Reino Unido começa a bombardear “Estado Islâmico” na Síria

A Força Aérea britânica começou na madrugada desta quinta-feira (03/12) a bombardear posições do "Estado Islâmico" na Síria, apenas horas depois de o Parlamento em Londres ter aprovado o início da controversa campanha militar.

Segundo o Ministério da Defesa, quatro caças Tornado decolaram de uma base britânica no Chipre e realizaram ataques contra o campo de petróleo de Omar, perto da cidade de Deir ez-Zor, no leste da Síria. Ainda não há detalhes sobre o resultado da operação.

A aprovação dos ataques na Síria – o Reino Unido já vinha bombardeando o "Estado Islâmico" no Iraque – ocorreu após mais de dez horas de tenso debate, em que os parlamentares votaram a favor da operação por 397 a 223.

O tema dividiu os britânicos. Muitos estão receosos de serem arrastados para uma nova guerra no Oriente Médio – e veem a intervenção ocidental no Iraque e na Líbia como uma falha que semeou o caos e tornou a região terreno fértil para o terrorismo.

Mas os atentados de 13 de Novembro em Paris, que mataram 130 pessoas, endureceram a determinação de alguns parlamentares e dividiram o opositor Partido Trabalhista, que convenceu o primeiro-ministro David Cameron de que ele poderia obter apoio legislativo para levar os bombardeios além do Iraque.

"O Reino Unido é hoje mais seguro por causa da decisão tomada pela Câmara", disse o ministro do Exterior britânico, Philip Hammond, após a votação.

Obama comemora apoio

O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, contrário aos ataques, concedeu liberdade de voto a seus parlamentares diante da divisão interna em sua legenda e da possibilidade que alguns integrantes de sua equipe renunciassem, caso fossem obrigados a apoiar a linha estabelecida pela direção do partido.

Foi a segunda vez que Cameron pediu permissão ao Parlamento para realizar ataques na Síria. Em agosto de 2013, a rebelião de 30 deputados conservadores o impedira de levar adiante um plano para intervir contra o regime de Bashar al-Assad.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, comemorou a decisão do Parlamento britânico: "Dou as boas-vindas à votação do Reino Unido para se unir aos parceiros da coalizão e bombardear alvos do EI na Síria. A relação especial entre EUA e Reino Unido se baseia em nossos valores compartilhados e o compromisso mútuo com a paz, a prosperidade e a segurança."

O Reino Unido realiza bombardeios desde setembro de 2014 contra alvos do "Estado Islâmico" no Iraque, mas vinha se limitando até agora a colaborar com operações de inteligência e logística na Síria.

Parlamento britânico aprova bombardeios na Síria

Depois de mais de 10 horas de debate, o Parlamento do Reino Unido aprovou nesta quarta-feira (02/12), com 397 votos a favor e 223 contra, a participação do país nos ataques aéreos na Síria a alvos do grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI).

Os britânicos já participam dos bombardeios aos jihadistas no Iraque há mais de um ano. Após os ataques do dia 13 de novembro em Paris, o primeiro-ministro David Cameron voltou a defender que os ataque deveriam ser expandidos para a Síria.

Mas o líder trabalhista Jeremy Corbyn, um conhecido ativista contra a guerra, acusava o premiê de "correr para a guerra" e pediu aos parlamentares trabalhistas pró-bombardeios na Síria que repensem suas posições.

Na véspera da votação, o debate entre os dois lados voltou a se acirrar, com Cameron chamando os trabalhistas de simpatizantes do terrorismo.

A decisão foi aprovada mesmo com protesto da população. Na noite desta terça, véspera do debate, milhares de pessoas se reuniram no centro de Londres para protestar contra os planos do governo. Os manifestantes exibiam cartazes e faixas com a expressão Don't bomb Syria (Não bombardeiem a Síria).

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