Boston- Terrorismo retorna à agenda internacional

 

Andre Luís Woloszyn
Analista de Assuntos Estratégicos, especialista
em terrorismo e conflitos de baixa e média intensidade.

 

Após o impactante atentado terrorista ocorrido na cidade de Boston, nos EUA, o tema  retorna a agenda internacional  após um período em que se imaginava, estivesse o assunto sob controle das autoridades. E não estava, talvez nunca esteja  pois as características da natureza indiscriminada  e  imprevisibilidade  das ações terroristas são, ainda, instrumentos valiosos que permitem levá-lo a qualquer parte do mundo, independentemente do nível de segurança apresentado. 
          
E, independente  de quem o praticou, seja internacional ou doméstico, de cunho político, ideológico ou religioso, e do rumo tomado pelas investigações, situações desta natureza funcionam como um alerta para a comunidade internacional na máxima de que não existem lugares inexpugnáveis e de que medidas preventivas são  essenciais  não  para impedir um atentado, mas para minimizar seus danos e feitos colaterais.
         
No Brasil, o grupo especial criado para tratar do tema na esfera federal  parece que se dissolveu e o assunto não tem sido debatido, pelo menos, até onde sabemos. A hipótese de uma ação contra brasileiros ou mesmo contra a infraestrutura nacional em eventos internacionais como a que ocorreu na maratona de Boston, é bastante remota, porém, ações em território nacional contra alvos  estrangeiros  não  podem ser descartadas, pois são encaradas pelos terroristas como uma mera oportunidade. A grande questão do momento é se estaremos preparados para esta infeliz eventualidade, caso venha a ocorrer em nosso país? 
       
Se a dissolução do grupo é apenas um passo de um planejamento estratégico e de inteligência mais elaborado e de caráter sigiloso, ótimo, estamos no caminho certo. Mas se for, simplesmente, um ato político, estaremos cometendo um terrível equívoco em subestimar estas ameaças, apostando no escuro, o que poderá se transformar em uma tragédia institucional em todos os sentidos com dimensões internacionais. Os exemplos, embora mais esporádicos do que na década passada, vem mostrar o quanto ainda estamos vulneráveis, embora os  bilhões de dólares gastos em investimentos e modernização do aparato de segurança e de inteligência nos EUA pós 11-S e em outros países. 

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