twitter que é mais falso do que um Quinta Coluna. É o Exército dos Generais do Twitter.

Ferozes e agressivos, sentem-se imponentes, imaginam-se no posto de comando disparando, não um, mas 280 certeiros mísseis Exocet, onde cada caractere é transformado em uma arma mortífera,  contra os Moinhos de Vento, reais ou imaginários, criados no seu inconsciente.

O que os caracteriza é a necessidade da ribalta, mesmo que, enclausurados em seus devaneios e sonhos dos militares que imaginaram ser.

A sua principal motivação, e o que os move diariamente, são as vendettas particulares contra a instituição ou pessoas.

Mesmo que saibam que as suas ações serão usadas pelos inimigos mortais da instituição, instrumentalizando assim aqueles que obram há décadas para a destruição do Exército Brasileiro.

Mas isto não importa, pois outras são as suas motivações.

O General do Twitter é, hoje, uma ordem tão definida, tão caracterizada como a dos aviadores e marinheiros e qualquer outra. E está a serviço, da mágoa, do ressentimento, do ódio.

 

___________________

Nota – Este texto contém frases adaptadas da obra de  Nelson Rodrigues publicadas por Ruy Castro

CASTRO, Ruy. As 1.000 melhores frases de Nelson Rodrigues. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter