Por Defesanet — Fonte: imagens comerciais de satélite e comunicados oficiais ucranianos
A Ucrânia executou, na madrugada de terça-feira, uma ofensiva de grande alcance contra a fábrica da Beriev, em Taganrog, atingindo diretamente o coração de alguns dos mais sensíveis programas aeronáuticos da Rússia.
As imagens de satélite divulgadas posteriormente confirmaram a destruição de dois protótipos raríssimos: o Beriev A-60 — plataforma de testes de armas laser — e o A-100LL, aeronave laboratorial essencial para o desenvolvimento do futuro sistema de alerta aéreo antecipado (AEW) A-100 “Premier”.
Ambos os aparelhos, derivados do cargueiro Il-76, ocupavam posição central no esforço russo para modernizar suas capacidades de detecção aérea e avançar em tecnologias de energia dirigida.
A eliminação simultânea dos dois protótipos representa um revés severo para Moscou, especialmente em um momento no qual sua frota operacional de AEW já se encontra pressionada por perdas sucessivas.
Golpe duplo: Laser e AEW em ruínas
O A-60, desenvolvido desde a era soviética, era o único vetor disponível para testes em voo do sistema de laser de alta energia planejado para funções antimíssil e antissatélite. Apesar do caráter experimental, o programa representava uma tentativa russa de preservar relevância em um campo onde os EUA e a China avançam rapidamente.
Já o A-100LL cumpria papel fundamental no programa A-100 “Premier”, substituto destinado à envelhecida frota A-50 “Mainstay”. O A-100 já acumulava anos de atraso; agora, a perda da plataforma de ensaios em voo deve agravar ainda mais o cronograma.


A frota A-50: envelhecida, reduzida e vulnerável
A Rússia iniciou a guerra com uma frota limitada de aeronaves AEW A-50, críticas para o controle do espaço aéreo, direcionamento de caças e coordenação de ataques de mísseis. Desde 2022, porém, ao menos três unidades foram neutralizadas:
- um A-50 danificado por ataque de drones na Bielorrússia;
- um exemplar abatido por míssil ar-ar ucraniano sobre a região de Azov;
- incidentes envolvendo drones FPV em bases aéreas russas.
A destruição das plataformas de desenvolvimento associadas à família A-50 aprofunda essa vulnerabilidade estratégica. Sem capacidade adequada de AEW, a Rússia opera com menor consciência situacional nas frentes sul e leste, reduzindo sua eficiência em operações aéreas e defesa antiaérea integrada.
Impacto na Beriev e na capacidade industrial Russa
O ataque, segundo Kiev, utilizou uma combinação de mísseis de cruzeiro e drones de ataque unidirecionais, penetrando as defesas locais e atingindo setores sensíveis da fábrica da Beriev.
A instalação em Taganrog é responsável não apenas pelos protótipos, mas também pela manutenção e modernização da frota A-50 existente.
Os danos estruturais observados nos hangares e áreas técnicas sugerem interrupção significativa no ciclo de suporte logístico e industrial dessas aeronaves — um gargalo crítico em plena guerra de alta intensidade.


Outros alvos: indústria de drones e infraestrutura energética
A ofensiva ucraniana não se limitou a Taganrog. Durante a mesma janela de ataques, foram registrados impactos em:
- fábrica da Atlant Aero, produtora do drone Molniya — empregado em enxames aéreos pelo Exército russo;
- instalações petrolíferas em Novorossiysk e Tuapse, regiões-chave para logística de combustível e operações navais no Mar Negro;
- um sistema S-400, indicando que as defesas aéreas de longo alcance continuam sendo alvo prioritário da campanha ucraniana.
Cada um desses pontos integra a infraestrutura que sustenta ataques de mísseis russos e a vigilância aérea estratégica.
Pressão estrutural sobre Moscou
Os ataques reiteram a estratégia ucraniana de levar a guerra ao território russo, degradando ativos críticos em profundidade — uma abordagem que, além de impacto material, força Moscou a redistribuir sistemas defensivos e a proteger instalações industriais antes consideradas seguras.
A destruição dos A-60 e A-100LL, somada à crescente erosão da capacidade AEW e aos danos à indústria de drones, representa um obstáculo relevante para os planos russos de expansão tecnológica e modernização em meio a um conflito prolongado.
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