Woloszyn – Os Reflexos da Morte de Al Bagdadi para o ISIS e para e para comunidade Internacional

OS REFLEXOS DA MORTE DE AL BAGDADI PARA

O ISIS E  PARA A COMUNIDADE INTERNACIONAL

 

André Luís Woloszyn

Analista de Assuntos Estratégicos

                                                      Alwi.war@gmail.com

                 

A divulgação da morte do líder supremo do grupo terrorista, Islamic State of Iraq and Syria (ISIS), conhecido no Brasil por Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi,  o mais violento grupo da atualidade, junto com outros assessores, ex- militares da extinta Guarda Revolucionária de Saddam Hussein, foi o golpe fatal em um grupo que já se encontrava à beira do colapso e pode significar o encerramento de um ciclo virtuoso e, definitivamente, o fim das grandes operações como a que vimos no Iraque e na Síria, a quase uma década.

Nos primeiros cinco anos, após a queda do regime ditatorial no Iraque e a retirada das tropas da coalizão da zona de guerra, o ISIS reinou absoluto. Mostrou  novas táticas e estratégias nunca vistas antes, pelo profissionalismo de suas lideranças, maior abrangência em ataques, coordenação nas ações e recursos financeiros, comparado à rede Al Qaeda.

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Se caracterizou, também, por atentados praticados por autóctones em ambientes urbanos com sérios impactos, especialmente, psicológicos, tanto para governos como para as sociedades alvo, entre os anos de 2015 e 2018,  abalando a opinião pública internacional.

Sua espetacular mística, criada a partir de propagandas de guerra em zonas ocupadas mostrando vitórias e compartilhadas nas redes sociais, somada a promessa do estabelecimento de um novo Califado, o que efetivamente quase ocorreu, trouxe uma nova motivação àqueles que simpatizavam com sua  ideologia extremista, principalmente jovens, fazendo-os lutar como cavaleiros da liberdade e da moralidade pela causa na esperança de dias melhores.

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No entanto, esta expectativa não ocorreu. A contrário sensu, houve significativas perdas humanas com as operações na Síria e corte de recursos financeiros, o que o levou a beira do colapso além de grandes decepções por parte destes mesmos jovens que retornaram a seus países de origem.

Com a morte de suas principais lideranças, de vasta experiência militar e administrativa, alguns destes, formados em escolas militares norte-americanas, o ISIS  dificilmente conseguirá se recuperar.

A tendência é de enfraquecer e se fragmentar pelas disputas internas de sucessão o que não significa o fim do terrorismo internacional de cunho extremista islâmico, uma vez que diante de circunstâncias similares, é consenso entre especialistas, o surgimento de novas facções, fenômeno que ocorreu com a  rede Al Qaeda.

A boa notícia é a de que atentados de grande magnitude como os que ocorreram no passado possuem baixa probabilidade de acontecer, pelo menos por enquanto. Parte disso, pelo aperfeiçoamento dos sistemas e tecnologias de segurança, monitoramento de suspeitos e compartilhamento de dados e informações entre agências de inteligência, mas também, pelo tempo necessário para a formação de uma nova liderança com experiência suficiente para manter acessa a chama extremista na mente de seus militantes.

A má notícia é que poderemos estar entrando em uma nova era do terrorismo, não necessariamente de sucessos, mas com outras táticas ainda desconhecidas. Como previa Thomas Jefferson, o preço da liberdade é a eterna vigilância.

 

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