Operação Hashtag – Nova “célula” descartada

João Valadares

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, negou ontem que a Polícia Federal esteja investigando integrantes de uma nova “célula terrorista” suspeitos de planejar atentados durante as Olimpíadas do Brasil. Ele afirmou que existe o monitoramento de mais de uma centena de pessoas, no entanto, não significa necessariamente que elas tenham a intenção de participar de qualquer tipo de atentado.

“Não há um segundo grupo. Não há nada premente. Nós temos, na verdade, e eu já disse algumas vezes isso, mais de uma centena de pessoas que são monitoradas, mas sem nenhum indício de ato preparatório. Como assim? Alguém que entra em algum site que faz apologia ao terrorismo. Essa pessoa passa a ter uma atenção especial das forças de segurança. Não significa que esteja pensando alguma coisa. Ela pode ter tido curiosidade”, afirmou.

Ontem, após exibição de reportagem no programa Fantástico, da Rede Globo, a Polícia Federal havia confirmado que tinha tomado conhecimento de um novo grupo e que, inclusive, uma das pessoas presas na Operação Hashtag, integrava esta célula.

“Nós tínhamos dois problemas e já monitorados. Todos foram resolvidos. O primeiro com a deportação do professor franco-argelino, na sexta-feira retrasada. E o segundo com a operação daqueles que iniciavam atos de planejamento. Ontem (domingo), prendemos o 12º participante e, agora, continuaremos no monitoramento. A prevenção por parte da Polícia Federal em contato com o Gabinete de Segurança Institucional e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para que a gente possa ter tranquilidade nas Olimpíadas”, declarou o ministro.

Prisão – Leonid El Kadre, 32 anos, o último suspeito de planejar atentado terrorista durante as Olimpíadas, acabou sendo preso na cidade de Comodoro (MT), a 656km de Cuiabá. Os 11 presos anteriormente estão isolados no presídio federal de segurança máxima de Campo Grande, para onde Leonid foi encaminhado após ter sido ouvido.

Advogados dos presos reclamaram de que foram impedidos de entrar no presídio e de que não tiveram acesso aos clientes. Ontem, o ministro afirmou que ocorreu um erro de interpretação de uma portaria do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) dirigida apenas aos detentos que já estão presos há muito tempo.

“Assim que soube que houve problemas de acesso dos advogados, determinei à diretora interina do Depen que permitisse o acesso imediato dos advogados. Trata-se de uma garantia constitucional. Houve por parte do Depen uma interpretação errônea de uma portaria que regulamenta visitas e acessos daqueles que já estão presos há muito tempo e não de quem chegou na penitenciária”, disse.

O ministro afirmou que não existe sensação de insegurança do povo brasileiro em relação aos Jogos Olímpicos e comentou que qualquer episódio pode ser ligado de forma equivocada ao evento internacional. “O que ocorre é que, agora, cada vez mais, qualquer movimentação, é checada. Esqueceram uma bolsa. Então, isso acaba tendo uma repercussão que, se fosse há três meses, não teria”, avisou.

Ele comentou a prisão de um homem que carregava “balas” de gengibre na Bahia. “Foi algo sem relação com as Olimpíadas, sem relação com nada. A pessoa, por não passar no exame da OAB, quis assustar outros. Estava com balas de gengibre. São pessoas que não têm nenhuma relação. Estamos absolutamente tranquilos com o trabalho que vem sendo realizado, um trabalho de forma competente, integrado e feito com o que há de mais moderno”, salientou.

Memória – Explosão no Recife – Há 50 anos, em 25 de julho de 1966, a explosão de uma bomba no Recife provocou a morte de duas pessoas e deixou 14 feridas. O episódio segue sem elucidação, com autores não identificados. Era uma manhã de uma segunda-feira e muitas pessoas aguardavam o marechal Artur Costa e Silva, então candidato à Presidência, no saguão do Aeroporto dos Guararapes.

O presidenciável, porém, mudou de trajeto — seguiria direto, de carro, ao prédio da Sudene, onde participaria de campanha, vindo de João Pessoa. Com o anúncio, começou a dispersão das pessoas, até que uma mala foi percebida abandonada no saguão. Enquanto um guarda-civil seguia para entregá-la no balcão do Departamento de Aviação Civil (DAC), dentro dela, uma bomba explodiu. Um jornalista e um vice-almirante perderam a vida.

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