Morte de Bin Laden – Íntegra do discurso de Barack Obama

Washington DC, 01 Maio 2011

Boa noite. Nesta noite, posso informar aos americanos e ao mundo que os EUA conduziram uma operação que matou Osama bin Laden, líder da Al Qaeda e um terrorista que é responsável pelo assassinato de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes.

Foram quase há 10 anos que um radiante dia de setembro foi escurecido pelo pior ataque aos americanos em nossa história. As imagens do 11 de Setembro estão gravadas em nossa memória nacional: aviões sequesrados cortando um céu azul de setembro, as Torres Gêmeas caindo ao chão, a fumaça negra se elevando do Pentágono, os destroços do voo 93 na Pensilvânia, onde as ações de cidadãos heróicos evitaram ainda mais dor e destruição.

E apesar disso sabemos que as piores imagens são aquelas que não foram vistas pelo mundo. O lugar vazio na mesa de jantar. Crianças que foram obrigadas a crescer sem suas mães ou seus pais. Pais que nunca saberiam a sensação de abraçar seus filhos. Quase 3 mil cidadãos foram tirados de nós, deixando um vazio em nossos corações.

No dia 11 de Setembro de 2001, em nosso momento de pesar, os americanos se uniram. Oferecemos a mão a nossos vizinhos e oferecemos nosso sangue aos feridos. Reafirmamos nossos laços uns com os outros e nosso amor de nossa comunidade e de nosso país. Naquele dia, independentemente de onde vínhamos, do Deus para o qual rezávamos ou de nossa raça ou etnia, estivemos unidos como uma família americana.

Nós também estávamos unidos na nossa determinação de proteger a nação e trazer aqueles que cometeram esse ataque brutal à justiça. Nós aprendemos rapidamente que os ataques foram realizados pela Al-Qaeda, organização liderada por Osama bin Laden, que havia declarado guerra aos EUA, e se comprometeu a matar inocentes em nosso país e ao redor do mundo. E assim fomos para a guerra contra a Al-Qaeda para proteger os nossos cidadãos, nossos amigos e nossos aliados.

Ao longo dos últimos 10 anos, graças ao trabalho incansável e heroico dos nossos militares e especialistas em contraterrorismo, temos feito grandes avanços nessa empreitada. Nós interrompemos os ataques terroristas e reforçamos a nossa defesa da pátria. No Afeganistão, derrubamos o governo talibã, que havia dado refúgio, segurança e apoio a Bin Laden e à Al-Qaeda . E, ao redor do mundo, trabalhamos com nossos amigos e aliados para capturar ou matar dezenas de terroristas da Al-Qaeda, incluindo alguns que fizeram parte de 11 de Setembro.

Mesmo assim, bin Laden conseguiu evitar a captura e escapou pela fronteira do Afeganistão para o Paquistão. Entretanto, a Al-Qaeda continua a operar a partir dessa fronteira e intervir através das suas filiais em todo o mundo. Logo após tomar posse, eu encarreguei Leon Panetta, diretor da CIA, de abater ou capturar Bin Laden como principal prioridade da guerra contra a Al-Qaeda, mesmo que mantivéssemos nossos esforços mais amplos para atrapalhar, desmantelar e derrotar sua rede.

Então, em agosto passado, fui informado sobre um possível acesso a Bin Laden. Estava longe de ser uma realidade, e foram muitos meses até levar essa discussão adiante. Eu me reuni várias vezes com minha equipe de segurança, enquanto desenvolvíamos mais informações sobre a possibilidade de termos localizado o esconderijo de Bin Laden no interior do Paquistão. E, finalmente, na semana passada, eu decidi que tínhamos conhecimento suficiente para agir e autorizei uma operação para deter Osama bin Laden e trazê-lo à Justiça.

Hoje, sob meu comando, os EUA lançaram uma operação focada contra o local em Abbottabad, no Paquistão. Uma pequena equipe de americanos executou a operação com extraordinária coragem e capacidade. Nenhum americano se feriu. Eles tiveram cuidado em evitar mortes de civis. Depois de um tiroteio, mataram Osama bin Laden e assumiram a custódia de seu corpo.

Por duas décadas, Bin Laden foi o líder e símbolo da Al Qaed e continuou a planejar ataques contra nosso país e nossos amigos e aliados. A morte de Bin Laden marca as mais significativas realizações no esforço de nosso país para derrotar a Al Qaeda até hoje.

Apesar disso, essa morte não marca o fim de nosso esforço. Nós devemos – e iremos – continuar vigilantes dentro e fora do país.

Enquanto fazemos isso, devemos também reafirmar que os EUA não estão – e nunca estarão – em guerra contra o Islã. Deixo claro, assim como o presidente Bush o fez imediatamente depois do 11 de Setembro, que nossa guerra não é contra o Islã. Bin Laden não era um líder muçulmano: era um assassino em massa de muçulmanos. De fato, a Al Qaeda assassinou inúmeros muçulmanos em muitos países, inclusive o nosso. Por isso, sua morte deve ser saudada por todos os que acreditam na paz e na dignidade humana.

Ao longo dos anos, eu repetidamente deixei claro que agiríamos dentro do Paquistão se soubéssemos onde Bin Laden estava. E foi o que fizemos. Mas é importante observar que nossa cooperação antiterrorismo com o Paquistão ajudou a nos levar a Bin Laden e ao local onde ele estava escondido. Na verdade, Bin Laden também declarou guerra contra o Paquistão e ordenou ataques contra o povo paquistanês.

Hoje (ontem) à noite, liguei para o presidente Zardari, e minha equipe também falou com os seus pares do Paquistão. Eles concordam que este é um dia histórico para ambas as nossas nações. E, daqui para a frente, é essencial que o Paquistão continue junto a nós na luta contra a Al-Qaeda e seus afiliados.

O povo americano não escolheu essa luta. Ela veio para nosso território e começou com o massacre sem sentido dos nossos cidadãos. Depois de 10 anos de serviço, esforço e sacrifício, nós sabemos bem os custos de uma guerra. Esses esforços pesam em mim todas as vezes que eu, como comandante em chefe, tenho de assinar a carta para uma família que perdeu um ente querido, ou olhar nos olhos de um membro do serviço que tenha sido gravemente ferido.

Então, os americanos entendem os custos da guerra. Como um país, nunca toleraremos que nossa segurança seja ameaçada, nem iremos permanecer imóveis enquanto nosso povo é assassinado. Nós seremos implacáveis na defesa dos nossos cidadãos e dos nossos amigos e aliados. Seremos fiéis aos valores que nos fazem quem somos. E, em noites como essa, nós podemos dizer àquelas famílias que perderam entes queridos para o terrorismo da Al Qaeda: Justiça foi feita.

Esta noite, nós agradecemos aos incontáveis profissionais de inteligência e equipes antiterrosismo que trabalharam incansavelmente para conquistar essa vitória. O povo americano não vê seu trabalho nem sabe os seus nomes. Mas esta noite, se sente satisfeito pelo seu trabalho e pelo resultado da sua busca pela Justiça.

Nós agradecemos aos homens que comandaram esta operação, pelo seu exemplo de profissionalismo, patriotismo e à incomparável coragem dos que servem ao nosso país. Eles são parte de uma geração que carregou a carga mais pesada, desde aquele dia de setembro.

Finalmente, permitam-me dizer às famílias dos que perderam seus entes queridos no 11 de Setembro que nunca esqueceremos as suas perdas, nem vacilaremos no nosso compromisso de ver que fizemos tudo o que é possível para prevenir outros ataques em nosso território.

Esta noite, vamos relembrar o senso de unidade que prevaleceu no 11 de Setembro. Eu sei que, algumas vezes, ele enfraqueceu. Mas a conquista de hoje é uma prova da grandeza do nosso país e da determinação do povo americano.

A questão da segurança em nosso país não está encerrada. Mas esta noite, nos lembramos mais uma vez que a América é capaz de fazer qualquer coisa que nossa mente decidir. Essa é a história da nossa história, seja ela a busca pela prosperidade para o nosso povo, ou o esforço por igualdade para todos os nossos cidadãos; nosso comprometimento de defender nossos valores no Exterior e nossos sacrifícios para fazer do mundo um lugar mais seguro.

Vamos lembrar que nós podemos fazer essas coisas não apenas pelo dinheiro ou poder, mas por quem somos: uma nação, com a ajuda de Deus, indivisível, com liberdade e Justiça para todos.

Obrigado. Que Deus os abençoe. E que Deus abençoe os Estados Unidos da America.
 

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