11 de Setembro: o que mudou em 12 anos

André Luís Woloszyn
Analista  de Assuntos Estratégicos


As vésperas do 12º aniversário do maior atentado terrorista da história  perpetuado pela rede Al Qaeda nos EUA, ainda restam muitos fatos a serem esclarecidos à opinião pública que passaram a condição de teorias da conspiração e que, acredito, nunca chegarão a ser totalmente esclarecidos. Mas é inegável o significado de vulnerabilidade e insegurança que trouxe durante a década passada para a comunidade internacional o que acarretou em uma mudança significativa na forma como as pessoas passaram a encarar a ameaça do terrorismo internacional.

Os atentados, inauguraram o que pode ser classificado como a década da violência ou do terror, como definem alguns, um dos períodos mais sangrentos do século XXI,  ressalvadas as guerras regulares. Ocorreram dezenas de outras ações em países como a Indonésia (2002), Espanha (2004), Inglaterra (2005), India e Paquistão (2007 e 2008), Rússia (2010) que vitimaram milhares de pessoas inocentes além de ações fracassadas e tentativas que foram plotadas pelos órgãos de segurança.

Por conta dele, tivemos ainda, a invasão do Iraque por uma força de coalizão liderada pelos EUA em 2003 e a intensificação das operações militares e de inteligência no Afeganistão enquanto ocorria, paralelamente, a caçada a Osama Bin Laden que duraria uma década. Esta, empreendida também contra outras  lideranças da Al Qaeda  com o apoio de diversos países, somada a vigilância sobre suas movimentações financeiras e o incremento nos mecanismos de segurança, resultaram na desarticulação da rede, o fim de seu poder logístico e imensas dificuldades para a prática de grandes atentados como os que vimos anteriormente.  
    
Mas o terrorismo não se calou. Ao contrário, respondeu com o surgimento de novos atores, células menores e os chamados lobos solitários, pessoas que não estão ligadas a nenhum grupo conhecido, mas passaram a praticar atentados de forma isolada e em alvos pontuais, com a utilização de meios caseiros, fatores que somados, dificultam sua detecção e neutralização a tempo de minimizar danos.

E o fator mais significativo, após tantos esforços, é o de que a ideologia extremista está tão viva como na fase anterior ao 11 de setembro e aguarda, pacientemente, novas oportunidades para demonstrar ao ocidente que ainda é capaz de ações cinematográficas.
   
De outra forma, para combatê-los, multiplicaram-se as agências de inteligência, especializadas em inteligência artificial de imagens e sinais, novos programas e tecnologias online que culminaram com um amplo sistema de vigilância e monitoramento global  liderados pela Agência de Segurança Nacional (NSA), casos que só agora começaram a ser  revelados, primeiramente por Bradley Manning e mais  recentemente, por Edward Snowden.
    
Neste contexto, a pergunta natural de muitas pessoas é o que mudou nestes 12 anos? A resposta, no momento, é nada. Continuamos com o sentimento de vulnerabilidade e o terrorismo permanece como uma ameaça permanente, com tendências a se fortalecer, especialmente em sua nova base  na  região do Norte da África. Em relação aos cidadãos comuns, vivenciamos a redução de direitos e garantias individuais como a livre circulação e a privacidade, tudo em nome de uma  pseudo  segurança  global.
    
Isto, sugere que vivemos há tempos um choque entre civilizações, como afirmava Samuel Huntington em sua clássica obra. Não conseguimos compreender a lógica do extremismo islâmico, se há que existe alguma. Não conseguimos compreender a luta entre palestinos e israelenses, tampouco o genocídio na Síria, a não por meio de intervenções militares, o que só contribui para alimentar a escalada do terrorismo, como, aliás, a história nos vem demonstrando.

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